terça-feira, 30 de outubro de 2007

COMUNHÃO DELICIOSA


“Disse-lhes Jesus: Vinde, comei. Nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe: Quem és tu? Porque sabiam que era o Senhor.” (João 21:12 RA)
Certa vez eu estava conversando com dois homens que, na Igreja que freqüentam, são líderes. Ambos compartilhavam a dificuldade que tinham de ter um encontro diário com Deus.
Conheço esses homens. Até onde eu sei, não há nada de errado com eles.
Cansaço, falta de tempo, preguiça e alegação de serem muito chatos tais tempos a sós com o Senhor, esses foram os motivos levantados.
Ou há alguma coisa errada com Deus, o que eu não acredito de forma alguma, ou errado com a maneira de eles fazerem sua Hora Silenciosa.
Depois de conversarmos um pouco vimos que o que eles faziam não era mais do que um estudo bíblico. Um encontro diário com Deus é comunhão. Como nosso Deus é maravilhoso, as emoções que sentimos ao nos colocarmos diante Dele podem ser muitas e variadas, menos difíceis e tediosas.
Foi o deão acadêmico do seminário que fiz que me alertou para a necessidade de fazermos uma clara distinção entre nossos encontros pessoais com Deus e os estudos bíblicos. Nem todas as pessoas gostam de estudar, embora reconheçemos que isso é fundamental mas todos os cristãos devem amar a Deus e ter prazer ao estar em Sua presença.
Quão preciosas são as horas,
Na presença de Jesus,
Comunhão deliciosa,
De minha alma com a luz!

sábado, 27 de outubro de 2007

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

HONRA & GRAÇA


A Cíntia, minha filha, devia ter na época, uns 10 anos. Ela estava brincando com umas amiguinhas no quintal de casa. A mãe dessas meninas foi quem as trouxe e, antes de ir embora me perguntou porque eu deixava a Cíntia usar shorts.
Pensei que poderia estar indecente a roupa que ela estava usando. Verifiquei e vi que não estava. Então perguntei àquela senhora a razão da sua pergunta. Fiquei admirado com o que ela respondeu: "Por vocês serem crentes pensei que não fosse permitido".
Além da roupa. o evangélico tem que "vestir" o estereótipo que lhe é imposto, de ser sempre alegre e que nunca peca. O pior é que vestimos essa máscara!
Nos ensinam que a mensagem tem que ser coerente com a vida, e isso é uma verdade, só que pregamos que somos sempre alegres e que não pecamos. Mas temos nossas inconstantes e muitas vezes acentuadas variações de humor e, por sermos humanos, erramos o alvo muitas vezes.
Somos humanos e perdoados. Essa é a verdadeira mensagem.
Querendo fazer a mensagem ser coerente com a vida que vivemos, somos hipocritamente incoerentes.
Já se sentiu assim?
No sistema cujo valor máximo é a honra, não se admitem falhas. Uma falha e perde-se definitivamente a honra. Onde impera a exaltação da honra, não existe perdão nem tolerância. O peso disso pode ser intolerável, não poucas vezes levando o indivíduo que falhou ao suicídio. O regime monárquico é assim, por isso não fuciona.
O que rege o cristianismo é a graça. Graça é aceitar a pessoa com suas falhas. As falhas não são aceitas, são perdoadas. Isso é possível graças ao fato de Jesus ter morrido naquela cruz para assumir como dele o ônus do nosso pecado.
Só que muitas vezes o cristão vive na "honra" e não na GRAÇA.
A honra torna as pessoas legalistas (não pode fazer isso nem aquilo, não pode se vestir de tal forma, etc ...); a graça faz com que elas sejam amorosas.
O que realmente importa é sermos honrados por Deus, e isso nada mais é do que a GRAÇA.

sábado, 20 de outubro de 2007

ÚLTIMA CHANCE

A primeira vez que eu a vi foi numa quarta-feira. Eu procurava por uma outra paciente, e ao olhar para dentro de um quarto vi a Renata chorando. Uma jovem senhora com pouco mais de 30 anos, que não era quem eu buscava, chorando! Quem me conhece sabe que se há uma coisa que me deixa sem saber o que fazer é ver uma mulher chorar. Timidamente falei "Não sei se cheguei em boa ou má hora". Ela, enquanto se recompunha, pediu que eu entrasse. Conversamos mais ou menos por meia hora.
Chorava de saudade dos pais e do irmão. Estava internada há 8 dias. Nunca havia ficado doente. Dois meses antes começou a sentir uma dor de cabeça terrível, fez os exames e foi constatado um tumor no cérebro.
Ela se abriu bastante comigo. Contou, por exemplo, que há 3 anos o marido a traiu, e isso fez com que ela voltasse a morar com a família, aos quais se apegou muito.
Disse-me que fez de tudo para segurar o marido. Quando ela falou isso, eu lhe disse que não é tudo que devemos fazer para segurar alguém (marido, filho, amigo ...) ao nosso lado. Amor demais ou de menos é egoísmo.
Lhe declarei que Deus nos ama na medida certa. Mesmo sabendo que corre o risco de sofrer. Assim é o verdadeiro amor.
Esse conceito a fez afirmar, maravilhada, que antes não via mais possibilidade de pensar em um outro amor que não fosse para o pai, mãe e irmão, mas agora seu horizonte se expandia. Até mesmo para com Deus!
Com a nossa conversa ela acalmou e disse que gostou bastante do papo.
Quinta-feira. A vi rapidamente, pois ela ia conversar com a mãe sobre a cirurgia que faria no dia seguinte. Deixei um folheto evangelístico. Ela se mostrou extremamente receptiva, e prometeu que o leria à noite.
Sexta-feira. A Renata amanheceu com uma cefaléia fortíssima. Com isso, a cirurgia teve que ser adiada. Estava tomando morfina. Só lhe falei que ia orar por ela.
Sábado. Ela passou por uma cirurgia.
Domingo. Me informaram que seu estado era crítico.
Segunda-feira. Com pesar, a enfermeira me informou que tinha sido “Aberto Protocolo". Como eu não soubesse o que era isso, perguntei, e ela me ensinou que havia suspeita de morte encefálica, e que seriam feitas as investigações necessárias.
Será que a Renata leu o folheto? Foi sua última chance.
Terça-feira. Quadro clínico inalterado. Estavam dando banho nela. Me passou pela cabeça questionar a razão de se dar banho nela. Isso demonstra o cuidado e o respeito da equipe de enfermagem pela paciente.
Quarta-feira. Uma semana depois de eu a ter conhecido, ela morreu.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

VASSOURA NO MEIO DO CAMINHO

Li, se não me engano numa Seleções, a história de uma mulher que precisava contratar uma pessoa para os serviços domésticos. Depois de colocar um anúncio em um jornal, ela pôs uma vassoura atravessada no caminho pelo qual as prováveis candidatas teriam que passar. Aquelas que pulavam a vassoura caída no chão ela já dispensava, e aquela que pegou a tal da vassoura e a colocou em um canto, apoiada no batente da porta, essa foi contratada.
Você tiraria a vassoura do caminho?
Devo a Leonardo Boff o ter atentado para o fato de que o “tamagoshi”, aquele bichinho virtual, é um símbolo de uma geração que se diverte cuidando de um ser que não existe, mas que nasce, cresce, se alimenta, faz suas necessidades, chora, ri, fica doente, sara e até morre. Só que pode ressuscitar no momento que se quiser. Essa mesma geração não se diverte cuidando do próximo, seja uma criança, um avô ou avó, um pobre ou rico que precise de atenção. E olhe que essa criança, avô, avó, pobre ou rico morrem de verdade!
Cuidar é servir. Se no nosso caminho tiver alguma coisa fora do lugar, devemos nos abaixar e dar um jeito para arrumar da melhor forma possível. Não podemos passar por cima como se não tivéssemos nada com isso, ou esperar sermos pagos para fazê-lo.
Alguém (foi o Carlito Maia?) já disse com razão que “Nessa vida, uns vieram a passeio, outros para servir”.
“( ... ) o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”. (Marcos 10:45 RA)
Estamos aqui para servir.
Serviço não falta: idosos, doentes, meninos de rua, orfanatos, presídios. analfabetos, deficientes, parentes (é isso aí, cunhado também!), vizinhos, é só olhar à sua volta.
Agora deixe-me fazer uma observação: no nosso trabalho de visitação lá no Hospital das Clínicas da UNICAMP, você pode não acreditar, mas quem visita ganha mais do que quem é visitado!
Quem serve é superior a quem é servido.
Concorda?

sábado, 13 de outubro de 2007

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

terça-feira, 9 de outubro de 2007

O QUE APRENDI COM O XADREZ


Recentemente, em uma festa de aniversário uma determinada pessoa, citando um humorista famoso, me disse que o xadrez é excelente para desenvolver a capacidade de … jogar xadrez.

Não concordo. Estou mais afinado com o pensamento de Garry Kasparov: "O xadrez é uma imagem adeqüada p/ as lutas da vida!".

Obviamente eu não perdi de vista que a vida não é só "preto no branco". Existem as áreas "cinzas", que são, por exemplo, os valores éticos não absolutos, gostos diferentes, etc., mas o xadrez, como toda prática desportiva, nos ensina lições profundas e valiosas para a vida. Quem pratica sabe.

Para começar, uma das maiores lições dessa modalidade é treinar a concentração. Prestar atenção no que se está fazendo aumenta a qualidade da realização e diminui o risco de erros.

A concentração aliada ao treino nos permite realizar coisas fantásticas. Veja, por exemplo, as performances dos artistas do Cirque du Soleil.

Podemos aprender ainda a saber perder, a ter paciência, a vislumbrar e analisar cada possibilidade de uma determinada situação.

Uma outra lição extremamente valiosa que absorvi de um enxadrista chamado Tartakower é nunca desistir, ter perseverança. Veja o que ele disse: "Ninguém jamais ganhou uma partida abandonando-a".

Mas a maior de todas a lições que aprendi com o xadrez foi a que está brilhantemente dita nessa frase de Vassily Smyslov: "No xadrez, como na vida, seu adversário mais perigoso é você mesmo".

Note o seguinte: eu posso ganhar uma partida sem ter sido melhor do que o meu adversário, e posso perdê-la sem ter sido o pior! Tudo vai depender se eu dei, ou não, o melhor de mim. O problema é eu achar, baseado nos resultados que podem não serem a expressão exata da realidade, que eu sou um sucesso, ou não.

Podemos até enganarmos a nós mesmos.

Mas Deus não se engana nunca.