quinta-feira, 31 de julho de 2008

MASSAGEANDO O CORAÇÃO COM AS MÃOS

Foi numa sexta-feira, à tarde. Cheguei ao escritório da Capelania do HC e já fui chamado para ir até a UTI.
Me adiantaram que era a Roseli, uma garota com mais ou menos 18 anos e com um sorriso extremamente cativante. Ela estava em estado crítico e a mãe dela me esperava lá.
No caminho, por aqueles corredores frios, eu ia pensando em como a internação ressalta as características dos pacientes. Se o doente é uma pessoa amargurada, no hospital parece que se põe uma lente de aumento na amargura dele. O mesmo acontece se o paciente for doce: sua doçura parece ampliada.
A Roseli foi uma das pacientes mais doces que conheci.
Ela não era convertida (a mãe sim), veio de Belém do Pará para se submeter a um transplante de rim. Ficou se tratando, fazendo exames e testes por mais ou menos um ano aqui em Campinas; foi o tempo que durou nossa amizade. A família alugou uma casa perto do hospital.
Quando cheguei na UTI a equipe de enfermagem havia reservado uma sala, onde a mãe da Roseli me esperava. Assim que entrei ela segurou a minha mão e choramos juntos por um bom tempo.
Depois começamos a conversar. Foi ela quem falou primeiro: “Pastor, o senhor falou com a Roseli na terça-feira à tarde, ela já estava internada e sendo preparada para, finalmente, fazer o transplante. Naquela noite, após o jantar, ela me falou que não queria ver TV para pensar mais seriamente no que o senhor lhe havia falado a respeito de Jesus. Enquanto eu fui ver televisão ela ficou no quarto, lendo a Bíblia, relendo alguns folhetos que o senhor lhe deu, e conferindo algumas anotações feitas por ela. Eu voltei para o quarto para dormir e ela continuou lá. Bem mais tarde, já de madrugada, ela me acordou e contou que tinha decidido aceitar a Jesus como seu Senhor e Salvador!”. Depois de ela me contar isso, choramos um pouco e oramos agradecidos.
As coisas aconteceram assim: na terça, ela se converteu. Na quarta fez o transplante, na quinta seu estado piorou e na sexta-feira à tarde eu e a mãe dela conversávamos enquanto a Roseli estava no Centro Cirúrgico sendo atendida por uma equipe de médicos.
Embora aqueles momentos vividos naquela sala da UTI estivessem sendo um dos mais tristes da minha vida, também estavam sendo um dos mais felizes, pois tinha recebido a maravilhosa notícia da conversão da doce Roseli.
No momento em que víamos algumas fotos da Ro, o médico entrou para conversar.
- A Roseli está viva, mas muito mal mesmo! Ela teve uma parada cardíaca e eu tive que abrir o tórax dela, talvez quebrando 1 ou 2 costelas, e massageei o coração dela com a minha mão. Ela voltou, mas não dá para termos esperanças.
Pedro, o corajoso discípulo de Jesus, certa vez, quis andar sobre as águas como o seu mestre estava fazendo. Enquanto ele fixou o seu olhar e sua atenção em Jesus, Pedro realmente andou acima do mar, mas quando olhou para o vento e para as ondas, ou seja, para as circunstâncias adversas, começou a afundar e o Senhor teve que lhe estender a mão.
O médico afirmou que as circunstâncias da vida da Roseli eram críticas. Ele falou isso com um pesar imenso no coração, pois ele também gostava demais daquela garota.
Depois que o doutor saiu, a mãe dela e eu voltamos a olhar as fotos. Fizemos isso até receber a notícia da morte da doce Roseli.
No hospital, todo mundo que a conhecia ficou triste. Surpreendentemente, a mãe dela e eu não conseguíamos sentir tristeza.
Acho que Deus massageou os nossos corações nos dando uma viva esperança de rever a Roseli na Eternidade!

quarta-feira, 30 de julho de 2008

OS MÉDICOS

Do posto de enfermagem onde estava trabalhando, eu podia ver a grande movimentação dos médicos, enfermeiras e técnicos no quarto onde estava havendo uma intercorrência com uma paciente. De repente sai de lá um médico que, jogando com raiva as luvas no lixo, resmunga para mim que é nessas horas que qüestiona se escolheu a profissão certa; ele havia acabado de perder aquela paciente para a morte.
A medicina não é uma ciência exata, é empírica; para ser mais correto, não é uma ciência, é uma arte, pois lança mão de várias ciências.
Ontem, na frente do hospital, ouvi dois senhores conversando, acho que são parentes de alguém que está internado. Um falava para o outro que não tinha gostado do médico porque o mesmo disse que não podia prever se o paciente ia melhorar ou piorar. Eu penso que é exigir demais desses que se esforçam para nos devolver a saúde.
Claro que existem profissionais ruins na medicina, como há em todas as profissões. Mas são exceções. Admiro os médicos por todo o conhecimento que possuem, por sua enorme responsabilidade e suas fantásticas habilidades.
Gosto de trabalhar ao lado deles. Qual é o nosso trabalho? “Palavras agradáveis são como favo de mel: doces para a alma e medicina para o corpo.” (Provérbios 16:24)
Muitos profissionais da área de saúde já acreditam nisso.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

REFÉM DO AMOR

Já ouvi diversos casais de namorados, noivos e até casados, afirmarem que não podem viver um sem o outro. Esse é um ponto perigoso no relacionamento. Se alguém não pode viver sem uma outra pessoa, corre um grande risco de se tornar refém do companheiro ou companheira. A pessoa que ficou como refém acaba fazendo tudo para não perder o outro, que por sua vez pode (e provavelmente vai) se aproveitar da situação. Todo refém é prisioneiro.
Para amarmos verdadeiramente devemos estar livres de tudo e de todos.
Para viver com alguém é preciso saber viver só.
E tudo que se faz por amor tem que ser feito sem medo, para o outro, não para nós mesmos. Satisfazer as necessidades legítimas do objeto do amor. Livremente.
Isso não é válido somente para casais, serve para todo tipo de relacionamento, como entre pais e filhos, irmãos, parentes, vizinhos e por aí vai.
Por isso é que eu acredito que não se ama nem demais nem de menos. Demais é possessão, de menos é indiferença. O amor é, sempre, na medida certa.
Qual é essa medida?
Como Jesus Cristo nos amou e deu Sua vida por nós, livremente (Ele não foi um mártir, Ele se deu!), assim devemos amar os outros.
É isso mesmo, tem que amar inclusive essa pessoa que você pensou, achando que é impossível! Eu também pensei assim e vi que não tem escapatória.

PENSE NISSO 38


O que é mais importante: o começo da nossa vida, como vivemos a nossa vida ou como a terminamos? “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé.” (2 Timóteo 4:7)

sábado, 26 de julho de 2008

DE MÃOS DADAS

Já tinha passado mais de uma hora. Tudo o que eu planejara fazer naquela tarde teria que ficar para o dia seguinte. Mas aquilo era mais importante. O paciente tinha acabado de chegar do centro cirúrgico e sofria de dores terríveis.
Era um rapaz forte, evangélico e havia levado um tiro. Quando saia da Igreja, não percebeu que de um lado estava a polícia e do outro alguns bandidos, em pleno tiroteio. Quando percebeu e saiu correndo, só viu a camisa estufando no peito (era uma bala que entrou pelas costas e saiu pela frente) e tudo ficou escuro.
Acordou no quarto, comigo ao seu lado. Ele transpirava muito, devido às dores. Logicamente ele não conseguia falar nada. Uma enfermeira aplicou um analgésico e eu segurei a sua mão. Com o tempo ele dormiu. Tentei tirar a mão mas, ele me segurou e não me soltou. Fiquei assim mais de uma hora, até que, bem de mansinho consegui me desvencilhar.
Dois dias depois teve alta e antes de ir embora mandou me chamar para agradecer o que fiz.
- Mas eu não fiz nada! - retruquei.
- Só de ficar de mãos dadas comigo você me fez sentir bem melhor!! Senti que Deus não tinha me abandonado enviando o Senhor para ficar comigo.
Às vezes eu tenho problema de consciência pensando que não trabalhei. De vez em quando eu passo quase que uma tarde inteira brincando com uma criança, outras eu levo horas conversando, ou melhor, "jogando conversa fora" com uma velhinha, ou então ouvindo um homem que não tem ninguém para visitá-lo.
A nossa sociedade avalia o valor de uma pessoa não pelo que ela é, mas pelo que ela produz, pelo tanto de atividades que ela faz. E cá entre nós, ficar brincando e conversando ... onde já se viu?
Mas eu estou lá para isso mesmo! É lógico que também evangelizo, dou aconselhamento, consolo, enfim, "trabalho", mas o principal é VIVER aquele momento com as pessoas. Se for preciso, de mãos dadas.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

CULTO DOMÉSTICO, VOCÊS FAZEM?

Sei de famílias que se reúnem, ou pelo menos se reuniam, todo dia (isso mesmo, todo dia) para participarem de um culto domiciliar! Com leitura da Bíblia, comentários do que foi lido, oração e em alguns lares até com o cantar alguns hinos!
Como o cabeça espiritual do meu lar, sempre tive dificuldades de promover isso. Por exemplo, achar um horário que permitisse estarmos todos juntos e sem estarmos cansados, ou ainda achar uma forma de fazer essa atividade ser prazerosa e proveitosa. Sem contar com a exigência de sermos disciplinados e persistentes.
Graças a Deus há mais de um ano estamos fazendo isso. Hoje lemos o seguinte versículo:
“Então, ela o pegou pelas vestes e lhe disse: Deita-te comigo; ele, porém, deixando as vestes nas mãos dela, saiu, fugindo para fora.” (Gênesis 39:12)
Depois lemos algumas observações que Spurgeon escreveu sobre esse versículo, onde ele foca na necessidade de fugirmos do pecado como José fugiu da mulher de Potifar.
Isso me fez lembrar da ilustração que conta o estória do homem que precisava contratar um motorista e perguntou aos candidatos como eles faziam a curva que tinha um precipício à direita. O primeiro respondeu que passava a 20 centímetros da ribanceira, o segundo a 5 cm., o terceiro com a metade da roda para fora da estrada, mas ele contratou o quarto que garantiu que passaria a 2 metros longe do perigo. Assim devemos fazer das circunstâncias que nos levam a pecar. Ficar o mais distante possível.
Não fazermos um devocional em família não é pecado, mas o fazê-lo nos ajuda a ficar mais longe do pecar.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

O QUE APRENDI COM O FUTEBOL

Ontem à noite a Denise e eu fomos ao estádio ver o Guarani jogar. Ganhou por 1 a 0.
Pude experimentar aquele sentimento muito fugaz, volátil, de fazer parte de uma parcela da sociedade que tem um objetivo comum. No caso, a vitória do nosso Bugre. Esse sentimento continua em nós, mesmo que o time perca (“Na vitória ou na derrota, hoje e sempre Guarani” - trecho do nosso hino).
O importante é fazer parte.
Enquanto o jogo de xadrez, do qual sou praticante, é racional e previsível, o futebol, do qual sou torcedor, é raça, disposição, improviso e surpresa.
Um é o contraste do outro. E ambos juntos retratam a vida. É verdade! Pois o nosso viver não é tudo preto no branco, não é só o resultado de uma performance individual; tem os momentos de jogarmos para o grupo, para a coletividade.
É muito gostosa, demais até, a emoção quando juntos no estádio comemoramos um gol do Guarani. Só é comparável ao que sinto quando, com 3 jogadas de antecedência, tenho a certeza de que vou dar um xeque-mate no xadrez.
Essa sociabilidade, esse envolvimento e fazer parte com algo fora da Igreja, e esses momentos de vitória e derrota individual, a sós, fazem muita falta aos cristãos. Vivemos enfurnados em nossos templos, sem tempo para os outros e para nós mesmos.
Quanto ao problema dos palavrões nos estádios, fica aqui a sugestão que a Letícia (minha neta por opção) deu quando ela, então com uns 7 anos, foi conosco a primeira vez no campo: “Deviam colocar um cartaz na frente do estádio escrito É PROIBIDO FALAR PALAVRÃO”.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

MEUS AMIGOS, OS LIVROS

Há muitos anos já passados, o Cidão, enorme amigo que a vida colocou distante, e eu, fazíamos um trabalho de evangelização em um orfanato. Com aqueles meninos nós brincávamos, conversávamos, estudávamos a Bíblia e orávamos. A cada um desses garotos que se interessavam nós encaminhávamos para uma igreja cristã.
Um desses meninos comprou uma pequena estante a qual foi colocada ao lado da sua cama, e nela eram postos diversos ótimos livros cristãos. Certo dia, seguindo o conselho das pessoas da igreja que ele freqüentava, todos os livros alimentaram uma fogueira. A explicação que ele nos deu é que fora instruído a só ler a Bíblia!
É claro que não concordo com isso. Queimar livros são expedientes usados por homens da inquisição, do nazismo e outras mentalidades baseadas no autoritarismo.
Com a leitura dos 3 últimos livros que li eu “viajei” pela antiga Rússia, pela Inglaterra e pela França. Atualmente “estou passeando” pela ilha de Chipre.
Infelizmente não lembro o nome dos autores das “pérolas” que cito abaixo (se alguém souber me lembre para darmos os devidos créditos). Note como essas frases mexem com a nossa imaginação:
“Borboleta com asas de chumbo”.
“Gigante de vidro tropeça”.
“Amem, amém”.
Dica: visite o meu outro Blog, o de mini contos.
http://mini-contosdoxykomotta.blogspot.com

terça-feira, 22 de julho de 2008

A FILHA DA BIRICA

Hoje a Ana Júlia vai em casa para os pais poderem ir ao cinema. A Tchu-tchu, como a chamamos, tem 1 ano, 1 mês e alguns dias de idade. Ela é linda, simpática e muito engraçadinha. Ela é filha da Luciana e do André. Esses dois não são meus parentes, mas a grande convivência que temos com eles desde que eram criancinhas fez com que se “tornassem família”. A Lu eu a conheço desde que nasceu! E agora ela é mãe da Tchu-tchu.
É sobre isso que eu quero falar, isto é, da vida ser uma seqüência, um processo. Ao virarmos uma esquina, vem outra rua, ao virarmos uma página de um livro que estamos lendo, já está ali a outra para ser lida, um dia antecede outro, uma cena de um filme é precedida por outra. Eu gosto disso. Renova as esperanças.
Na minha “Hora Silenciosa de hoje li o seguinte versículo:
“As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade. A minha porção é o SENHOR, diz a minha alma; portanto, esperarei nele. Bom é o SENHOR para os que esperam por ele, para a alma que o busca. Bom é aguardar a salvação do SENHOR, e isso, em silêncio.” (Lamentações 3:22-26)
A Denise falou que hoje à noite vai ler, para a Ana Júlia, “O Dentinho Malcriado”, livro que lemos para a Birica (é assim que meu pai chamava a Luciana) quando ela era “pititica”.
Que saudades!
Um dia ... bom, isso vai ter que ficar para outro hora.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

PENSE NISSO 37


Você costuma usar indevidamente as vagas de estacionamento reservadas para deficientes físicos e idosos? Por que, heim?

quinta-feira, 17 de julho de 2008

PARA CURAR SUAS FERIDAS

“Então, voltou o rei Jorão para Jezreel, para curar-se das feridas que os siros lhe fizeram em Ramá, quando pelejou contra Hazael, rei da Síria (...).” (2 Reis 8:29)
Certa vez alguém me contou a história de uma mulher que se hospedou em um seminário evangélico para ser ajudada pelos professores e pastores que ali estavam. Seu problema é que a mãe interferia tanto no seu casamento, e ela permitia tal intromissão, que isso causou-lhe uma grave crise conjugal. O tempo que ela ficou ali ajudou-a a ver seu erro e pode, assim, restaurar o relacionamento com o marido e também com a própria mãe.
Algumas vezes temos pelejas na vida que nos causam feridas. Podem ser feridas físicas, emocionais, psicológicas ou espirituais. Então devemos nos retirar para algum lugar para nos tratar.
Um rapaz estava internado no HC-UNICAMP. Recém formado na faculdade, noivo, e sua vida profissional, embora no início, estava indo muito bem. Por causa de um acidente de carro, no qual quebrou uma perna, estava lá há uma semana aguardando uma cirurgia. Sua maior queixa era ter que faltar em diversos compromissos: uma reunião de negócios, algumas visitas profissionais importantes, um aniversário, uma formatura ... Uma semana parado.
O problema é que, muitas vezes, nós achamos que essa retirada estratégica é perda de tempo, que se dermos essa parada as coisas vão piorar, que os machucados não são tão graves e por aí afora. É mais ou menos como um jogador de futebol contundido que teima em continuar em campo. Isso pode lesionar mais ainda o atleta e também prejudicar todo o time.
Por outro lado, às vezes não paramos por não termos visto a extensão dos machucados, ou até mesmo por não termos percebido os próprios ferimentos. Temos uma enorme dificuldade de vermos em nós mesmos o que está errado!
Me lembrei agora da velha ilustração que descreve a importância das pausas nas melodias para lhes dar harmonia. Parar para nos recuperar também faz parte da vida, embora não pareça. Pode nos trazer mais harmonia.
De vez em quando devemos parar para alguém cuidar de nós, alguém que pode ser um médico, um amigo, um psicólogo ou um pastor. Mas além desses tratamentos, todos precisamos é de Jesus Cristo.
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.” (Mateus 11:28 RA)
Aquele rapaz, durante sua permanência no hospital, foi evangelizado. Não rejeitou nem aceitou. Teve sua chance, e levou literatura evangelística para casa.

terça-feira, 15 de julho de 2008

PENSE NISSO 36


Ver as horas pelo meu relógio eu sei; pelo relógio de Deus estou aprendendo.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

VOCÊ TEM MEDO DE AMAR?

Todo ano, no mês de julho, a Capelania do HC-UNICAMP recebe alguns noviços da Companhia de Jesus (Jesuítas) para um experimento de vida ali com os pacientes. Isso acaba sendo, todo ano, uma rica experiência para mim. Conviver com eles, ainda que só por um tempo, é uma oportunidade excelente de crescimento espiritual.
Estava conversando com eles certa feita sobre os 3 votos que fazem para entrar na Companhia: castidade, pobreza e obediência. Um deles comentou que o voto de castidade ele “tirava de letra“, assim como o de pobreza. O que mais o afligia era o voto de obediência. Um deles me explicou que o que é requerido é ”obediência de cadáver”. Isso significa não ter reação alguma às ordens dadas. Do jeito que puser, ou onde colocar, fica.
Obediência às autoridades é ordem bíblica. Nem interessa aqui discutir a obediência às autoridades humanas,
Quero focar, diretamente, uma ordem do próprio Senhor Jesus dada a todos nós, cristãos: NÓS DEVEMOS AMAR A TODOS, SEM EXCEÇÃO. E por mais que amemos ainda estaremos inadimplentes com aqueles que convivemos.
Note a letra dessa música cantada pelo Beto Guedes, inspirada em um pensamento de Dom Pedro de Casaldáliga:
O MEDO DE AMAR: “O medo de amar é o medo de ser/Livre para o que der e vier/Livre para sempre estar onde o justo estiver/O medo de amar é o medo de ter/De a todo momento escolher/Com acerto e precisão a melhor direção/O sol levantou mais cedo e quis/Em nossa casa fechada entrar prá ficar/O medo de amar é não arriscar/Esperando que façam por nós/O que é nosso dever: recusar o poder/sol levantou mais cedo e cegou/Os medo nos olhos de quem foi ver/Tanta luz”.
Amar é uma decisão. E por que decidimos não amar? (É isso mesmo, pois toda vez que não amamos é porque assim o decidimos!) Não amamos porque todo amor dói. Amar é satisfazer legitimamente as necessidades legítimas dos outros, e não os meus desejos. Só decidiremos amar quando estivermos livres de nossos interesses próprios.
Jesus nos amou porque estava totalmente livre de tudo e de todos.
Ele quer que nos amemos uns aos outros, e até mesmo aqueles que são nossos inimigos.
É uma ordem.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

UMA APÓLICE DE AMIZADE

O que vou relatar aconteceu há um bom tempo.
Manhã de domingo. Minha mulher e eu acordamos cedo e nos preparamos para ir à igreja, como fazemos todos os domingos. Assim que nos acomodamos no carro, saímos. Quando já estávamos na metade do caminho, tivemos que parar por causa de um congestionamento provocado por um caminhão que estava atravessado na pista, bloqueando a passagem dos carros. A fila de automóveis parados começou a crescer rapidamente, até que de repente ouvimos o som de pneus deslizando pelo asfalto, seguido pelo barulho de carros se chocando. No mesmo instante, sentimos um forte tranco, e percebemos então que um carro que vinha em alta velocidade não conseguiu parar e acabou se chocando com a traseira do nosso carro.
O jeito era descer e telefonar para a companhia de seguros. O funcionário que nos atendeu foi muito educado — ou bem treinado para ouvir as queixas com paciência — principalmente se considerarmos que ele estava de plantão num lindo domingo de sol. Porém, o rapaz pouco pôde fazer por nós. Para ter direito a um carro reserva, eu teria que estar fora de minha cidade (no caso, Campinas), guincho, só se o carro não andasse de forma alguma, e por fim, o valor da franquia não era suficiente para cobrir os gastos com o conserto do carro.
Mas, em meio a todos esses problemas, aconteceu algo que nos deixou profundamente agradecidos: a presença de amigos que correram para nos ajudar assim que souberam do acidente. Enquanto que a companhia de seguros pouco fez por nós, a presença de amigos queridos ao nosso lado nos deu segurança e fez diferença. Eles desamassaram o carro para que pudéssemos andar com ele, foram conosco à delegacia para fazer o Boletim de Ocorrência, fizeram vários orçamentos sobre os gastos com funilaria e para completar nos emprestaram um carro para usarmos enquanto o nosso estava no conserto.
Ao contar esse fato que aconteceu conosco, não estou incentivando ninguém a não fazer seguro do carro ou de outros bens. O que gostaria de enfatizar é que mais importante que um bom seguro é a segurança de termos bons amigos. É justamente nas horas difíceis que os verdadeiros amigos se revelam. A cobertura oferecida pelos amigos nos momentos mais sinistros de nossas vidas é maior que qualquer prêmio que você possa imaginar. Note o que a Bíblia diz sobre verdadeiras amizades: "Algumas amizades não duram nada, mas um verdadeiro amigo é mais chegado que um irmão" (Pv 18.24 BLH).
Preste atenção nessa frase de Ralph Waldo Emerson:
"A glória da amizade não é a mão estendida, nem o sorriso carinhoso, nem mesmo a delícia da companhia. É a inspiração espiritual que vem quando você descobre que alguém acredita e confia em você".
Porém, não podemos esquecer que a amizade é uma via de duas mãos. Assim como temos a oportunidade de usufruir de um relacionamento agradável e vantajoso, temos também a responsabilidade de proporcionar essas mesmas coisas para nossos amigos.
Com isso, chegamos ao ponto central de toda esta conversa. Você é capaz de adivinhar de quem é esta frase?
"O maior amor que alguém pode ter pelos seus amigos é dar a vida por eles".
Se você respondeu que o autor desta frase é Jesus Cristo, acertou em cheio! Leia novamente, até assimilar completamente o sentido destas palavras: "O maior amor que alguém pode ter pelos seus amigos é dar a vida por eles" (Jo 15.13 BLH).
Em seguida, leia os versículos que dão seqüência a estas palavras:
"Vocês são meus amigos se fazem o que eu mando. Não chamo vocês de escravos porque o escravo não sabe o que o seu dono faz; mas chamo de amigos, pois tenho dito a vocês tudo o que ouvi do meu Pai. Não foram vocês que me escolheram; pelo contrário, fui eu que os escolhi para que vão e dêem muito fruto, e que esses frutos não se estraguem. Assim o Pai lhes dará tudo o que pedirem em meu nome. Portanto, isto é o que eu mando: Amem uns aos outros". (Jo 15. 14-17 BLH).
Isto não é incrível? Jesus Cristo, o Filho de Deus, está afirmando que é meu amigo, a ponto de dar a vida por mim. Mas Ele quer que eu dê frutos, e isto significa que eu devo dar a minha vida pelos meus amigos. Será que isto é fácil? Certamente que não. Pascal disse que "a amizade fecha os olhos; o amor é cego". Diferentemente dos apaixonados, que não conseguem enxergar os defeitos da pessoa amada, os verdadeiros amigos vêem os defeitos um do outro, mas é como se não tivessem visto.
Se quisermos amar nossos amigos a ponto de dar a vida por eles, temos que aceitá-los do jeito que eles são, com suas qualidades e também com seus defeitos. Se não agirmos desta forma, corremos o risco de ficarmos sozinhos. Portanto, feche os olhos para os defeitos dos seus amigos, se deseja ter amigos.
Sou grato pelos amigos que tenho, e por eles me amarem, apesar de todos os meus defeitos. Isso significa que eles fecham os olhos...

segunda-feira, 7 de julho de 2008

PENSE NISSO 35


Já que não temos opção a não ser pensar o tempo todo, então aproveitemos e pensemos em coisas boas.

sábado, 5 de julho de 2008

ENGOLE O CHORO

Estes exercícios de imaginação poderão nos ajudar a entender alguns conceitos. Para isto, tente imaginar as seguintes situações. Primeira: a ação transcorre num dia ensolarado, numa rua de pouco movimento. Não há nenhum carro estacionado dos dois lados da rua. Do lado esquerdo há uma loja de artigos de cristal: enfeites, vasos, copos, jarras, taças e outros objetos finos e caros. De repente, aparecem vários filhotes de animais que começam a jogar futebol no meio da rua. Metade deles usa uniforme verde e a outra metade uniforme azul. O juiz que apita o jogo é um enorme elefante cinzento, todo vestido de amarelo. O jogo transcorre normalmente até que em um determinado lance a bola "espirra" para dentro da loja. Por um milagre, a bola não provoca nenhum estrago, mas o juiz resolve ir buscá-la dentro da loja. Assim que o elefante entra na loja ele percebe, aflito, que não deveria ter entrado ali. E não deveria mesmo! Ele recua, tentando sair da loja, mas esbarra numa prateleira, quebrando vários objetos. Cada movimento do seu corpo provoca um estrago, espalhando cacos dos objetos quebrados por toda a loja.
Passemos agora para outra situação. Aqui, a cena se passa numa sala pequena e aconchegante. Num dos cantos da sala há uma mesa e uma cadeira dessas para crianças, ambas feitas de madeira. Sobre a mesa está um radinho de pilha, conectado a um fone de ouvido. De repente, entra na sala um lindo gatinho, senta-se na cadeirinha, coloca o fone de ouvido, acomoda-se confortavelmente e liga o radinho, deliciando-se com a suave melodia.
Estas duas situações nos permitem perceber algumas coisas. Primeiro, quando você começou a imaginar a cena do gatinho, passou imediatamente a desconsiderar a cena do elefante. Você é quem decide qual situação vai imaginar, ou uma ou outra. Você pode imaginar ainda outras cenas, como por exemplo, um animal predador capturando sua presa, ou um riacho tranqüilo correndo no meio das árvores. Repare que cada cena provoca em nós uma emoção diferente.
Você talvez esteja se perguntando o que isto tudo significa. Minha intenção é fazer com que você perceba que as nossas emoções são afetadas pelas nossas imagens mentais. Em última análise, nossa vontade comanda os nossos pensamentos, que por sua vez comandam as nossas emoções.
Quando eu era criança, sempre que fazia alguma "arte", minha mãe me castigava e ainda exigia que eu não chorasse. Mas eu chorava. Ela então ordenava: "Engole o choro, menino!" Mas se eu estava triste, como não chorar? Para mim, as emoções eram impossíveis de serem controladas. Anos depois, já convertido ao cristianismo, deparei-me com o seguinte versículo da Bíblia: "Alegrai-vos sempre no Senhor. Outra vez digo: Alegrai-vos!" (Fp 4.4) Repare que se trata de uma ordem! Mas, e quando eu estiver triste, como posso obedecer à ordem para me alegrar? Estamos de volta ao mesmo problema. O princípio por trás de tudo isso é o que foi colocado acima: a nossa vontade comanda os nossos pensamentos, que por sua vez comandam as nossas emoções. Vejamos o que dizem os versículos seguintes do capítulo quatro de Filipenses:
"Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor. Não andeis ansiosos por coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas diante de Deus as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graça. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus. Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isto o que ocupe o vosso pensamento" (Fp 4.5-8)
Isso não tem nada a ver com pensamento positivo ou qualquer outra coisa deste tipo (quem não se lembra do livro de Norman Vicent Peale?). Não se trata de uma técnica para ser bem sucedido ou obter bens ou até mesmo ser abençoado. Este é o caminho que devemos trilhar se não quisermos nos tornar prisioneiros das nossas próprias emoções. As emoções por si só são boas e bem-vindas, mas se tornam terríveis quando somos dominados por elas. A letra de uma canção bastante conhecida diz, "O importante é que emoções eu vivi!". Mas é preciso ter cuidado com as emoções, pois muitas vezes elas só nos criam problemas e nos desviam dos princípios prescritos por Deus.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

ATITUDE E AÇÃO

Certo dia, eu estava ensinando a Bíblia a um grupo de jovens, tentando explicar a eles o verdadeiro significado da expressão "amor sacrificial" (em grego, ágape). Queria que esse conceito ficasse bem claro, de modo que eles entendessem o tipo de amor que Deus tem por nós. De repente, uma idéia me veio à cabeça. Pedi ao rapaz que estava à minha esquerda para ficar de pé e trocar de lugar com a garota que estava à minha direita. Depois que ambos se acomodaram em seus lugares, comentei que agora cada um estava vendo a aula a partir do "ponto de vista" do outro. Amar é exatamente isso: colocar-se no lugar do outro para poder entender o que o outro está sentindo e procurar fazê-lo feliz. Isso é amor, no sentido mais belo e profundo.
Só depois que entendemos claramente esse conceito é que somos capazes de obedecer à ordem de Jesus de amar nossos inimigos. Precisamos demonstrar amor através de atitudes de amor.
No episódio do batismo de Jesus narrado em Mateus 3. 13-17, lemos que no momento do batismo, Deus declarou lá do céu: "Esse é o meu Filho amado, em quem me comprazo" (v.17). Percebemos nessa frase que “amar” e “ter prazer” não significam a mesma coisa. Tomemos como exemplo uma mãe com cinco filhos. Dos cinco, quatro lhe proporcionam muita alegria e prazer, enquanto que um é motivo de tristeza. Essa mãe certamente ama os cinco filhos da mesma forma, mas não se compraz igualmente com todos. O filho que lhe causa aborrecimentos não pode dar prazer a ela. Assim é o amor de Deus. Deus ama todos os seres humanos, bons e maus. Ele ama os assassinos, os ladrões e os rebeldes, mas com certeza não tem prazer neles. Contudo, aqueles que fazem a vontade de Deus não só desfrutam do amor de Deus como também lhe dão prazer.
Infelizmente nós não agimos assim. Somos como uma criança que gosta de irritar as pessoas só para deixá-las aborrecidas, ou como o adolescente que fica olhando fixamente para a irmã, até ela gritar: "Pare de ficar me olhando desse jeito!". Quando lhe perguntam por que ele age assim, sabendo que sua irmã fica aborrecida e não gosta desse tipo de brincadeira, ele responde: "Exatamente por isso!” Muitas vezes nós também agimos assim, fazendo justamente aquilo que sabemos que os outros não gostam.
Agora, preste atenção nas palavras desse versículo conhecido como “A Regra de Ouro”: "Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, fazei-o vós também a eles" (Mateus 7.12). Na tradição judaica, esse princípio era ensinado na forma negativa, ou seja: "O que vocês não querem que as pessoas lhes façam, não devem fazer também a elas". A forma negativa induz à passividade, enquanto que da maneira como Jesus colocou somos conclamados a agir visando a felicidade do outro.
Acredite: isso funciona! Posso afirmar, pois já experimentei em minha própria vida! Aqueles que se dedicam a visitar os doentes internados, levando-lhes uma palavra de conforto, recebem de volta muito mais do que aqueles que são visitados e consolados! Isso provocou um forte impacto em mim, pois meu objetivo ao trabalhar no Hospital é oferecer algo às pessoas que se encontram ali. Meu maior desejo é doar minha própria vida em favor daqueles que sofrem. Descobri que quanto mais nos doamos aos outros, mais recebemos de volta! Mesmo que nossa intenção não seja receber algo em troca, somos os mais abençoados, agraciados e contemplados. Quanto mais amamos, mais ganhamos!
Alguém disse acertadamente: “Damos pouco quando damos de nossas posses. Só damos realmente quando damos a nós mesmos”. Jesus nos alertou sobre isso ao dizer que aqueles que desejam segui-lo devem esquecer seus próprios interesses e se dispor a morrer a cada dia. Pois quem põe seus próprios interesses em primeiro lugar nunca terá a vida verdadeira e quem esquece a si mesmo por amor a Cristo terá a vida verdadeira. De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a verdadeira vida?
Será que sabemos realmente amar?

PENSE NISSO 34


Os outros podem me discriminar e perseguir por causa do que creio, mas eu não posso externar minha opinião sobre a imoralidade e a depravação feitas publicamente.