terça-feira, 31 de maio de 2011

SAUDADE DAQUELAS COM TREMA AINDA

A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar”. (Rubem Alves)
É pouca coisa o que senti, mas serve para ilustrar o que quero dizer. Sexta-feira passada, ao lembrar que no dia seguinte a Denise passaria o dia inteiro fora com os pré-adolescentes da Igreja em um parque temático aqui da região, isso me deu um pequeno aperto no coração. É que na nossa rotina de sábado gostamos de assistir juntos um programa de pesca que passa na TV. Como disse anteriormente, o que senti é pouco, quase nada, perto do que sentiu uma senhora que acompanhei ali no HC-UNICAMP.
A Dona Helena, de 56 anos, estava com o marido em estado terminal, sedado e entubado. Eu ia visitá-los quase todo dia. Esse casal não tinha filhos, família pequena, viviam um para o outro. Um dia ela me disse: “Daqui a um mês nós faremos, ou faríamos, não sei, 25 anos de casados. Nesses anos todos construímos todo um modo de vida, hábitos, rotinas, só nossos. Agora ...”.
Se eu senti tristeza por causa de um dia longe da Denise (à noite estaríamos juntos!), imagine a dor que a Dona Helena está sentindo: seu marido faleceu. Daqui para a frente será só ela e as lembranças que, com certeza, trarão saudades. Saüdades (com trema na letra u), que é como se escrevia uma saudade muito intensa. Saber aproveitar cada momento que podemos ter com aqueles a quem amamos é uma excelente dica.
Acredito que o único consolo que a Dona Helena pode ter é a esperança eterna.
“Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar.” (João 14:2)
Claro, fica a imensa dor da separação temporária, mas há todo um porvir de eterno gozo.
“Saudade é amar um passado que ainda não passou,
É recusar um presente que nos machuca,
É não ver o futuro que nos convida...”. (Pablo Neruda)
PARA REFLETIR:
“Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens.” (1 Coríntios 15:19)

segunda-feira, 30 de maio de 2011

IGREJA SEM GRAÇA

Certa vez eu escrevi um texto no fim do qual eu perguntei àqueles que porventura lessem aquilo, se a sua (deles) Igreja estava pronta para acolher viciados em drogas, homossexuais e prostitutas em seu meio. Muitos me responderam direta e objetivamente que NÃO, teriam que aprender muito ainda.
Mas houve alguém (que na época trabalhava com missões) que, primeiro, só achava concebível esse acolhimento se fossem ex-viciados, ex-homossexuais e ex-prostitutas. E propunha que a Igreja fizesse uma congregação à parte, para que as pessoas com essas características ali se reunissem. Segundo essa pessoa, em datas especiais tais como Páscoa, Natal e Dia das Mães, os participantes da referida congregação poderiam ir na “Igreja Mãe”.
Isso revelou um enorme farisaísmo, falta absoluta de graça e misericórdia, mas principalmente uma profunda falta de amor cristão.
Partindo Jesus dali, viu um homem chamado Mateus sentado na coletoria e disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e o seguiu. E sucedeu que, estando ele em casa, à mesa, muitos publicanos e pecadores vieram e tomaram lugares com Jesus e seus discípulos. Ora, vendo isto, os fariseus perguntavam aos discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores? Mas Jesus, ouvindo, disse: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos; pois não vim chamar justos, e sim pecadores [ao arrependimento].” (Mateus 9:9-13)
Se as minorias, e aqui incluo os deficientes físicos, negros e idosos, não tiverem o acolhimento da Igreja, terão de quem? E se não tiverem um lugar que os ame verdadeiramente, o que será deles?
Acolher, de forma alguma significa concordar ou ser complacente com as práticas pecaminosas levadas a efeito por aqueles que estão sendo acolhidos. Acolher é, em última análise, AMAR.
E a sua Igreja, é amorosamente acolhedora?
E você?
PARA REFLETIR:
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas! Guias cegos, que coais o mosquito e engolis o camelo! Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque limpais o exterior do copo e do prato, mas estes, por dentro, estão cheios de rapina e intemperança! Fariseu cego, limpa primeiro o interior do copo, para que também o seu exterior fique limpo! Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia! Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade.” (Mateus 23:23-28)

domingo, 29 de maio de 2011

SURFISTA

PARA IR PENSANDO 22

Tu, SENHOR, és a minha lâmpada; o SENHOR derrama luz nas minhas trevas.” (2 Samuel 22:29)
Quem há entre vós que tema ao SENHOR e que ouça a voz do seu Servo? Aquele que andou em trevas, sem nenhuma luz, confie em o nome do SENHOR e se firme sobre o seu Deus. Eia! Todos vós, que acendeis fogo e vos armais de setas incendiárias, andai entre as labaredas do vosso fogo e entre as setas que acendestes; de mim é que vos sobrevirá isto, e em tormentas vos deitareis.” (Isaías 50:10-11)
É o SENHOR quem realmente ilumina os meus caminhos, idéias, decisões, etc ..., ou eu tenho feito para mim ridículas tochas (setas incendiárias) para ter um pouco de luz?

sábado, 28 de maio de 2011

PARA IR PENSANDO 21

Então, disse ele: Vai e dize a este povo: Ouvi, ouvi e não entendais; vede, vede, mas não percebais. Torna insensível o coração deste povo, endurece-lhe os ouvidos e fecha-lhe os olhos, para que não venha ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos e a entender com o coração, e se converta, e seja salvo.” (Isaías 6:9-10)
De sorte que neles se cumpre a profecia de Isaías: Ouvireis com os ouvidos e de nenhum modo entendereis; vereis com os olhos e de nenhum modo percebereis. Porque o coração deste povo está endurecido, de mau grado ouviram com os ouvidos e fecharam os olhos; para não suceder que vejam com os olhos, ouçam com os ouvidos, entendam com o coração, se convertam e sejam por mim curados.” (Mateus 13:14-15)
de novo, determina certo dia, Hoje, falando por Davi, muito tempo depois, segundo antes fora declarado: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração.” (Hebreus 4:7)
Se endurecermos os nossos corações, Deus pode fechar nosso entendimento.
Exercício: veja lá em Gênesis, quantas vezes o Faraó endureceu seu próprio coração antes que Deus o fizesse.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

É COMPLEXO NÃO TER COMPLEXO

Eu tinha na sala do apartamento onde moro um porta-retrato com uma fotografia de quando eu era menino. Ali eu devo ter uns 6 ou 7 anos. Estou na praia lá de Santos, cidade onde nasci, com meus dois irmãos.
Estou sentado no carrinho que usava antes de ter minha primeira cadeira de rodas. Nós 3 estamos sem camisa e só de calção de banho.
Esses detalhes podem parecer dispensáveis, mas o assunto que vamos abordar é mais complexo do que a foto pode revelar, por essa razão é que cada detalhe tem sua importância.
Minha mãe me ensinou a não ter complexo por ser paralítico. Por algumas outras pessoas, amigos e até parentes, eu viveria sem sair de casa, e dependendo da ocasião, por eles, quando recebêssemos visitas, nem do quarto eu deveria sair.
Ela, a minha mãe, sempre me tratou da mesma forma que tratava meus irmãos.
Eu usava shorts, apesar de um parente chegado achar que minhas pernas deveriam ficar cobertas para esconder as seqüelas da poliomielite e também as cicatrizes das cirurgias às quais me submeti.
Quando merecia ser disciplinado eu apanhava, apesar de a minha avó declarar que só os outros dois deveriam ser castigados.
Como meus irmãos, eu ia à praia (tem a foto para você ver), passeava, estudava, tinha responsabilidades e convivia naturalmente com todo mundo. Eu era (e sou) como todas as pessoas, só que com limites de locomoção.
No momento em que “me vi assim”, quando me conscientizei da minha realidade, resolvi ser como os outros e superar de algumas formas meus limites. E foi assim que fiz.
Quando Jesus Cristo viu um homem paralítico que desceu do telhado para estar bem na frente d’Ele, disse primeiramente que os seus pecados estavam perdoados. E Jesus o fez assim porque o maior problema daquele homem era espiritual. Problema espiritual é toda e qualquer coisa que nos separa de Deus. Só depois de isso resolvido é que o Senhor tratou do seu problema físico, curando-o.
Me lembro direitinho do dia em que percebi que o meu maior problema era espiritual. Uma limitação que por meios humanos não pode ser superada. Graças a Deus pela cruz. Só Cristo podia fazê-lo por mim. E foi assim que Ele o fez.
Não é maravilhoso? Aquilo que não posso fazer, Deus o faz!
Você é igual aos outros. E você é igual a mim.
Quais são seus limites?
Qual seu maior problema?

quinta-feira, 26 de maio de 2011

PEQUEI

Já notou que o pecado que nós mais cometemos (o “pecado de estimação”, ou como vi ser chamado outro dia, “pecado de fundo”), esse pecado é o que mantemos mais escondido? Mas, como diz o ditado popular, “o Diabo ajuda a fazer mas não ajuda a esconder”, há já um bom tempo eu pequei e a coisa veio a público.
Pequei e fui disciplinado com o rigor requerido pela Palavra de Deus. Na época uma moça me procurou preocupada por nunca ter sido disciplinada, muito embora ela saber que era tão pecadora quanto eu. Essa moça se referia, logicamente, ao seguinte trecho da Bíblia:
Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.” (Apocalipse 3:19)
Ser disciplinado foi, para mim, um presente do céu. Me fez melhor, muito melhor.
Me deu a chance de ser um exemplo de uma pessoa que caiu (pecou) e foi levantado por Deus. Isso é desfrutar da GRAÇA.
De nenhum modo me lembrarei dos seus pecados e das suas iniqüidades, para sempre.” (Hebreus 10:17)
Paulo se dizia o maior pecador. Já fiz isso, mas mais por falsa modéstia, não tanto para ser transparente e admitir que peco. Talvez eu quisesse “parecer” grande como Paulo, ou maior que ele.
Fato é que pecamos e não o admitimos, e ainda fingimos que somos santos.
PARA REFLETIR:
Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” (Filipenses 3:13-14)

quarta-feira, 25 de maio de 2011

TUDO SOB CONTROLE

Eu estava comendo um lanche, à mesa, quando uns amigos e a menina que eu namorava na época vieram por trás de mim e, com uma tesoura, começaram a cortar meu cabelo (o qual chegava aos ombros). Foi a forma carinhosa que eles escolheram para me contar que eu passara no vestibular.
À noite, já deitado para dormir, um pensamento me ocorreu: “Agora que estou na faculdade, nada nem ninguém me segura”. Eu acreditava que tinha controle sobre tudo.
“As pessoas podem fazer seus planos, porém é o SENHOR Deus quem dá a última palavra.” (Provérbios 16:1 NTLH)
Quando cheguei ao último ano da faculdade, tive que abandoná-la, pois meu pai por causa da bebida saiu de casa (depois se recuperou e voltou), perdi meu emprego, fomos (minha mãe e eu) morar com meu irmão, e aquela namorada terminou comigo e com menos de 30 dias ela já namorava outro. Tudo isso no mesmo ano.
Aprendi que não podemos ter a pretensão de achar que temos controle de tudo.
Um homem em uma praia, pode ser atingido por um tsunami com ondas de 10 metros, ou então ter seu corpo invadido por uma bactéria microscópica, e morrer por causa de um ou de outra dessas causas. E não ter como evitar.
“A pessoa faz os seus planos, mas quem dirige a sua vida é Deus, o SENHOR.” (Provérbios 16:9 NTLH)
PARA REFLETIR:
“Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo. Agora, entretanto, vos jactais das vossas arrogantes pretensões. Toda jactância semelhante a essa é maligna.” (Tiago 4:13-16)

terça-feira, 24 de maio de 2011

Ezequias e a Carta de Senaqueribe

Texto de Héber Diniz
Há uma narrativa nos livros dos Reis (2 Rs 19-14.16) que me inspira muito diante das dificuldade e desafios da vida.
Senaqueribe, o rei da Assíria, planejava invadir Judá e como forma de afrontar e assustar os judeus ele enviou uma carta bastante ofensiva, dizendo que não haveria como o povo escapar das suas mãos.
O rei de Judá, Ezequias, que temia o Senhor, fez algo muito interessante: tomou a carta, levou-a ao templo, estendeu-a perante o Senhor e orando clamou que o Senhor mesmo visse as palavras ofensivas daquela carta e agisse em favor do seu povo. E Deus assim o fez, trazendo um grande livramento a Ezequias e a todo o povo de Judá. É claro que Deus já sabia tudo o que estava acontecendo, mas a atitude de Ezequias nos ensina muito sobre depender e entregar tudo a Deus.
Muitas vezes, o meu coração está cheio de medo, preocupações, dúvidas e outras coisas que podem se tornar um grande fardo.
Nestas horas, eu faço como Ezequias: escrevo tudo num papel, estendo diante de Deus e clamo: “Senhor, estas são as coisas que tem me perturbado. Estou entregando tudo a Ti, reconhecendo tua soberania, graça e poder. Me ajude a descansar em Ti no que está fora do meu alcance e agir de modo correto naquilo que está ao meu alcance”.
Na próxima vez que você estiver se sentido acuado, ou sem forças, experimente fazer como o rei Ezequias!
Não é uma fórmula mágica... longe disso. Mas é uma sugestão bem prática de visualizar os problemas e entregá-los a quem tem todo o poder!
Que Deus nos abençoe!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

DICA DE SHOW com Vinícius Corilow

VOAR, NADAR E CORRER

Gosto de ilustrações. Um pastor comentou que só falta eu usar frases de pára-choque de caminhão para o nível cair de vez. Pior é que não falta, pois já usei.
E uma das melhores dessas ilustrações é uma que li e que conta que a águia, o pato e o avestruz foram para uma escola de treinamento. O currículo dessa escola determinava que cada aluno deveria aprender a voar, a nadar e a correr. Ficou bem ridículo o avestruz tentando voar como a águia, assim como a águia tentar nadar como o pato e também o pato tentar correr como o avestruz. A lição que podemos aprender daí é que cada um deve se concentrar em desenvolver suas próprias características, e não querer ser como os outros.
Assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função, assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros,” (Romanos 12:4-5)
Uns foram feitos para trabalhar dentro da Igreja, outros em hospitais, ou presídios, ou ainda com moradores de rua, crianças, idosos, música e muitos outros serviços. Dois riscos corremos ao procurar o que fazer: primeiro, querermos ser como os outros são, desdenhando nossas características mais fortes, ou então não fazermos nada porque não conseguimos fazer tudo.
PARA REFLETIR:
Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus; se alguém serve, faça-o na força que Deus supre, para que, em todas as coisas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!” (1 Pedro 4:10-11)

domingo, 22 de maio de 2011

PARA IR PENSANDO 20

(...) Até quando hospedarás contigo os teus maus pensamentos?” (Jeremias 4:14)
Hospedar implica em dar alimento, cuidar, dar descanso (cama, mesa e banho) e distrair.

sábado, 21 de maio de 2011

E QUANDO DEUS NÃO CURA?

Aquele foi realmente um dia muito especial. Eu era bem jovem ainda quando fui convidado para participar de uma reunião de oração com um grupo de pessoas que não conhecia. Alguns amigos se prontificaram a me acompanhar, e assim lá fomos nós. Porém, havia um detalhe: eu não sabia exatamente em que local o tal grupo se reunia para orar, só sabia qual era o bairro. Mas decidimos seguir em frente assim mesmo! Quando chegamos a uma determinada rua do bairro, paramos o "carro" (nessa época, meu “carro” era uma perua Kombi caindo aos pedaços) e decidimos orar, pedindo a orientação de Deus. Assim que abrimos os olhos, vimos alguns rapazes, carregando suas Bíblias, passando bem à nossa frente.
— Vamos seguí-los? —, sugeri.
— Vamos — eles concordaram.
Em poucos minutos estávamos no local onde se daria a tal reunião!
Logo que entramos, percebemos que aquele era um grupo bem animado. Todos cantavam e louvavam a Deus com entusiasmo. Terminado o período de louvor, uma senhora se levantou, trazendo uma boa mensagem bíblica para todos os presentes, e em seguida, vieram as orações. Eu nunca havia participado de uma reunião de oração com um grupo pentecostal, e quando as orações terminaram, estava ainda um pouco assustado com tudo aquilo, sem saber o que pensar. Foi quando um rapaz se aproximou de mim e disse:
— Enquanto orávamos, Deus me falou, através de uma visão, que esta noite você vai ser curado e poderá andar.
Não preciso dizer que saímos dali mais perdidos do que quando chegamos. Todos os meus amigos queriam ficar ao meu lado para presenciar o milagre. Fomos até uma praça e resolvemos ficar ali orando e esperando... Já de madrugada, alguns policiais se aproximaram de nós querendo saber o que estávamos fazendo na rua àquela hora. Alguém que morava nas imediações deve ter achado bastante suspeito aquele grupo de rapazes passando a noite na praça e resolveu chamar a polícia. Depois de nos revistar, os guardas nos mandaram ir para casa dormir, o que nós obedecemos prontamente. Na manhã seguinte, todos os meus amigos telefonaram para saber o que havia acontecido. Conversei com cada um, sentado em minha cadeira de rodas (onde estou até hoje).
Várias coisas passaram pela minha cabeça naquele dia. A primeira delas foi: será que eu não tenho fé suficiente? Mas eu sabia que isso não era verdade. A seguir, pensei: Será que o rapaz que teve a visão não se enganou quanto ao dia? Mas se ele se enganou nesse ponto, então pode ter se enganado no resto! As dúvidas invadiram a minha mente: Por que Deus não falou diretamente comigo? Será que Deus realmente falou com aquele rapaz?
Durante todos esses anos de trabalho na Capelania do HC-UNICAMP tenho visto muitas pessoas em situações semelhantes a essa. Já vi pessoas orarem a Deus e serem curadas. Mas também já vi pessoas orarem a Deus e NÃO serem curadas! E aí? Como explicar?
Quero falar (“de cátedra”) sobre esse assunto, mais especificamente sobre a questão "E QUANDO DEUS NÃO CURA?"
Não me lembro bem de qual era a doença daquele rapaz, mas lembro que os rins já não funcionavam e ele estava extremamente inchado. Havia muitos líquidos acumulados em seu organismo. Já fazia algum tempo que ele estava internado, e sua mãe ficava o tempo todo ao lado dele. Ambos eram evangélicos, membros de uma igreja pentecostal.
Numa determinada tarde, a mãe compartilhou comigo que havia passado por uma “experiência espiritual” na noite anterior. Ela passou a me explicar o que havia acontecido:
— Ontem à noite, depois que meu filho finalmente conseguiu dormir um pouco, deixei-o por alguns minutos para ir tomar banho. Enquanto me preparava para entrar no chuveiro, o desespero tomou conta de mim. Ajoelhei-me ali mesmo, do jeito que estava, e comecei a orar, esquecendo-me do desrespeito que estava cometendo ao me dirigir ao Senhor sem roupas, tamanha era minha dor ao ver meu filho definhando. Orei e supliquei ao Senhor com tanta fé para que Ele curasse meu filho, que DEUS ME OUVIU! Enquanto orava, Deus me falou que meu filho vai ser curado e depois vai testemunhar nas igrejas aquilo que Deus fez em sua vida!
No dia seguinte, porém, seu filho morreu.
Ao saber da morte do rapaz eu me lembrei da frase de M. L. Jones: “Não devemos ter fé na nossa fé, mas sim no Deus da nossa fé”.
Creio que Deus pode curar de três formas:
A cura pode vir de “fora”, ou seja, Deus pode usar médicos, remédios ou tratamentos para nos curar. A cura também pode vir de “dentro”, isto é, Deus pode nos dar ânimo, tranqüilidade, esperança. Certa vez, ouvi de um médico, diretor do departamento de radioterapia do HC-UNICAMP, que aquilo que estávamos fazendo pelos pacientes representava 60% do processo de cura (naquele dia, um coral havia se apresentado para os doentes do ambulatório). Mencionei esse fato ao fazer uma palestra ali no hospital, e uma psicóloga pediu um aparte para comentar que, dependendo do caso, essa porcentagem chega a 80%!!! Por fim, a cura pode vir por meios “sobrenaturais”, ou seja, através de um milagre. É importante frisar que nem sempre Deus cura a doença da pessoa, mas Ele sempre cura a pessoa.
Mas, Deus pode também NÃO curar.
Agora, leia Romanos 8.28 “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”. Antes de nos aprofundarmos na interpretação desse versículo, gostaria que você refletisse na seguinte questão: a cura é sempre um bem?
Continuemos então.
Eu me preparava para visitar uma paciente internada no HC-UNICAMP, uma garota de 16 anos que havia sofrido uma lesão na coluna ao cair de uma árvore. Os médicos haviam diagnosticado que ela ficaria paralítica para o resto da vida, pois a lesão era irreversível. Antes de entrar no quarto, pensei: o que falar diante de tal situação? Haviam me informado que alguns parentes da garota haviam juntado seus recursos para dar a ela uma cadeira de rodas, mas quando a levaram para a menina, assim que ela pôs os olhos na cadeira, cobriu o rosto com o travesseiro e começou a chorar convulsivamente.
A forma como ela me recebeu também não foi das mais amistosas. O fato de eu usar uma cadeira de rodas talvez tenha contribuído para que ela se mostrasse fria e lacônica em suas respostas.
Mas, não desanimei. A partir desse dia, passei a visitá-la, mesmo que rapidamente, todos os dias. Com isso, conquistei sua confiança, a ponto de ela me mostrar a página de seu diário onde estava registrado o acidente e todos os acontecimentos que vieram em seguida. Ao ler o que estava escrito ali, levei um choque. Ela havia registrado que quando caiu da árvore e não conseguiu se levantar, sua mãe chamou seu irmão para ajudá-la. Os dois a levaram no colo até o banheiro, deram-lhe um banho e só depois é que a levaram para o hospital. Mais tarde, o médico disse a ela que se eles a tivessem imobilizado imediatamente e chamado a ambulância de resgate, ela não teria ficado paralítica!! Assim, além de precisar se adaptar à nova situação, ela precisava também aprender a lidar com o conceito do perdão.
Depois de algum tempo, ela teve alta do Hospital e não tivemos mais notícias. Até que um dia nos encontramos casualmente em um dos ambulatórios. Começamos a conversar e ela me contou que estava rescrevendo seu diário, eliminando todas as partes tristes. Uma voluntária que me acompanhava naquele dia concordou plenamente, mas eu não. Quando ela me perguntou por que eu discordava, respondi: “O que seria dos grandes navegadores se nunca tivessem que enfrentar tempestades?” Ela voltou atrás e manteve o registro das partes tristes. O sofrimento e a dor é que poderão transformá-la em uma pessoa especial! Em tempo, pudemos falar de Jesus Cristo para ela durante a sua internação e sua resposta foi altamente positiva.
Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. (Romanos 8. 28)
De que forma o fato de uma doença não ser curada pode contribuir para o bem de uma pessoa?
Eu creio realmente que “todas as coisas [todas mesmo] cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles quem são chamados segundo o seu propósito”. A questão é que nem sempre desejamos ou consideramos bem-vindo o “bem” que Deus tem para nós. Por exemplo, não desejamos passar por uma doença, mas através dela podemos desenvolver um espírito de paciência e gratidão por aqueles que cuidam de nós. Muitas vezes uma doença nos permite reconhecer nossa dependência de Deus e pode nos levar a uma vida de oração. Passamos também a dar maior valor à vida e à saúde, além de muitas outras coisas advindas da doença. A mesma coisa acontece quando perdemos um emprego. Achamos que o bem seria conseguir rapidamente um emprego melhor, e não conseguimos enxergar que muitas vezes um longo período de desemprego é o melhor para nós. E assim com todas as outras aflições que podem nos atingir.
Você crê nisso?

sexta-feira, 20 de maio de 2011

A ALEGRIA DO PERDÃO

Acompanhei por um certo tempo uma senhora, cristã, cujo marido estava internado no HC-UNICAMP. O que aconteceu com eles foi o seguinte: há alguns anos ele a trocou por outra mulher mais jovem, deixando seus quatro filhos para ela criar sozinha, coisa que ela fez com muito amor e muitíssimo sacrifício.
Passado um tempo ele adoeceu e, sem poder trabalhar, ficou, além de doente, em sérias dificuldades financeiras. A ex-amante e companheira o abandonou. Os filhos o acharam em casa, com a saúde em péssimo estado, sem poder se cuidar e nem mesmo se alimentar (quando eles foram vê-lo, havia 2 dias que ele não comia).
Os filhos procuraram a mãe e impuseram que ela o recebesse de volta e cuidasse dele, sob pena de ela não ver mais os netos! Segundo essa senhora, por amor aos netos e por obediência a Deus ela o perdoou e dele cuidou até que ele morreu. Tenho cá minhas dúvidas se a motivação foi essa mesmo, pois na imposição dos filhos ficou implícita a ameaça de um corte no relacionamento com os próprios filhos e a consequente velhice desamparada e solitária. Essa mulher não teve escolha.
Diz o ditado que errar é humano e perdoar é divino. É verdade. Uma ofensa grande não se perdoa de uma hora para outra. Exige tempo. É necessário que o ofendido amadureça. Que ele entenda profundamente a graça e a misericórdia. Por exemplo, como um pai vai perdoar prontamente o assassino de sua filha?
Jesus Cristo foi divino no momento registrado no seguinte versículo bíblico:
“Contudo, Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Então, repartindo as vestes dele, lançaram sortes.” (Lucas 23:34)
Estevão, quando ocorrer seu martírio teve atitude semelhante:
“E apedrejavam Estêvão, que invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito! Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este pecado! Com estas palavras, adormeceu.” (Atos 7:59-60)
Não percamos de vista a ordem de Deus:
“Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós;” (Colossenses 3:13)
Aprendi certa feita que muitas vezes estamos na posição de ofendidos e ficamos remoendo a mágoa e, em contrapartida, o ofensor vive descontraidamente sem lembrar do ocorrido. É só o perdão que nos restitui a alegria.
PARA REFLETIR:
“Quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas.” (Marcos 11:25)
“Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados;” (Lucas 6:37)

quinta-feira, 19 de maio de 2011

PROFUNDEZAS DA ALMA

Certa feita nós, lá da Capelania do HC-UNICAMP, recebemos um convite para a celebração de ordenação a padre de um seminarista amigo nosso. Nesse convite esta escrito o seguinte versículo da Bíblia:
“Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar.” (Lucas 5:4)
Jesus dá instruções a Pedro que, seguidas, lhe proporcionaria uma pesca fantástica.
Na versão usada pelo nosso amigo naquele convite, a expressão “Faze-te ao largo” foi traduzida por “Vá para águas mais profundas”. Não acredito que esse verso queira dizer mais do que diz literalmente, mas confesso que me inspirou a pensar em um trabalho para Deus mais ousado, aventurando-me a obras mais complexas. E por que não dizer, acima do medíocre (medíocre quer dizer “na metade da montanha”, de onde não se descortina a vista lá do cume).
A princípio pensei que “águas profundas” seriam trabalhos com presidiários, com moradores de rua, prostitutas, viciados, hospitais e por aí vai. O importante seria sair da segurança da praia, ou do porto. Barcos foram feitos para navegar.
Mas em todos esses trabalhos, há mais profundidades a serem alcançadas. São as profundezas da alma. Quando buscamos as pessoas para em amor lhes ministrarmos as coisas concernentes a Deus, devemos sair de nós mesmos para mergulharmos fundo nos problemas, dramas e aflições do próximo. Isso tem riscos, compromete-nos e nos expõe muitas vezes nossa insuficiência.
Mas, que pesca fantástica pode resultar daí!
PARA REFLETIR:
“Como águas profundas, são os propósitos do coração do homem, mas o homem de inteligência sabe descobri-los.” (Provérbios 20:5)

quarta-feira, 18 de maio de 2011

NÃO ME ACOSTUMO

Sexta-feira, faltando 10 minutos para as 5 da tarde, que é a hora de irmos embora para casa, o telefone do escritório do Serviço de Capelania do HC-UNICAMP soa. Pelo toque percebi que era ligação interna. Boa coisa não devia ser, como de fato não era: a enfermeira da Emergência Médica solicitava a presença do pastor para orar por 3 pacientes que estavam nos seus últimos momentos de vida.
Quando cheguei no posto daquela enfermaria perguntei se podia orar pelo paciente que era o primeiro da lista. Obtida a autorização entrei no quarto e, espantado, vi que os monitores estavam zerados e o paciente não respirava. Voltei ao posto e relatei à enfermeira que o paciente havia “parado”. Também espantada, ela foi comigo até aquele leito e constatou a morte. Fiz uma rápida oração e fui ver os outros dois.
Quando terminei e ia saindo, uma senhora de uns quase 50 anos me aborda, se apresenta, diz que me reconheceu por ter visto uma pregação minha em uma Igreja na cidade dela, e pede que eu ore por seu marido ali internado, sedado e não muito bem de saúde. Conversei um pouco com ela, oramos e fui embora.
Na segunda-feira seguinte, essa senhora, Dona Ercília, me procurou no escritório da Capelania. Ela precisava conversar e orar, pois a situação do seu marido se agravou. Conversamos um pouco. Expliquei-lhe que ela teria que se preparar para tudo, tanto se conformar como manter a esperança. A Dona Ercília perguntou se o marido, mesmo sedado, podia ouví-la, pois ela gastou um bom tempo abraçada a ele orando, lendo a Bíblia e cantando alguns hinos que são da predileção dele. Quem respondeu a essa questão foi a Célia, da Capelania, que estava conosco. Ela afirmou que pode ser que não ouça, mas que, com certeza, o paciente sente a presença e o amor de seus queridos, isso podemos garantir.
Para conhecer melhor aquela pobre mulher, perguntei-lhe se tem filhos (não tem) e quantos anos de casados eles teem. Ela me respondeu: “Dentro de 2 meses íamos, ou vamos, não sei, completar Bodas de Prata”.
Estou acompanhando pacientes em estado terminal e seus familiares já faz muito tempo, e posso lhes garantir que não me acostumei com isso. Nós não fomos criados para morrermos, e por isso a morte nos incomoda, nos choca. Até o Senhor Jesus, diante da morte de Lázaro, chorou. O que nos sustenta é a fé na vida eterna.
Quero trazer à memória o que me pode dar esperança.” (Lamentações 3:21)
PARA REFLETIR:
Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo.” (1 Coríntios 15:55-57)

terça-feira, 17 de maio de 2011

UMA MÃE, UM FILHO E DEUS

A esperança de que aquele paciente portador do vírus da AIDS se recuperasse era bem pequena. Geralmente, os pacientes que se encontram nesse estágio da doença apresentam grandes variações em seu estado de saúde. Estão bem num dia, e no dia seguinte a situação se agrava; logo em seguida eles melhoram novamente para depois apresentarem outra piora. O problema é que a cada piora, a situação do paciente se agrava e fica cada vez mais difícil a recuperação. Essa era a situação de José. Ele estava enfrentando uma de suas piores crises. Mais tarde, como veremos, ele conseguiu se recuperar, mas naquele momento a situação era gravíssima.
Assim que fiquei sabendo do agravamento da doença de José, fui até o quarto para conversar com ele e com sua mãe, Dona Maria, que sempre estava ao lado dele. Minha intenção era prepará-los para o que viria depois da crise, e isso tanto poderia ser morte como recuperação.
Procurei trazer a mãe do paciente para um lugar mais sossegado para podermos conversar, e lá perguntei se ela estava precisando de alguma orientação. Imediatamente ela respondeu:
— Não quero saber dessa conversa sobre Deus. Fiz um acordo com Ele: se Ele não curar meu filho, não quero mais saber de Deus. Se Ele não pode me dar o que mais quero, para que eu preciso de Deus?
Se alguém perde um dos pais, é chamado de órfão; se perde o cônjuge, é chamado de viúvo ou viúva. Mas não existe palavra para designar alguém que perde um filho ou uma filha.
Embora reconhecendo o fato de que aquela mãe estava na iminência de sofrer a que talvez seja a pior dor emocional que uma pessoa é capaz de suportar, procurei argumentar que a imagem que ela tinha de Deus era bastante deturpada. Tentei mostrar a ela que sua concepção de Deus estava longe de ser real, isto é, ela queria um deus de acordo com sua conveniência, um deus que fosse uma mistura de Papai Noel e Gênio da Lâmpada, pronto para satisfazer os seus desejos. Ao ouvir isso, ela reagiu com palavras duras, dizendo:
— Eu o proíbo de falar sobre Deus comigo ou com meu filho. Será um prazer continuar recebendo suas visitas, mas não para falar de Deus. Se você insistir, vou pedir à direção do hospital para impedir suas visitas.
Não obedeci ao seu pedido, ou melhor, obedeci em parte. José se recuperou admiravelmente. Não toquei mais no assunto com Dona Maria, mas todas as vezes que eu ficava a sós com seu filho, procurava lhe falar de Deus e do seu maravilhoso plano de amor. A reação dele era de ceticismo. Até que certo dia um missionário americano foi até o Hospital das Clínicas para conhecer o nosso trabalho, e algo incrível aconteceu... mas antes considere esse versículo:
Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina (2 Tm 4.2).
Esse missionário norte-americano estava no Brasil para participar de uma conferência missionária, e demonstrou interesse em conhecer nosso trabalho no Hospital das Clínicas. Enquanto caminhávamos pelos corredores do hospital, lembrei-me que José, o paciente com AIDS era professor de inglês. Fomos imediatamente ao seu quarto, e ali chegando, expliquei ao missionário que poderia falar com ele em inglês. Os dois conversaram animadamente por longo tempo, observados por Dona Maria, que apesar de não entender uma palavra do que falavam, estava feliz e orgulhosa por ver o filho conversando com um americano. O que ela não sabia é que o americano estava falando de Jesus para ele. No fim da conversa, o missionário fez menção de orar, mas tive que impedi-lo, senão a Dona Maria não iria gostar. Depois que saímos do quarto, expliquei o que estava acontecendo e ele entendeu por que eu havia agido daquela forma.
Não sei dizer se José se converteu. O missionário acredita que sim, conforme me confidenciou mais tarde. Mas, uma coisa é certa: José teve a oportunidade de ouvir a mensagem do Evangelho de forma clara e objetiva. Essa é a nossa tarefa. O resto é com o Senhor.
Mas, a história ainda não terminou.
Depois de algum tempo, José apresentou uma boa melhora e recebeu alta do hospital. Não tive mais notícias dele até que certo dia, casualmente, soube através de um outro paciente que José havia falecido.
Tentei entrar em contato com a mãe dele, mas só consegui falar com ela seis meses depois da morte do filho. Ela ainda estava muito abalada com a sua grande perda, o que é compreensível, pois havia vivido os últimos anos em função do José. Dona Maria estava cumprindo o terrível "acordo" que havia feito com Deus: como Ele não havia curado seu filho, ela não queria mais nada com Deus.
Lembro-me de algumas coisas que ela disse quando nos encontramos:
"Não perdôo Deus pelo que Ele fez".
"Prefiro acreditar que Deus não existe a pensar que Ele fez isso comigo".
"Se Ele quiser me mandar para o inferno, pode mandar; sei bem o que é inferno, pois já vivo nele aqui mesmo".
Quanta amargura havia no coração daquela mãe! Quanta falta de sabedoria! Dona Maria tinha transformado o filho no seu "deus". Para ela, ele só tinha qualidades. Ela chegou a afirmar que o filho havia contraído a doença porque amava muito as pessoas. Pelo que conheci da vida do José, pude perceber que essa era uma forma equivocada de disfarçar seu estilo de vida promíscuo. Mas a mãe só conseguia enxergar o que queria ver!!
Com a morte do filho, uma parte dela também morreu. Mais do que isso: para ela, Deus também havia morrido.
Que diferença das palavras proferidas por Jó em meio ao sofrimento:
"Porque eu sei que o meu Redentor vive" (Jó 19.25).
Às vezes, chego a pensar que Deus evangelizou o filho de Dona Maria bem na sua frente, mas através de uma língua desconhecida para aquela empedernida mulher porque ela já tinha tido a oportunidade de ouvir o Evangelho, mas o rejeitou.
Preste atenção ao que a Bíblia diz: [...] o coração deste povo está endurecido, de mau grado ouviram com os seus ouvidos e fecharam os seus olhos; para não suceder que vejam com os olhos, ouçam com os ouvidos, entendam com o coração, se convertam e sejam por mim curados (Mateus 13.15).
Cegou-lhes os olhos e endureceu-lhes o coração, para que não vejam com os olhos, nem entendam com o coração, e se convertam, e sejam por mim curados (João 12.40).
E você, o que pensa sobre isso?

DEZ ANOS DEPOIS
Semana passada tive uma dessas experiências que só Deus mesmo para nos proporcionar. Quando já me encaminhava para ir embora, passando em frente à Capela do HC-UNICAMP, avisto a Dona Maria, ela mesmo, a mãe do José. De pijama do hospital, ao me ver ela se mostrou extremamente feliz pelo encontro. Ela fez uma cirurgia no coração, acabara de receber os papéis de alta e ia para o quarto se trocar para ir embora.
Como sou péssimo para guardar datas, foi ela que me situou no tempo: já se passaram 10 anos desde a época em que convivemos, convivência essa que foi interrompida pela morte do seu filho.
Conversamos um pouco e eu não deixei escapar a oportunidade de lhe perguntar: “A senhora se reconciliou com Deus?” e pode dar glórias a Deus pois a sua resposta foi um emocionado SIM.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

SER AMADO FAZ TODA A DIFERENÇA

O nome dela é, se não me engano, Maria Rita, a Ritinha. Ela deve ter uns 5 anos. Outro dia eu estava lendo em um jardinzinho que há na área comum do condomínio onde moro, quando essa menina veio até ali com uma flor na mão. A flor foi arrancada de um arbusto de outro jardim. A princípio fiquei contrariado de ver a flor arrancada do pé, mas quando a Ritinha me disse que ia levar para a mãe dela, eu gostei. As flores são feitas para ilustrar o amor, e sempre de uma forma bela.
E se existe uma coisa que me enternece é ver uma cena de amor entre mãe e filhos. Acho que não há coisa mais bela do que uma criança que sabe que é amada pela mãe e retribui com, por exemplo, uma flor.
O se sentir amado é essencial para a felicidade real de cada ser humano. Partindo do exemplo do amor materno e confrontando-o com o amor superior de Deus, o versículo da Bíblia que se segue é fantástico:
“Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti.” (Isaías 49:15)
Veja esse outro versículo no qual o próprio Senhor Jesus nos declara:
“Como o Pai me amou, também eu vos amei; permanecei no meu amor.” (João 15:9)
Você consegue avaliar a magnitude dessa realidade? O próprio Deus me ama! E a você também.
Eu sou amado, e isso basta.
PARA REFLETIR:
“Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.” (Romanos 5:8)

domingo, 15 de maio de 2011

PARA IR PENSANDO 19

As palavras dos sábios, ouvidas em silêncio, valem mais do que os gritos de quem governa entre tolos.” (Eclesiastes 9:17)
Três dias depois, o (Jesus) acharam no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os.” (Lucas 2:46)
Quem quer aprender tem que saber ouvir.

sábado, 14 de maio de 2011

DAR A VIDA MAS VIVO

No começo da minha vida cristã uma ilustração me impressionou bastante. Um pai chega para um garoto de 5 anos e explica, numa linguagem que o menino possa entender, que a irmã do mesmo precisa de uma transfusão de sangue e só o sangue do garoto é compatível. Depois de ouvir toda a explicação, o menino concorda em ser o doador, se dispõe e vai. Quando termina a coleta, a enfermeira tira a agulha do braço do guri e diz que acabou e, diante disso, o menino espantado pergunta: “Como acabou? Eu não ia morrer?”.
Isso ilustra muito bem o que está no seguinte versículo da Bíblia:
“Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos.” (1 João 3:16)
Eis uma questão crucial: o que é dar a vida por alguém?
Certa vez a enfermaria de pediatria do HC-UNICAMP, de repente ficou cheia de policiais muito bem armados. Eles estavam escoltando um presidiário, traficante de drogas muito perigoso, o qual havia conseguido do juiz uma autorização para ver o filho que estava desenganado na UTI. Quando eles chegaram, uma funcionária do hospital colocou algumas crianças que brincavam por ali, atrás de mim. Se houvesse alguma confusão eu serviria de escudo. Lembro-me de, na ocasião, ter pensado que é relativamente fácil darmos a nossa vida biológica por uma criança. Se percebermos que um inocente corre perigo, quase sem pensar nos arriscamos para protegê-lo. Difícil é darmos a nossa razão de viver! Podemos, e devemos dar a vida pelo outro e ainda continuar a viver. É a história de algumas crianças que deixam de estudar para tomar conta dos irmãos menores, ou de uma jovem que não se casa para cuidar dos pais já velhinhos, e muitos outros exemplos.
E, por fim, quem seriam os irmãos pelos quais devemos dar a vida? Nós, evangélicos, temos o mau hábito de só considerarmos como “irmãos” apenas aqueles que se converteram e que frequentam a nossa Igreja. Mas para João, o Evangelista, irmão é todo ser humano. Mesmo os ruins. Até aquele traficante que foi lá no hospital. Nós devemos amá-los. Sim, esse que você pensou também.
“Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.” (Romanos 5:8)
Você conhece o verdadeiro amor?
PARA REFLETIR:
“O próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” (Marcos 10:45)

PARA IR PENSANDO 18

“Pois, tu, SENHOR, desamparaste o teu povo, a casa de Jacó, porque os seus se encheram da corrupção do Oriente e são agoureiros como os filisteus e se associam com os filhos dos estranhos. A sua terra está cheia de prata e de ouro, e não têm conta os seus tesouros; também está cheia de cavalos, e os seus carros não têm fim. Também está cheia a sua terra de ídolos; adoram a obra das suas mãos, aquilo que os seus próprios dedos fizeram. Com isso, a gente se abate, e o homem se avilta; portanto, não lhes perdoarás.” (Isaías 2:6-9)
Notar que a prosperidade não significa prosperidade espiritual.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

MAIS VALE QUEM CAI E SE LEVANTA DO QUE QUEM NÃO ADMITE A QUEDA

Logo no começo da minha vida cristã eu fiquei fascinado com o fato de, a cada queda nós termos a chance de recomeçar e prosseguir.
Há uma música do Jorge Aragão, bem antiga por sinal, intitulada Volta Por Cima, a qual, a certa altura diz o seguinte: “...Um homem de moral/Não fica no chão/Nem quer que mulher/Lhe venha dar a mão/Reconhece a queda/E não desanima/Levanta, sacode a poeira/E dá a volta por cima”.
Uma das mais fatais armadilhas nas quais podemos ficar presos é, ou por influência dos demônios ou por nós mesmos, acharmos que após um pecado, estamos perdidos. Acreditamos então, que Deus não nos ama, nos rejeita, nunca mais vai nos usar e perdemos definitivamente a comunhão com Ele.
No entanto, observe esse versículo:
“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1 João 1:9)
Esse é o principal resultado da graça, da misericórdia e do amor. Deus é sempre longânimo para conosco, nós é que somos legalistas e perfeccionistas em tudo o que se refere à nossa vida. Como não conseguimos cumprir o ideal desejado, nos disfarçamos e vivemos hipocritamente. Até chegar ao ponto de acreditarmos que o nosso eu mentiroso é o nosso eu verdadeiro. Você não acredita que isso é possível? Então leia esse versículo:
“Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.” (Tiago 1:22)
Costumo afirmar que é fácil saber o que uma pessoa foi, difícil é saber quem ela quer ser. É sinal de maturidade seguir adiante:
“Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição (ou “maturidade”); mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” (Filipenses 3:12-14)
PARA REFLETIR:
“E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.” (2 Coríntios 5:17)

terça-feira, 10 de maio de 2011

ANTES EU DO QUE ELE

Sabe quando nós ficamos à toa, com as rédeas do pensamento soltas, e nos aparecem na mente algumas idéias esquisitas? Pois é, em uma dessas vezes eu fiquei pensando em como seria o meu velório: meu corpo no caixão, as pessoas em volta e eu, numa forma etérea, flutuando por ali, ouvindo o que de mim era dito. Entendo e considero que os velórios são para aqueles que ficam, é um ritual de despedida com um altíssimo valor terapêutico; não é primordialmente, como podemos pensar, uma homenagem ao morto. Mas geralmente o falecido é o assunto mais abordado.
Estou contando e observando essas coisas por causa do seguinte versículo bíblico que me ocorreu:
Era ele (Jeorão) da idade de trinta e dois anos quando começou a reinar e reinou oito anos em Jerusalém. E se foi sem deixar de si saudades; sepultaram-no na Cidade de Davi, porém não nos sepulcros dos reis.” (2 Crônicas 21:20)
Que triste, não é?! Se foi sem deixar saudades!
Lembro-me de uma paciente lá do HC, com 63 anos, alcoólatra, em estado terminal, não recebeu nem uma visita, nem de parentes nem de amigos. Morreu só. Só não, porque fiquei com ela até o fim.
Será que a minha morte vai ser uma perda ou um alívio para os que ficam?
PARA REFLETIR:
Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé.” (2 Timóteo 4:7)

segunda-feira, 9 de maio de 2011

AI

Aquela senhora só queria desabafar, conversar com alguém para, quem sabe, aliviar sua dor emocional. Em um dos corredores do hospital ela se sentou numa cadeira de uma sala de espera de um departamento, e me contou que seu irmão cometera o suicídio. Contou com detalhes. Cada palavra pronunciada por ela dava a impressão que saía machucando ainda mais.
Só que, por mais que tentasse, eu não conseguia dar a devida atenção. Eu estava calçando um sapato novo, não laceado, que me causava uma dor enorme no calcanhar do pé esquerdo. Eu até suave frio.
Logicamente a dor daquela senhora pela perda trágica do irmão era bem maior do que a do meu pé, mas a dor do meu calcanhar era em mim.
Muito se fala em termos empatia com o próximo sofredor, e é certo que o devemos fazer. Mas, isso eu só pude ver em dois exemplo, a saber, primeiro as mães que sofrem em si mesmas a dor dos filhos. Muitas delas, mas muitas mesmo, já me afirmaram, e eu acredito que é assim, que prefeririam que a dor fosse nelas em vez de ser nos filhos.
O segundo exemplo é mais contundente: Jesus Cristo não só teve empatia com as nossas dores como as sofreu em Seu próprio corpo, alma e espírito; tudo o que deveríamos experimentar.
“Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” (Isaías 53:4-5)
Não tem nem comparação a dor que meu sapato novo me causou com a que causei ao meu Senhor!
PARA REFLETIR:
“Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.” (Romanos 5:8)

domingo, 8 de maio de 2011

UMA DAS COISAS MAIS SUBLIMES É O MAMAR

Os braços de uma mãe são feitos de ternura e os filhos dormem profundamente neles”. (Victor Hugo)
Hoje a minha mãe (que eu apelidei de Nega) está velinha, 83 anos, e por isso não tem mais aquela habilidade que tinha antes, tanto que já quase não lida com o fogão. Mas ela fazia um bolinho de batata com salsicha dentro que era uma delícia! Quando ela os fazia era uma festa. E como a Denise não gosta de salsicha, a Nega fazia alguns com queijo, que também eram fantásticos.
Lembranças que enternecem meu coração mas que me deixam um pouco triste, pois são tempos irrecuperáveis. Hoje eu cuido da minha “véia”, não do jeito que gostaria, mas do jeito que posso.
Deus foi fantástico quando “bolou” esse negócio de mãe. Mãe, para mim, é algo sobrenatural. Veja, por exemplo, o que diz esse ditado judeu: “Uma mãe entende até o que um filho não diz”.
Uma das cenas bíblicas mais impressionantes é essa:
E junto à cruz estavam a mãe de Jesus, e a irmã dela, e Maria, mulher de Clopas, e Maria Madalena.” (João 19:25)
Maria, a mãe de Jesus, estava junto à cruz! Que sofrimento, que dor ela deve ter sentido! Ela foi a única pessoa de toda a humanidade que acompanhou Jesus Cristo por toda a Sua vida terrena.
Não é nada fácil ser mãe.
Para terminar, veja essa declaração do John Lennon: “Quando eu tinha 5 anos, minha mãe sempre me disse que a felicidade era a chave para a vida. Quando eu fui para a escola, me perguntaram o que eu queria ser quando crescesse. Eu escrevi “feliz”. Eles me disseram que eu não entendi a pergunta, e eu lhes disse que eles não entendiam a vida”.
PARA REFLETIR:
E todos os que o ouviam muito se admiravam da sua inteligência e das suas respostas. Logo que seus pais o viram, ficaram maravilhados; e sua mãe lhe disse: Filho, por que fizeste assim conosco? Teu pai e eu, aflitos, estamos à tua procura. Ele lhes respondeu: Por que me procuráveis? Não sabíeis que me cumpria estar na casa de meu Pai? Não compreenderam, porém, as palavras que lhes dissera. E desceu com eles para Nazaré; e era-lhes submisso. Sua mãe, porém, guardava todas estas coisas no coração.” (Lucas 2:47-51)

sábado, 7 de maio de 2011

PARA IR PENSANDO 17

“Estando as nuvens cheias, derramam aguaceiro sobre a terra; caindo a árvore para o sul ou para o norte, no lugar em que cair, aí ficará.” (Eclesiastes 11:3)
Nuvens escuras no horizonte muitas vezes são tristes, feias e escondem o sol. Mas ... trazem água, que é fundamental para a vida e por isso são uma benção.
Quanto à árvore caída, há coisas na vida que não podemos mudar.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

QUANDO MENOS SE ESPERA

O tema do retiro espiritual de jovens era “A segunda vinda de Cristo”. O local era uma chácara que tinha o que restou de uma antiga fazenda com seu casarão, a construção do que antes era a senzala e uma capela construída por escravos.
Como diretor do retiro eu dei instruções a todos os conselheiros e monitores: às duas horas da manhã, no salão do casarão eu faria soar um apito que seria escutado de todos os quartos. Todos do retiro deveriam, do jeito que estivessem (o máximo que poderiam fazer, por uma questão óbvia, era se enrolar em um cobertor) e irem para o salão imediatamente. Cabelos totalmente despenteados, rostos com creme, alguns envoltos nos cobertores, olhos inchados e vermelhos, foi uma cena muito estranha e divertida.
Quando todos chegaram eu alertei: a segunda vinda de Cristo vai ser assim, quando menos se espera.
Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor. Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que hora viria o ladrão, vigiaria e não deixaria que fosse arrombada a sua casa. Por isso, ficai também vós apercebidos; porque, à hora em que não cuidais, o Filho do Homem virá.” (Mateus 24:42-44)
Não me preocupa de forma alguma a dúvida sobre se irei para o céu ou não, pois sei que em Cristo minha salvação está garantida. Que eu vou eu sei, mas me preocupa o como vou.
Você gostaria que a vinda de Jesus Cristo se desse nesse instante? Por que?
PARA REFLETIR:
Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até no ocidente, assim há de ser a vinda do Filho do Homem.” (Mateus 24:27)

quinta-feira, 5 de maio de 2011

A BELA IDÉIA DE DEUS

Uma das mais difundidas formas de diversão entre os cristãos é falar mal da Igreja. Concordo que a Igreja, formada por seres humanos pecadores, proporciona inúmeros motivos para se falar mal dela. Mas não podemos nos esquecer que essa instituição é idéia do próprio Deus.
Por que será que Deus criou a Igreja?
Com certeza não foi para oferecer produtos aos cristãos com mentalidade consumista. Tais produtos seriam estudos bíblicos, eventos, música, sociabilidade, literatura, e por aí afora. Lembro-me de certa ocasião ter participado de uma reunião só de pastores e líderes. Um deles pediu a palavra e disse: “As pessoas da Igreja não sabem o que querem nem o que precisam. Cabe a nós, pastores e líderes, lhes determinar e ensinar-lhes isso”. Do meu ponto de vista, isso é um absurdo!
Todos nós sabemos o que precisamos. Podemos querer algo errado, ruim, pecaminoso, mas que sabemos, sabemos. Nem sempre o que queremos é o que precisamos, e sabemos disso, mas assim mesmo continuamos querendo.
Deus instituiu a Igreja para ser a agência distribuidora da graça, da misericórdia e do amor. Começando entre nós dentro da Igreja, podemos fazer com que as pessoas “lá de fora”, ao ver isso, pensem “É disso que preciso, é isso que eu quero”.
O que a sua Igreja tem para oferecer? O que ela tem oferecido? Lembre-se que você faz parte integrante da mesma.
PARA REFLETIR:
“Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.” (Hebreus 10:25)

quarta-feira, 4 de maio de 2011

GANHEI A TARDE

No quarto só estava o João Vitor deitado em seu berço hospitalar. O João Vítor tem a doença conhecida como “ossos de vidro”, pois os mesmos se partem com muita facilidade (quando nasceu, quase todos os seus ossos se partiram). Ele vai fazer 8 anos dentro de 4 meses mas, seu corpo é tão castigado pela doença que o fez miudinho e deformado. Seus bracinhos e perninhas são só ossos, seu abdômen é distendido e apesar de todas as sequelas, ele é muito bonitinho.
Entrei e me coloquei entre a janela do quarto e o berço. A mãe do Joãozinho tinha saído para fazer não sei o que, e ele estava ali, deitado e só, assistindo a um desenho animado no DVD-player. O João estava triste por estar sozinho, e por essa razão resolvi ficar com ele.
Detalhe importantíssimo que eu esqueci de contar: devido ao fato de o João Vitor depender totalmente de um respirador mecânico e também por causa de sua enorme debilidade, ele não pode nem nunca vai poder sair do seu berço.
Então resolvi ficar ali com ele. “Cantamos” juntos as músicas do DVD, nos chacoalhamos imaginando que dançávamos, e principalmente rimos muito.
Passei quase que a tarde inteira ali. No meu horário de serviço.
Será que Jesus Cristo, se estivesse em meu lugar, faria o que fiz? Eu acredito que sim. E o que você fez, por exemplo, ontem à tarde, Ele teria feito o mesmo?
PARA REFLETIR:
“Então, lhe trouxeram algumas crianças para que as tocasse, mas os discípulos os repreendiam. Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele. Então, tomando-as nos braços e impondo-lhes as mãos, as abençoava.” (Marcos 10:13-16)

terça-feira, 3 de maio de 2011

PRATICANDO A TEORIA

Certa vez fui visitar, ali no HC-UNICAMP, um determinado paciente, que deve ter entre 35 a 40 anos. Sua internação estava quase a completar um mês. Ele é um cristão que leva Deus a sério. Seu problema de saúde não é dos mais fáceis.
Para evitar que ele desanimasse ou entrasse em depressão, li com esse paciente os seguintes versículos:
Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança.” (Tiago 1:2-3)
Após a leitura perguntei se ele acreditava naquilo que acabáramos de ler. Sua resposta foi rápida e previsível: "É claro que eu acredito, pois está na Bíblia!". Mas quando lhe perguntei se ele tinha os seus sofrimentos como motivo de alegria, após gaguejar e engasgar um pouco, ele honestamente admitiu que isso era difícil.
Dali em diante o nosso bate-papo girou em torno de confiarmos ou não em Deus. Mas, quando mais tarde eu pensei um pouco mais profundamete sobre esse assunto, pude ver que o ponto principal, que está além da confiança, é a perspectiva pela qual olhamos as aflições.
Um versículo um pouco adiante do que lemos nos faz olhar os sofrimentos pela perspectiva da eternidade:
“Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam.” (Tiago 1:12)
Não podemos perder de vista que tudo o que fazemos ou deixamos de fazer aqui na terra tem repercussão na eternidade. Um exemplo: se não aprendermos a amar aqui na Terra, vamos entender bem menos do amor de Deus lá no céu.
As aflições consolidam em nossos corações valores que serão fundamentais lá no céu. Como disse São Francisco de Assis, devemos deixar Deus ser Deus e fazer conosco o que é melhor.
Como nos portamos nos momentos de crise? Veja a advertência que a Bíblia nos faz: “ Se te mostras fraco no dia da angústia, a tua força é pequena.” (Provérbios 24:10)
A força nos vem quando olhamos para Deus.
“Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória.” (Colossenses 3:1-4)

segunda-feira, 2 de maio de 2011

O QUE É QUE EU IA FALAR?

Durante alguns meses acompanhei um paciente que havia levado, acidentalmente, um tiro no abdômen. No processo de recuperação o Maurício (vamos chamá-lo assim) acabou pegando uma infecção muito forte. Devido aos muitos medicamentos e à própria infecção, durante um bom período ele perdeu a memória recente. Era como aquele filme “Como se fosse a primeira vez”. Todo dia a esposa do Maurício, a Débora, me apresentava a ele: “Querido, esse é o Pastor Chico, ele tem vindo ver você todos os dias”. Ele apertava a minha mão, dizia muito prazer, e começávamos a conversar. No dia seguinte era a mesma coisa: “Querido, esse é o Pastor Chico, ele tem vindo ver você todos os dias”.
A Thaís, voluntária lá no HC pelo Projeto TUM-TÁ, foi quem relacionou essa patologia com o fato, não raro por sinal, de diariamente nos esquecermos do que Deus nos fez recentemente. Ou do próprio Deus, ou dos pecados que cometemos, enfim, muitas vezes padecemos da “perda da memória espiritual recente”.
Veja esse exemplo bíblico:
Jesus disse: —Os homens que foram curados (da lepra) eram dez. Onde estão os outros nove? Por que somente este estrangeiro (samaritano) voltou para louvar a Deus?” (Lucas 17:17-18 NTLH)
Eu entendo que essa é uma das razões pelas quais somos exortados a viver o cristianismo a “cada dia”:
Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me.” (Lucas 9:23)
PARA REFLETIR:
Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti.” (Isaías 49:15)

domingo, 1 de maio de 2011

PARA IR PENSANDO 16

“Zerá, o etíope, saiu contra eles, com um exército de um milhão de homens e trezentos carros, e chegou até Maressa. Então, Asa saiu contra ele; e ordenaram a batalha no vale de Zefatá, perto de Maressa. Clamou Asa ao SENHOR, seu Deus, e disse: SENHOR, além de ti não há quem possa socorrer numa batalha entre o poderoso e o fraco; ajuda-nos, pois, SENHOR, nosso Deus, porque em ti confiamos e no teu nome viemos contra esta multidão. SENHOR, tu és o nosso Deus, não prevaleça contra ti o homem. O SENHOR feriu os etíopes diante de Asa e diante de Judá; e eles fugiram. Asa e o povo que estava com ele os perseguiram até Gerar; e caíram os etíopes sem restar nem um sequer; porque foram destroçados diante do SENHOR e diante do seu exército, e levaram dali mui grande despojo. Feriram todas as cidades ao redor de Gerar, porque o terror do SENHOR as havia invadido; e saquearam todas as cidades, porque havia nelas muita presa. Também feriram as tendas dos donos do gado, levaram ovelhas em abundância e camelos e voltaram para Jerusalém.” (2 Crônicas 14:9-15)
Releia esse trecho:
“Clamou Asa ao SENHOR, seu Deus, e disse: SENHOR, além de ti não há quem possa socorrer numa batalha entre o poderoso e o fraco; ajuda-nos, pois, SENHOR, nosso Deus, porque em ti confiamos e no teu nome viemos contra esta multidão”.
A melhor situação, para nós, é quando todos os nossos recursos se esgotam e não temos outro ajudador que se compare a Deus. Duro é quando, mesmo assim, insistimos em não confiar n'Ele.