Já notou que o pecado que nós mais cometemos (o “pecado de estimação”, ou como vi ser chamado outro dia, “pecado de fundo”), esse pecado é o que mantemos mais escondido? Mas, como diz o ditado popular, “o Diabo ajuda a fazer mas não ajuda a esconder”, há já um bom tempo eu pequei e a coisa veio a público.
Pequei e fui disciplinado com o rigor requerido pela Palavra de Deus. Na época uma moça me procurou preocupada por nunca ter sido disciplinada, muito embora ela saber que era tão pecadora quanto eu. Essa moça se referia, logicamente, ao seguinte trecho da Bíblia:
“Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.” (Apocalipse 3:19)
Ser disciplinado foi, para mim, um presente do céu. Me fez melhor, muito melhor.
Me deu a chance de ser um exemplo de uma pessoa que caiu (pecou) e foi levantado por Deus. Isso é desfrutar da GRAÇA.
“De nenhum modo me lembrarei dos seus pecados e das suas iniqüidades, para sempre.” (Hebreus 10:17)
Paulo se dizia o maior pecador. Já fiz isso, mas mais por falsa modéstia, não tanto para ser transparente e admitir que peco. Talvez eu quisesse “parecer” grande como Paulo, ou maior que ele.
Fato é que pecamos e não o admitimos, e ainda fingimos que somos santos.
PARA REFLETIR:
“Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” (Filipenses 3:13-14)
Caro irmão, você não acha que um pastor vindo a público admitir que pecou compromete todo o cristianismo? Existem certos erros que os pastores não podem se dar o luxo de cometer. Dois exemplos: um é pecar, e o outro é confessar publimente que pecou.
ResponderExcluirA PAZ, Ezequiel da Silva.
Caro Xyko,
ResponderExcluirExcelente reflexão, ainda mais tendo como pano de fundo a Parábola do Filho Pródigo, representada magnificamente no quadro de Rembrandt.
Pois é, ainda teimamos em assumir a postura farisaica, arrogante e totalmente anti-critã do filho mais velho... se considerava perfeito e achava que só ele deveria receber as recompensas do Pai. Além disso, humilha ainda mais o irmão mais novo e tenta excluí-lo totalmente do Amor do Pai.
Mas o velho Pai mostra que não é assim que as coisas funcionam na sua casa (no seu Reino)... o verdadeiro Amor perdoa sempre e acolhe o humilhado.
Gosto de pensar que dentro de nós tem um irmão mais novo e um mais velho, como na parábola. Enquanto não seguirmos o mandamento do Amor conosco mesmos, ou seja, perdoarmo-nos e aceitarmo-nos integralmente, o rosto do "Pai" não vai brilhar em nós, como no maravilhoso quadro do mestre do claro-escuro... ficar posando de perfeito e de "não-pecador" além de falso, acaba fazendo mal à saúde.
Não importam o que digam os fundamentalistas de plantão, que belo exemplo de exercício de humildade você nos deu a todos... como sempre.
Paz,
Caro Ezequiel da Silva, não entendi seu comentário: o pastor NÃO pode pecar ou não pode CONFESSAR publicamente que pecou?! De qualquer forma os dois pensamentos não são biblicos!
ResponderExcluirCaro Anônimo, eu baseei minha idéia nos seguintes versículos da Bíblia, que eu creio ser a PALAVRA DE DEUS:16 Disse mais o SENHOR a Moisés: 17 Fala a Arão, dizendo: Ninguém dos teus descendentes, nas suas gerações, em quem houver algum defeito se chegará para oferecer o pão do seu Deus. 18 Pois nenhum homem em quem houver defeito se chegará: como homem cego, ou coxo, ou de rosto mutilado, ou desproporcionado, 19 ou homem que tiver o pé quebrado ou mão quebrada, 20 ou corcovado, ou anão, ou que tiver belida no olho, ou sarna, ou impigens, ou que tiver testículo quebrado. 21 Nenhum homem da descendência de Arão, o sacerdote, em quem houver algum defeito se chegará para oferecer as ofertas queimadas do SENHOR; ele tem defeito; não se chegará para oferecer o pão do seu Deus. 22 Comerá o pão do seu Deus, tanto do santíssimo como do santo. 23 Porém até ao véu não entrará, nem se chegará ao altar, porque tem defeito, para que não profane os meus santuários, porque eu sou o SENHOR, que os santifico. 24 Assim falou Moisés a Arão, aos filhos deste e a todos os filhos de Israel.” Levítico 21:16-24
ResponderExcluirA PAZ, EZEQUIEL DA SILVA.
Meu caro Xyko,
ResponderExcluirAcho que cheguei a comentar com você um recente artigo do Prof. Rubem Alves que saiu no Correio Popular (caderno C, 22 de maio).
Ele comenta e condena, com bastante ironia, a compreensão literal do Antigo Testamento, principalmente do grupo de cinco livros mais antigo da Bíblia.
Não há dúvidas que o Livro Sagrado foi inspirado por Deus, mas o professor e teológo chama a atenção para não cairmos no fundamentalismo de acreditarmos que o que está escrito deve ser obrigatoriamente obedecido para sempre, crer que "aquilo que Deus ordenava milênios atrás é válido para hoje e para todos os tempos futuros."
O que ele chama a atenção é para a contextualização histórica que deve ter qualquer interpretação das Escrituras, daí a responsabilidade de todos nós cristãos.
Alves cita uma carta encaminhada a uma locutora de rádio americana fundamentalista que se dedicava a julgar fria e confortavelmente os problemas humanos à luz versículos dos livros do Antigo Testamento, inclusive o homossexualismo.
Muitos desses livros (como o Levítico) foram escrito como guias sanitários e dietéticos, também com normas morais e sexuais, além de prevenção de doenças para o povo judeu que vivia as provações do deserto, então tinham que ser realmente muito rígidos.
Na carta são solicitadas orientações para o cumprimento de algumas normas como:
- Como vender a filha como escrava (Ex 21, 7)
- Como possuir escravos, homens ou mulheres, que não sejam de países vizinhos (Lev 25, 44)
- Como saber se a mulher está ou não menstruada, já que é proibido manter contato com ela nessa fase (Lev 18, 19; 20, 18, etc.)
- Como matar aqueles que trabalham no sábado, como orienta Ex 35, 2
- Como se aproximar do altar de Deus aqueles que tem problemas (defeitos) na vista e que usam óculos (Lev 21, 18-21)
- Como jogar futebol sem tocar a pele de um porco morto, já que muitas bolas são feitas desse material (Lev 11, 6-8)
- Como devemos matar aquele que planta dois tipos diferentes de semente no mesmo campo, ou usa dois tipos diferentes de fios em sua roupa (como poliéster e algodão) citado em Lev 19, 19
Enfim, esses exemplos, para mim até bem humorados e irônicos, devem nos fazer refletir sobre as condições históricas e culturais do tempo em que vivia o povo de Israel, uma vez que a Sabedoria Divina que inspira os escritores sagrados não os separa de sua língua, costumes, hábitos, etc.
Nisto está o milagre da Bíblia, um livro Divino, escrito por humanos, por isso acessível aos humanos.
O discernimento e entendimento são dons de Deus que não devem ser colocados de lado na leitura bíblica, afinal, se fomos criados "à imagem e semelhança" Dele, usarmos a razão e a consciência é o mínimo que nos cabe, pois foi isso que nos colocou no ápice da criação.
E Jesus nos ensina isso de forma cabal: ao invés de julgar os outros, devemos passar tudo pela Lei do Amor.
Essa sim, acredito que seja a única Lei que é eterna... pois "a letra mata, mas o Espírito vivifica" (II Cor 3, 6).
Muita Paz