terça-feira, 29 de abril de 2008

A MISERICÓRDIA TRIUNFA SOBRE O JUÍZO

COMO DEUS NOS VÊ
Eu havia acabado de pecar.
Sozinho na sala de casa, eu chorava. Dificilmente eu choro, mas naquele momento minha tristeza era tão grande que as lágrimas vertiam fáceis. Uma das coisas que me incomodava era a impressão de estar sujo por dentro.
Lembro-me que sentia medo. Medo de que duas coisas acontecessem: primeira, ser descoberto e segunda, Deus não querer me usar mais.
Medo de ser descoberto. Quando uma pessoa escorrega, ou tropeça, geralmente a primeira reação após recuperar o equilíbrio é ela olhar em volta para ver se tem alguém olhando. Só depois é que olha para o chão para ver o que causou o susto.
Certa vez, conversando com um homem que naqueles dias havia sido pego em adultério, aprendi com ele um ditado popular que na maior parte das vezes é verdadeiro: "O Diabo ajuda a fazer mas não ajuda a esconder".
Uma ressalva que faço a isso é que não é sempre que preciso de ajuda do inimigo para pecar. Muitas vezes eu sei me virar sozinho.
Aquele homem adúltero, mesmo tendo sido pego, até onde eu sei, até hoje não se arrependeu.
No que se refere ao pecado, mesmo que as pessoas não o descubram, Deus sabe. Todo pecado que cometemos nós o fazemos na frente de Deus!
"Acaso, sou Deus apenas de perto, diz o SENHOR, e não também de longe? Ocultar-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? —diz o SENHOR; porventura, não encho eu os céus e a terra? —diz o SENHOR." (Jeremias 23:23-24)
Por que não levamos isso em conta ao pecar?
Penso que é porque não podemos perceber (fisicamente) o olhar de Deus sobre nós.
Medo de Deus não querer me usar mais. Como eu estava dizendo, eu havia acabado de pecar e estava chorando por causa disso. "Agora é que Deus não vai querer me usar", eu pensava.
Nisso o telefone toca. Atendo ou não atendo? Resolvi atender. Era um pastor amigo meu me convidando para, já naquele domingo, pregar na Igreja dele. Aceitei o convite, agradeci e desliguei o telefone.
E continuei a chorar, só que agora de alegria.
No domingo, na Igreja daquele pastor que me telefonou, comecei a mensagem afirmando que se eles soubessem dos meus pecados, nunca me convidariam para pregar.
Contei a minha experiência daquela semana (sem entrar em detalhes, é claro) e falei sobre a misericórdia de Deus, usando João 8:1-11.
MISERICÓRDIA E JUÍZO
Quando recentemente passei por uma crise similar à que relatei acima, me deparei com as seguintes palavras do final do versículo 13 do segundo capítulo de Tiago:
"A misericórdia triunfa sobre o juízo".
Uma ótima ilustração da aplicação dessa verdade está na passagem da mulher pega em flagrante adultério e que foi levada à presença de Jesus (João 8:1-11).
Vamos nos limitar a refletir sobre a situação daquela pobre mulher (será que alguém vai discordar de eu ter adjetivado a mulher de "pobre"?).
Primeiro ela deve ter sentido vergonha por ter seu pecado sido exposto publicamente. Cheguei a pensar que ela não teve esse sentimento, talvez sendo uma sem-vergonha. Conversando sobre isso com a minha mulher ela comentou que provavelmente ela teve vergonha, observando que ela era uma adúltera, e não uma prostituta não arrependida. Concordo com a Denise.
Ela também deve ter sentido o desprezo hipócrita e a rejeição das pessoas que a levaram até Jesus.
Com certeza ela sentiu medo, pois corria o risco de ser apedrejada até morrer.
Note que Jesus Cristo não a constrangeu com o seu olhar, pois Ele estava inclinado, escrevendo com o dedo na terra.
Em seguida, quando estava a sós com ela, Jesus foi misericordioso para com aquela pecadora.
Misericórdia é a bondade, o amor e a graça de Deus para com os pecadores.
Conforme aprendemos na EBD, graça é "favor imerecido". Indo um pouco além, sem desqualificar essa primeira definição, expliquemos graça como a maneira como Deus nos vê apesar de sermos o que somos.
Quando Jesus Cristo se despediu daquela mulher dizendo "vai e não peques mais", ele estava lhe dando oportunidade para não pecar.
É assim que Deus trata conosco também.
PECADINHO E PECADÃO
Às vezes eu fico preocupado com o testemunho de conversão de pessoas que eram viciadas, ou traficantes, ou que se prostituíam, e outras coisas do gênero.
O que me preocupa é que tais testemunhos podem dar a falsa impressão de que eles é que são pecadores, não nós.
Devemos lembrar que para Deus não existe pecadinho e pecadão. Qualquer pecado quebra a nossa comunhão com Deus.
Com isso em mente, passemos para uma nova reflexão.
O FARISEU E A PECADORA
Além do texto da mulher que foi pega em adultério, há um outro que também ilustra o princípio que diz que a misericórdia triunfa sobre o juízo. E vamos ver também que o perdão gera amor. O texto é o que conta o episódio de Jesus ser ungido por uma pecadora, fato que levou um fariseu, chamado Simão, a se indignar (Lucas 7:36-50).
Existem fariseus e pecadores hoje?
Claro que sim. mas veja bem. Farisaísmo é a religião legalista que não considera a misericórdia e a graça de Jesus Cristo. Conheço alguns dos fariseus de hoje. Conviver com eles é muito difícil.
Já a expressão "pecador(a)" tem um significado diferente do que a palavra tem hoje em dia. Havia um grupo de pessoas que, por serem consideradas cerimonialmente impuras, não podiam oferecer sacrifícios de animais no Templo. por isso, na concepção religiosa da época, os pecados dessas pessoas "não eram considerados perdoados". Esses eram chamados de pecadores. Esse grupo abrangia os publicanos, os leprosos e as prostitutas.
Então, essa mulher do texto que lemos acima, a qual ungiu os pés de Jesus, provavelmente era uma prostituta.
Uma pergunta para reflexão. Quem pode ser considerado mais pecador (no sentido primário da palavra): aquela mulher, o fariseu Simão, eu ou você?
Como será que aquela mulher dormiu aquela noite? Eu acredito que sozinha. Mas, mais importante do que isso, creio que ela dormiu em paz. Afinal, o próprio Senhor Jesus se despediu dizendo para ela ir em paz. Para as pessoas, ela sempre seria uma prostituta, mesmo parando com sua vida pecaminosa. Mas com Deus é diferente:
"Pois, para com as suas iniqüidades, usarei de misericórdia e dos seus pecados jamais me lembrarei." (Hebreus 8:12 RA)
"Também de nenhum modo me lembrarei dos seus pecados e das suas iniqüidades, para sempre." (Hebreus 10:17 RA)
Você tem dormido em paz?
E DAÍ?
Leia com muita atenção os seguintes versículos:
"Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram, bem como aos malfeitores, um à direita, outro à esquerda. 34 Contudo, Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Então, repartindo as vestes dele, lançaram sortes." (Lucas 23:33-34)
Vou descrever como eu imagino que tais fatos aconteceram.
Jesus estava totalmente debilitado por causa da tortura e da humilhação que tinha sofrido e ainda estava sofrendo.
Enquanto alguns soldados romanos montavam a cruz deitada no chão (que talvez não era tão alta quanto algumas pinturas mostram e provavelmente tenha sido levada desmontada), outros tiravam a roupa que cobria o corpo todo machucado de Jesus.
Depois deitaram o meu Senhor sobre a cruz, seguraram firmemente um dos seus braços, puseram um dos cravos na posição, e martelaram com força.
PÉIM, PÉIM, PÉIM ...
Depois na outra mão, e ainda também nos pés.
PÉIM, PÉIM, PÉIM ...
Só então é que levantaram a cruz, colocando-a no buraco que a sustentou em pé.
Tudo isso, com certeza, provocou uma dor terrível em Jesus Cristo.
Tudo por causa do meu pecado.
Tudo por causa do seu pecado.
Tudo por causa do nosso pecado.
Tudo por causa do pecado de todos.
Ali a justiça de Deus foi satisfeita, e assim a misericórdia pôde triunfar.
E A PEDRO
"Passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem embalsamá-lo. E, muito cedo, no primeiro dia da semana, ao despontar do sol, foram ao túmulo. Diziam umas às outras: Quem nos removerá a pedra da entrada do túmulo? E, olhando, viram que a pedra já estava removida; pois era muito grande. Entrando no túmulo, viram um jovem assentado ao lado direito, vestido de branco, e ficaram surpreendidas e atemorizadas. Ele, porém, lhes disse: Não vos atemorizeis; buscais a Jesus, o Nazareno, que foi crucificado; ele ressuscitou, não está mais aqui; vede o lugar onde o tinham posto. Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vai adiante de vós para a Galiléia; lá o vereis, como ele vos disse." (Marcos 16:1-7 )
Por que essa distinção a Pedro? Eu tenho para mim que é o processo de restauração daquele que, mesmo avisado, negou o Senhor 3 vezes.
Quando aquele anjo orientou as mulheres a enviarem os discípulos à Galiléia para se encontrarem com Jesus já ressurrecto, ele transmitiu um "convite" especial e pessoal a Pedro. Penso que se não fosse assim, esse discípulo não iria, por causa do que tinha feito.
E depois há uma aparição do Senhor, após a ressurreição, exclusiva a Pedro!
"Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. 5 E apareceu a Cefas e, depois, aos doze." (1 Coríntios 15:3-5)
Fico tentando imaginar como deve ter sido esse encontro. Quanto tempo durou? O que será que eles conversaram? Os olhares tranqüilizadores de Jesus Cristo. Acho que Pedro chorou.
De qualquer forma, a mensagem final para Pedro deve ter sido essa:
"Pois, para com as suas iniqüidades, usarei de misericórdia e dos seus pecados jamais me lembrarei" (Hebreus 8:12).

segunda-feira, 28 de abril de 2008

QUE TAL FAZER ALGO DIFERENTE?

Escreva para alguém distante no tempo e no espaço. Faça uma visita. Deixe a TV desligada. Faça um desenho. Dê um presente a alguém sem motivo algum. Vá até um bosque e dê um passeio dentro dele. Leia uma poesia. Faça uma poesia. Vá a um museu. Elogie de verdade a alguém. Faça e coma uma comida que você nunca experimentou (por exemplo: pizza de mussarela com pedaços pequenos de goiabada; eu acho uma delícia). Faça uma atividade ao ar livre. Tome chuva. Tome sol. Passeie ao luar. Em vez de ir passear no shopping, compre um pacote de biscoito de polvilho e leve-o a alguém que esteja doente. Se for inverno, chupe uma mexerica tomando sol, se for verão, tome um suco geladinho à sombra de uma árvore. Chame um amigo ou uma amiga e revejam suas fotos antigas. Plante uma flor. Plante uma árvore. Convide alguém que você gosta para almoçar ou jantar. Convide alguém que você não gosta para almoçar ou jantar.
Pense. Leia a BÍBLIA.

domingo, 27 de abril de 2008

A MOÇA DE OLHAR TRISTE

Quando, lá no hospital, vi o olhar triste daquela moça, de 20 e tantos anos, me aproximei do berço de sua filhinha, que naquele momento ela cuidava, e puxei conversa. Depois de um certo tempo eu comentei sobre a tristeza estampada nos seus olhos. Ela, com um sorriso, e lágrimas nos olhos, me disse que nunca foi feliz!
Seus pais são separados, o pai é alcoólatra, e a mãe nunca lhe deu a mínima atenção, muito menos carinho e amor. Essa jovem sempre viveu ora na casa de uma tia, ora na casa de outra. Nunca teve um lar e nem uma família.
Sua filha, (é a segunda, a primeira morreu com 5 meses) hoje com 3 anos, tem seqüelas gravíssimas decorrentes de uma prolongada parada cárdio-respiratória. O pai dessa criança é um presidiário.
Outro dia eu fiquei um tempão chorando junto com a "moça de olhar triste".
Durante todo esse tempo que tenho acompanhado essa jovem, ela só me pediu uma coisa: que eu seja seu amigo. Pois aí ela terá 2 amigos: Deus e eu.
Essa menina fala de Deus com uma convicção e uma consciência da divina presença a seu lado que são impressionantes! Cheguei a ficar envergonhado da maneira como eu falo d’Ele.
Só que tem um negócio: ela diz que não vai mais à Igreja. Nem católica nem evangélica. Ela alega que nas Igrejas se fala muito de Deus mas não se vive com Deus!!
Pois a moça de olhar triste entrou em depressão. Apática, desanimada, não comia nem dormia direito. Em um determinado dia eu lhe perguntei o que ela fez no dia anterior, pois não viera ver a filha. Ela respondeu que ficou deitada olhando para o teto. O dia inteiro! A psicóloga da Pediatria, conversou com ela um bom tempo, e lhe prometeu falar com o psiquiatra para ele receitar um anti-depressivo.
Depois da psicóloga, eu tive a oportunidade de conversar muito com a nossa moça triste. Injetei nela uma dose maciça de esperança em Deus. Depois dessa conversa eu não a vi mais. Ela é de outra cidade.
E o pior é que eu não posso esperar que ela busque ajuda em uma Igreja Cristã lá onde ela mora! Ela não vai fazer isso pelo motivo que expliquei anteriormente.
Por que será que nós, cristãos, salvo as exceções, não fazemos nas nossas Igrejas um ambiente acolhedor para os aflitos e necessitados?
Penso que é por não conhecermos a Deus como deveríamos conhecer.
"Assim diz o SENHOR: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte, na sua força, nem o rico, nas suas riquezas; mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o SENHOR e faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o SENHOR." (Jeremias 9:23-24)
"Julgou a causa do aflito e do necessitado; por isso, tudo lhe ia bem. Porventura, não é isso conhecer-me? —diz o SENHOR." (Jeremias 22:16)
Uma observação: a moça de olhar triste é uma prostituta.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

TRABALHO DURO

Alguém vem caminhando pela rua. Parece uma pessoa normal, como tantas outras, mas conforme ela se aproxima você percebe que há algo diferente e desagradável nela, algo que faz com que as outras pessoas se afastem. Quando ela chega perto você vê claramente que há uma substância gosmenta e malcheirosa sobre os seus ombros, que escorre pelo peito e pelas costas, e desce pelos braços e pernas, dando-lhe uma aparência repugnante. Olhando bem, obviamente você consegue separar, fazer distinção entre a pessoa e aquela substância disforme grudada nela, e é provável que você até se compadeça de sua situação.
Assim é o pecado na vida de uma pessoa. Assim é o pecado em nós.
No hospital onde trabalho, costumo atender pessoas de todos os tipos. Elas vêm em busca de um conselho, de uma palavra de conforto ou apenas para conversar. São travestis, prostitutas, dependentes químicos, enfim, pessoas geralmente marginalizadas pela sociedade. No início, era difícil distinguir pecado e pecador. Tinha dificuldade para colocar em prática uma frase ouvida e repetida tantas vezes: "Deus odeia o pecado, mas ama o pecador". Eu odiava o pecado, mas não amava o pecador. Principalmente porque na maior parte das vezes ficava evidente que o pecador amava aquela coisa repugnante e terrivelmente malcheirosa apegada a ele. Os seres humanos (isso inclui eu e você) muitas vezes amam o pecado! A ilustração acima me fez entender que devo amar todas as pessoas, sem exceção.
Como agir, por exemplo, diante de um comportamento homossexual? Da mesma forma como devemos agir diante de um fofoqueiro, ou mentiroso, ou assassino, ou adúltero e tantos outros pecadores. Devemos olhar para o pecador procurando enxergar o que está por baixo daquela substância grudada nele. Precisamos descobrir ali a pessoa que Deus planejou que ela fosse, e não a pessoa que ela é. Costumo dizer que é fácil saber o que a pessoa é, difícil é saber o que ela quer ser. Se nós realmente amarmos as pessoas, seremos instrumentos nas mãos de Deus para transformá-las naquilo que o Pai planejou que elas fossem. E como disse uma grande amiga minha, a Ana Paula, "amar é querer que o outro vá para o céu".
Cabe aqui uma palavra de advertência a todos aqueles que pretendem se envolver nesse ministério. Geralmente, as pessoas que trabalham com evangelização de travestis, prostitutas, viciados etc. são identificadas com esses grupos, e acabam recebendo o mesmo tratamento preconceituoso reservado a "esse tipo de gente". Mas se não nos envolvermos com as pessoas, como poderemos levar a elas a mensagem do evangelho? Jesus Cristo nos deu o exemplo ao enfrentar pressões desse tipo, mas atualmente, são poucos os cristãos que estão dispostos a sofrer pelo evangelho.
Mas ainda precisamos rever uma outra questão extremamente relevante: nossas igrejas estão preparadas para receber travestis, prostitutas e drogados? Temos o direito de impor condições para recebê-los? Que tipo de condições? Como você reagiria diante de tal situação?
Qual é a sua opinião? Ela é muito preciosa para nós.

terça-feira, 22 de abril de 2008

A VIDA QUE PEDI A DEUS

Um cohecido meu, ao se aposentar, me disse que agora iria viver como sempre desejou, ou seja, sem fazer nada o dia inteiro. Isso durou no máximo uns 4 ou 5 meses. A princípio foi a mulher que não agüentou a situação, depois foi ele mesmo. Logo ele voltou a trabalhar.
Muitas vezes a vida que planejamos para nós é frustrante, mas a vida que Deus idealizou para cada um daqueles que colocam sua confiança em Cristo é real e genuína, ativa e vigorosa, abençoada, em parte já aqui neste mundo e depois da ressurreição a ser consumada por novas bênçãos (entre elas, um corpo perfeito) que permanecerão para sempre.
“O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” (João 10:10 RA)
Você é feliz com a vida que você leva?

quarta-feira, 16 de abril de 2008

ESTÁ SERVIDO?

Imagine que você tenha convidado uma pessoa para jantar. Pessoa importante. Você coloca a melhor toalha de mesa, os melhores talheres, a melhor louça, faz a sua especialidade no capricho, enfeita a travessa de forma que a comida fique gostosa e bonita. Aí o convidado vem, senta, olha tudo e diz que não vai comer. Quando você pergunta a razão ele afirma que os talheres não estão na posição correta e a toalha tem uma pequena mancha. Depois disso você vai chegar seguramente a 2 conclusões: 1ª) seu convidado é mau educado e 2ª) ele não está com fome. Se você convida alguém morrendo de fome, pão murcho com manteiga na porta da cozinha, de pé perto do lixo é banquete.
Assim acontece com as pessoas que vão à Igreja sem fome de Deus. Elas enxergam defeito em tudo. Mas quando elas têm fome e sede ...
Você tem fome e sede de Deus?

terça-feira, 15 de abril de 2008

PENSE NISSO 23


As pessoas que convivem com você e não são da sua família, sabem que você é cristão (ou cristã)? Por que?

segunda-feira, 14 de abril de 2008

FÉ OU FANATISMO?

Certa ocasião fui convidado para fazer uma palestra a um grupo de pessoas que participavam de um acampamento. O tema escolhido pelo grupo parecia pouco apropriado para um retiro: "Como lidar com a morte". Mas para algumas pessoas presentes ali, esse assunto era de grande interesse. Foi o caso de uma jovem simpática que me procurou logo depois da palestra querendo conversar. Assim que começamos nossa conversa, ela me disse que era portadora do vírus da AIDS. A partir desse dia, temos tido muitas oportunidades de conversar, pois logo depois seu estado se agravou e ela precisou ficar internada no HC-UNICAMP.
Quando converso com uma pessoa portadora do vírus da AIDS, nunca pergunto como ela adquiriu a doença. Não tenho o menor interessa em saber como ela adquiriu o vírus. Na verdade, o que realmente me interessa é saber o que aquela pessoa quer ser dali em diante. Saber como ela era, como vivia, é fácil; sempre tem alguém interessado em contar. Difícil é saber o que ela quer ser. E é só isso que me interessa. Quando alguém assim me procura para conversar, ela é quem decide se quer ou não falar sobre a doença. Cabe a ela escolher se deseja ou não abordar a questão comigo.
Bem, no caso dessa moça, ela decidiu não só me contar a sua história mas também permitiu que fosse usada como um alerta para outras pessoas que estão passando por situações semelhantes. Assim, com a devida permissão, vou contar a vocês a história dessa jovem. Que ela nos faça refletir sobre a gravidade desse problema e nos sirva de alerta.
Essa moça havia se casado há menos de um ano quando descobriu que seu marido estava com AIDS. Ele havia contraído a doença quando ainda era solteiro, e apesar de saber disso já há algum tempo, decidiu não contar nada para ela. Quando os sintomas começaram a se tornar mais evidentes, ele contou-lhe sobre a doença, mas ela já havia sido contaminada.
Esse caso me deixou profundamente indignado. Ao voltar para casa naquele dia, fiquei pensando como alguém poderia ser capaz de fazer tal coisa. Como uma pessoa deliberadamente poderia permitir que outra pessoa fosse contaminada pelo vírus da AIDS, sendo que essa outra pessoa era sua própria esposa!! Mas a história ainda não acabou. Alguns dias depois, essa mesma moça me contou que quando seu marido soube que estava com AIDS ele procurou um "pastor" para aconselhá-lo sobre o que fazer. Depois de contar-lhe sobre sua doença, o pastor orou para que ele fosse curado, afirmando em seguida que ele havia sido curado. Para agravar ainda mais a situação, o pastor disse que ele não deveria fazer nenhum exame para comprovar a cura, pois isso seria demonstração de falta de fé!
A atitude desse pastor agravou ainda mais minha indignação. Como um pastor era capaz de oferecer um conselho desse tipo, colocando em risco a vida de outras pessoas?
Não muito tempo depois, o marido dela morreu, deixando-a contaminada. Após a morte dele, aquela sofredora mulher chegou a ir questionar o tal do "pastor", e a resposta dele foi chocante e absurda: "Eu não tenho culpa se o seu marido não teve fé".
Infelizmente, casos como este têm se tornado comuns. O que está em jogo nessas situações não é a fé. Não se trata de ter ou não fé suficiente para ser curada. Trata-se de um problema de fanatismo, e não de fé. A diferença é que a fé é baseada numa doutrina teológica consistente e bíblica, enquanto que o fanatismo não tem onde se apoiar; é uma crença irracional, sem fundamento.
Situações desse tipo podem levar a pessoa ao desespero, sentindo-se culpada por não ter fé suficiente para ser curada. Pela graça de Deus a jovem que me contou essa história pôde superar o ressentimento e a amargura e perdoar seu marido. Hoje ela é uma pessoa tranqüila, que experimentou o perdão de Deus e pode desfrutar de uma vida sem amargura e cheia de fé. Sua vida tem servido de testemunho para outros doentes do que o amor de Deus pode fazer por nós.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

ESSE VIVE O QUE CRÊ

Nós fomos visitar esse paciente porque a enfermeira pediu que o fizéssemos. Não sei o motivo da solicitação dela, mas o caso é que fomos.
Estava com ele no quarto a sua esposa. Ele deve ter uns 55 anos, e a sua mulher talvez 10 a menos. Ambos muito simpáticos e receptivos. Ele trabalha como eletricista.
Agora veja o que aconteceu com esse homem: devido a um incêndio causado por um curto-circuito em uma caixa de força, ele teve queimaduras de 1º, 2º e 3º graus nas mãos, braços, tórax e cabeça. Depois de recuperado, ao encostar um cano em um cabo de alta tensão, levou um choque de mais de 1300 volts. E mais: quando conversamos, ele estava internado para se submeter a uma cirurgia plástica para refazer um estrago que um tumor maligno causou entre o nariz e o olho (desobstruir as vias respiratórias).
Cristão ativo em sua Igreja, uma fé inabalável, muito bom humor, nenhum desânimo, nenhuma amargura, uma pessoa extremamente agradável. Tal é esse homem que conheci.
Sua esposa afirmou que quem deu o suporte espiritual e emocional a toda a família na hora desses dramas, foi o próprio!
Fui lá para ajudar e quem mais saiu ganhando fui eu.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

O DIA EM QUE FIQUEI GIGANTE

Não é raro pessoas da minha Igreja pedirem para eu visitar alguém que está internado no HC-UNICAMP, onde trabalho junto à Capelania. Em um determinado domingo, um amigo me passou o nome de uma moça internada na enfermaria de psiquiatria.
Em frente a essa enfermaria há um pátio coberto, iluminado com luz natural, que possui alguns jardins e bancos, onde os pacientes podem ficar e receber visitas.
E na segunda-feira, lá fui eu visitar a moça.
Quando cheguei àquele pátio, de um banco à minha esquerda levantou-se abruptamente uma jovem, a moça que eu procurava, aparentando ter mais ou menos 20 anos, morena, bonita, vestida com o pijama do hospital, a qual olhando bem fixo em mim, segurou minha mão e falou bem alto:
- Você é o pastor que veio tirar o demônio de dentro de mim.
E começou a falar enrolado como se estivesse falando em línguas.
Eu quase me arrepiei. Só não me arrepiei porque não deu tempo, pois de um banco à minha direita levantou-se também abruptamente um outro paciente da psiquiatria, um rapaz, que, da mesma forma que a moça, falou alto:
- Epa! Se você é pastor, eu tenho uma dúvida bíblica para tirar.
E começou a cantar um hino evangélico.
Chamei a moça pelo nome (isso é importante!), pedi que ela se sentasse , e ela me atendeu. Pedi para o outro parar de cantar, prometi que, se ele ficasse quietinho, mais tarde eu o ajudaria a tirar sua dúvida. Ele aquietou-se, e mais tarde o atendi.
Virei-me para a moça e lhe expliquei que ela, e somente ela, poderia expulsar aquele demônio (lembra? "Resisti ao Diabo e ele fugirá de vós"). E começamos um longo processo de libertação, com conversa, consolo, orações e leitura da Bíblia (por exemplo: "Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé, certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão-se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo"1 Pedro 5:8-9).
Até que ela teve alta, e no dia em que ela foi para casa (já liberta), eu não pude estar com ela nem me despedir. E não a vi mais.
Não a vi mais até que numa tarde eu passava por um corredor próximo do ambulatório de psiquiatria, quando a vi lá adiante. Ao me ver ela abriu um sorriso e correu para me dar um abraço. E me falou, ainda me abraçando:
- Estou curada! Tive alta do ambulatório!
E nós dois começamos a chorar.
Aí ela olhou para mim, e ainda com lágrimas nos olhos me contou algo que eu não sabia:
- Pastor, o demônio que estava em mim era muito grande, e me apavorava e me dominava pelo tamanho. Quando o senhor entrou naquele pátio, naquele primeiro dia, Deus me falou que o senhor era o pastor que iria me ajudar, e me fez vê-lo do tamanho daquela parede (eu olhei e vi que a parede tinha uns 3 metros de altura por 3 de largura), o senhor me parecia bem maior do que o demônio, e isso me deu forças para resistir a ele! E hoje estou liberta!
Aí eu me arrepiei!

sexta-feira, 4 de abril de 2008

O QUE É, O QUE É: SEMPRE ESTÁ ONDE A POMOS, MAS NUNCA A POMOS ONDE NÓS ESTAMOS?

Ele, esse meu amigo, estava na sala de espera do setor que cuida das pessoas portadoras do vírus da AIDS. Fazia tempo que eu não o via. Durante muito tempo nós participamos juntos de um grupo de estudos bíblicos para jovens. Agora ele devia ter quase 50 anos. Desenhista e pintor de mão-cheia.

Quando o vi, depois de cumprimentá-lo alegremente e das inevitáveis perguntas sobre amigos comuns que sumiram, perguntei se ele estava acompanhando alguém. Sua resposta me pegou de surpresa: “- Quem me dera; sou paciente aqui”.

Dali em diante nos encontramos sempre. Várias vezes propus fazermos estudos bíblicos juntos, e sempre recebia um não como resposta. Não queria nem bater papo sobre vida espiritual. Até que um dia ele pediu para eu não insistir mais e se um dia houvesse da parte dele interesse em conversar sobre Deus, ele me falaria.

Depois de um bom tempo esse meu amigo ficou muito mal e foi internado.

Há nos EUA uma fundação chamada “Make-A-Wish”, que se propõe a realizar um desejo de crianças em estado terminal. Inspirado nisso, procuro realizar um, digamos assim, sonho dos pacientes que estão internados e com um prognóstico de saúde sombrio.

Com essa idéia na cabeça, perguntei para aquele meu amigo o que ele gostaria de fazer, ou ter, e nós realizaríamos tal vontade (como sempre fazemos, nos propusemos a isso contanto que o pedido não fosse imoral, nem ilegal e que não fizesse mal ao paciente ou outra pessoa).

- Desenhar e pintar. É o que mais quero.

Arrumamos no mesmo dia o material necessário e lhe demos de presente, o qual ele recebeu com lágrimas.

No dia seguinte, ao perceber que o material estava do mesmo jeito que o deixamos, eu perguntei se ele não ia desenhar. Ele afirmou que sim e mudou de assunto. Vários dias se passaram e nada de ele desenhar. Perguntei de novo e sua resposta me preocupou: “- Eu só vou desenhar quando ficar bom e sair daqui”.

Depois de uns dias, ele morreu e o material não foi usado.

Quando condicionamos a felicidade à realização de alguma coisa (depois de eu sarar, ou me formar, ou casar, ou ficar rico ...), a busca por essa mesma felicidade pode ter um potencial enorme de infelicidade. E de frustração.

Assim como o material de desenho estava ali, perto da mão do meu amigo, uma vida em comunhão com Deus também estava ao seu alcance.

Repetindo a pergunta lá de cima, O QUE É, O QUE É: SEMPRE ESTÁ ONDE A POMOS, MAS NUNCA A POMOS ONDE NÓS ESTAMOS? A resposta, é claro, é a felicidade.

Você é feliz?

quinta-feira, 3 de abril de 2008

PENSE NISSO 22


Religião é a tentativa do homem de se reconciliar com Deus. Cristianismo é a iniciativa de Deus de reconciliar o homem com Ele mesmo.