Não é raro pessoas da minha Igreja pedirem para eu visitar alguém que está internado no HC-UNICAMP, onde trabalho junto à Capelania. Em um determinado domingo, um amigo me passou o nome de uma moça internada na enfermaria de psiquiatria.
Em frente a essa enfermaria há um pátio coberto, iluminado com luz natural, que possui alguns jardins e bancos, onde os pacientes podem ficar e receber visitas.
E na segunda-feira, lá fui eu visitar a moça.
Quando cheguei àquele pátio, de um banco à minha esquerda levantou-se abruptamente uma jovem, a moça que eu procurava, aparentando ter mais ou menos 20 anos, morena, bonita, vestida com o pijama do hospital, a qual olhando bem fixo em mim, segurou minha mão e falou bem alto:
- Você é o pastor que veio tirar o demônio de dentro de mim.
E começou a falar enrolado como se estivesse falando em línguas.
Eu quase me arrepiei. Só não me arrepiei porque não deu tempo, pois de um banco à minha direita levantou-se também abruptamente um outro paciente da psiquiatria, um rapaz, que, da mesma forma que a moça, falou alto:
- Epa! Se você é pastor, eu tenho uma dúvida bíblica para tirar.
E começou a cantar um hino evangélico.
Chamei a moça pelo nome (isso é importante!), pedi que ela se sentasse , e ela me atendeu. Pedi para o outro parar de cantar, prometi que, se ele ficasse quietinho, mais tarde eu o ajudaria a tirar sua dúvida. Ele aquietou-se, e mais tarde o atendi.
Virei-me para a moça e lhe expliquei que ela, e somente ela, poderia expulsar aquele demônio (lembra? "Resisti ao Diabo e ele fugirá de vós"). E começamos um longo processo de libertação, com conversa, consolo, orações e leitura da Bíblia (por exemplo: "Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé, certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão-se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo"1 Pedro 5:8-9).
Até que ela teve alta, e no dia em que ela foi para casa (já liberta), eu não pude estar com ela nem me despedir. E não a vi mais.
Não a vi mais até que numa tarde eu passava por um corredor próximo do ambulatório de psiquiatria, quando a vi lá adiante. Ao me ver ela abriu um sorriso e correu para me dar um abraço. E me falou, ainda me abraçando:
- Estou curada! Tive alta do ambulatório!
E nós dois começamos a chorar.
Aí ela olhou para mim, e ainda com lágrimas nos olhos me contou algo que eu não sabia:
- Pastor, o demônio que estava em mim era muito grande, e me apavorava e me dominava pelo tamanho. Quando o senhor entrou naquele pátio, naquele primeiro dia, Deus me falou que o senhor era o pastor que iria me ajudar, e me fez vê-lo do tamanho daquela parede (eu olhei e vi que a parede tinha uns 3 metros de altura por 3 de largura), o senhor me parecia bem maior do que o demônio, e isso me deu forças para resistir a ele! E hoje estou liberta!
Aí eu me arrepiei!
Caro Chico,
ResponderExcluirEu sempre o achei um gigante. Pelo seu trabalho, pela sua disposição em ajudar quem precisa. Pela sua ida aos locais onde há mais gente precisando da presença de Deus. Pelo seu esforço pessoal em ouvir, ouvir, ouvir e aconselhar. Você não tem apenas 3 metros. Você tem a grandeza de um coração verdadeiramente cristão, que é imenso!
Caro Chico,
ResponderExcluirVocê é realmente um gigante. Pela sua disposição em ajudar a quem precisa. Pela força de vontade em estar no HC, onde muitos precisam de apoio. Por não ser um pastor de escrivaninha, mas dos que vão atrás dos necessitados. Por tudo isso, você é um gigante de mais de 3 metros de altura. Vc tem a altura de um enorme coração cristão!
Puxa, Lacerda, assim você me encabula.
ResponderExcluirObrigado e um abraço.