sexta-feira, 4 de abril de 2008

O QUE É, O QUE É: SEMPRE ESTÁ ONDE A POMOS, MAS NUNCA A POMOS ONDE NÓS ESTAMOS?

Ele, esse meu amigo, estava na sala de espera do setor que cuida das pessoas portadoras do vírus da AIDS. Fazia tempo que eu não o via. Durante muito tempo nós participamos juntos de um grupo de estudos bíblicos para jovens. Agora ele devia ter quase 50 anos. Desenhista e pintor de mão-cheia.

Quando o vi, depois de cumprimentá-lo alegremente e das inevitáveis perguntas sobre amigos comuns que sumiram, perguntei se ele estava acompanhando alguém. Sua resposta me pegou de surpresa: “- Quem me dera; sou paciente aqui”.

Dali em diante nos encontramos sempre. Várias vezes propus fazermos estudos bíblicos juntos, e sempre recebia um não como resposta. Não queria nem bater papo sobre vida espiritual. Até que um dia ele pediu para eu não insistir mais e se um dia houvesse da parte dele interesse em conversar sobre Deus, ele me falaria.

Depois de um bom tempo esse meu amigo ficou muito mal e foi internado.

Há nos EUA uma fundação chamada “Make-A-Wish”, que se propõe a realizar um desejo de crianças em estado terminal. Inspirado nisso, procuro realizar um, digamos assim, sonho dos pacientes que estão internados e com um prognóstico de saúde sombrio.

Com essa idéia na cabeça, perguntei para aquele meu amigo o que ele gostaria de fazer, ou ter, e nós realizaríamos tal vontade (como sempre fazemos, nos propusemos a isso contanto que o pedido não fosse imoral, nem ilegal e que não fizesse mal ao paciente ou outra pessoa).

- Desenhar e pintar. É o que mais quero.

Arrumamos no mesmo dia o material necessário e lhe demos de presente, o qual ele recebeu com lágrimas.

No dia seguinte, ao perceber que o material estava do mesmo jeito que o deixamos, eu perguntei se ele não ia desenhar. Ele afirmou que sim e mudou de assunto. Vários dias se passaram e nada de ele desenhar. Perguntei de novo e sua resposta me preocupou: “- Eu só vou desenhar quando ficar bom e sair daqui”.

Depois de uns dias, ele morreu e o material não foi usado.

Quando condicionamos a felicidade à realização de alguma coisa (depois de eu sarar, ou me formar, ou casar, ou ficar rico ...), a busca por essa mesma felicidade pode ter um potencial enorme de infelicidade. E de frustração.

Assim como o material de desenho estava ali, perto da mão do meu amigo, uma vida em comunhão com Deus também estava ao seu alcance.

Repetindo a pergunta lá de cima, O QUE É, O QUE É: SEMPRE ESTÁ ONDE A POMOS, MAS NUNCA A POMOS ONDE NÓS ESTAMOS? A resposta, é claro, é a felicidade.

Você é feliz?

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