Certo dia, eu estava ensinando a Bíblia a um grupo de jovens, tentando explicar a eles o verdadeiro significado da expressão "amor sacrificial" (em grego, ágape). Queria que esse conceito ficasse bem claro, de modo que eles entendessem o tipo de amor que Deus tem por nós. De repente, uma idéia me veio à cabeça. Pedi ao rapaz que estava à minha esquerda para ficar de pé e trocar de lugar com a garota que estava à minha direita. Depois que ambos se acomodaram em seus lugares, comentei que agora cada um estava vendo a aula a partir do "ponto de vista" do outro. Amar é exatamente isso: colocar-se no lugar do outro para poder entender o que o outro está sentindo e procurar fazê-lo feliz. Isso é amor, no sentido mais belo e profundo.
Só depois que entendemos claramente esse conceito é que somos capazes de obedecer à ordem de Jesus de amar nossos inimigos. Precisamos demonstrar amor através de atitudes de amor.
No episódio do batismo de Jesus narrado em Mateus 3. 13-17, lemos que no momento do batismo, Deus declarou lá do céu: "Esse é o meu Filho amado, em quem me comprazo" (v.17). Percebemos nessa frase que “amar” e “ter prazer” não significam a mesma coisa. Tomemos como exemplo uma mãe com cinco filhos. Dos cinco, quatro lhe proporcionam muita alegria e prazer, enquanto que um é motivo de tristeza. Essa mãe certamente ama os cinco filhos da mesma forma, mas não se compraz igualmente com todos. O filho que lhe causa aborrecimentos não pode dar prazer a ela. Assim é o amor de Deus. Deus ama todos os seres humanos, bons e maus. Ele ama os assassinos, os ladrões e os rebeldes, mas com certeza não tem prazer neles. Contudo, aqueles que fazem a vontade de Deus não só desfrutam do amor de Deus como também lhe dão prazer.
Infelizmente nós não agimos assim. Somos como uma criança que gosta de irritar as pessoas só para deixá-las aborrecidas, ou como o adolescente que fica olhando fixamente para a irmã, até ela gritar: "Pare de ficar me olhando desse jeito!". Quando lhe perguntam por que ele age assim, sabendo que sua irmã fica aborrecida e não gosta desse tipo de brincadeira, ele responde: "Exatamente por isso!” Muitas vezes nós também agimos assim, fazendo justamente aquilo que sabemos que os outros não gostam.
Agora, preste atenção nas palavras desse versículo conhecido como “A Regra de Ouro”: "Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, fazei-o vós também a eles" (Mateus 7.12). Na tradição judaica, esse princípio era ensinado na forma negativa, ou seja: "O que vocês não querem que as pessoas lhes façam, não devem fazer também a elas". A forma negativa induz à passividade, enquanto que da maneira como Jesus colocou somos conclamados a agir visando a felicidade do outro.
Acredite: isso funciona! Posso afirmar, pois já experimentei em minha própria vida! Aqueles que se dedicam a visitar os doentes internados, levando-lhes uma palavra de conforto, recebem de volta muito mais do que aqueles que são visitados e consolados! Isso provocou um forte impacto em mim, pois meu objetivo ao trabalhar no Hospital é oferecer algo às pessoas que se encontram ali. Meu maior desejo é doar minha própria vida em favor daqueles que sofrem. Descobri que quanto mais nos doamos aos outros, mais recebemos de volta! Mesmo que nossa intenção não seja receber algo em troca, somos os mais abençoados, agraciados e contemplados. Quanto mais amamos, mais ganhamos!
Alguém disse acertadamente: “Damos pouco quando damos de nossas posses. Só damos realmente quando damos a nós mesmos”. Jesus nos alertou sobre isso ao dizer que aqueles que desejam segui-lo devem esquecer seus próprios interesses e se dispor a morrer a cada dia. Pois quem põe seus próprios interesses em primeiro lugar nunca terá a vida verdadeira e quem esquece a si mesmo por amor a Cristo terá a vida verdadeira. De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a verdadeira vida?
Será que sabemos realmente amar?
Se sabemos amar? Acho que quanto mais amamos, mais vemos que temos que amar muito ainda e ainda há muito a aprender!
ResponderExcluirE a sede de amar aumenta a cada dia, é só alimentá-la!
Como? Amando!
Depois disto, só ler várias vezes e reler, e pensar,e digerir o capítulo13 da primeira carta de Paulo aos Coríntios.
A Paz Xyco!
Deus te abençoe.
Beijo, Ana
Pois é, no céu não teremos nem fé nem esperança, mas teremos muito AMOR. Do verdadeiro.
ResponderExcluirAbração, Xyko.
Eu estava neste dia. Troquei de lugar lá na hora.
ResponderExcluirMas hoje, quando li este texto é que realmente consegui refletir e entender a importância de me colocar no lugar do outro para poder entender o que ele está sentindo, e ter a certeza de que isso é amor, no sentido mais belo e profundo.
Suas palavras e lições de vida são muito importantes para nós, jovens da IBCU.
Um grande abraço Xico.
Jaque
Oi Chico!
ResponderExcluirAo ler sus mensagem, lembrei do meu Avô, que na sua humildade e sabedoria me disse : " Não queira pros outros o que voce não quer pra voce!"
É fantástico chico... E isso me fez lembrar do que conversamos hoje... Será que Jesus estava se colocando no lugar dos homens, quando naquela súplica ao Pai? Quanto AMOR !!!
Um forte abraço.