quinta-feira, 25 de outubro de 2007

HONRA & GRAÇA


A Cíntia, minha filha, devia ter na época, uns 10 anos. Ela estava brincando com umas amiguinhas no quintal de casa. A mãe dessas meninas foi quem as trouxe e, antes de ir embora me perguntou porque eu deixava a Cíntia usar shorts.
Pensei que poderia estar indecente a roupa que ela estava usando. Verifiquei e vi que não estava. Então perguntei àquela senhora a razão da sua pergunta. Fiquei admirado com o que ela respondeu: "Por vocês serem crentes pensei que não fosse permitido".
Além da roupa. o evangélico tem que "vestir" o estereótipo que lhe é imposto, de ser sempre alegre e que nunca peca. O pior é que vestimos essa máscara!
Nos ensinam que a mensagem tem que ser coerente com a vida, e isso é uma verdade, só que pregamos que somos sempre alegres e que não pecamos. Mas temos nossas inconstantes e muitas vezes acentuadas variações de humor e, por sermos humanos, erramos o alvo muitas vezes.
Somos humanos e perdoados. Essa é a verdadeira mensagem.
Querendo fazer a mensagem ser coerente com a vida que vivemos, somos hipocritamente incoerentes.
Já se sentiu assim?
No sistema cujo valor máximo é a honra, não se admitem falhas. Uma falha e perde-se definitivamente a honra. Onde impera a exaltação da honra, não existe perdão nem tolerância. O peso disso pode ser intolerável, não poucas vezes levando o indivíduo que falhou ao suicídio. O regime monárquico é assim, por isso não fuciona.
O que rege o cristianismo é a graça. Graça é aceitar a pessoa com suas falhas. As falhas não são aceitas, são perdoadas. Isso é possível graças ao fato de Jesus ter morrido naquela cruz para assumir como dele o ônus do nosso pecado.
Só que muitas vezes o cristão vive na "honra" e não na GRAÇA.
A honra torna as pessoas legalistas (não pode fazer isso nem aquilo, não pode se vestir de tal forma, etc ...); a graça faz com que elas sejam amorosas.
O que realmente importa é sermos honrados por Deus, e isso nada mais é do que a GRAÇA.

3 comentários:

  1. Caro Chico,
    Realmente, antes de me converter eu via os batistas (e outros evangélicos, de outras denominações) como gente estranha, fora de sua época.As mulheres de vestido até os pés, birote na nuca, nada de maquiagem, blusas fechadas até o pescoço e com mangas compridas. Era o estereótipo que passam para os não evangélicos. Mas, isso tudo é mera propaganda, cuja finalidade eu desconheço. Não é nada disso! E esse negócio de viver da honra tem uma projeção negativa muito grande sobre a vida da família.
    Você deixou claro que há uma diferença. Gostei!

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  2. 1. Gostaria de saber o que significa aquele desenho que você, Chico, colocou junto ao texto!

    2. Não creio que "mulheres de vestido até os pés, birote na nuca, nada de maquiagem, blusas fechadas até o pescoço e com mangas compridas" seja "mera propaganda"!! Dizer isso é fazer um julgamento precipitado (sobre algo que você, Jolac, desconhece)!

    Tenho alguns familiares e amigos que se portam dessa forma e vejo Deus agir em suas vidas de forma intensa e verdadeira, apesar de serem pecadores como eu e você!

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  3. cont.: Essa maneira de se vestir, para eles, se encontra no nível da santificação e, portanto, não é encarada como uma obra necessária para a salvação.

    É dessa mesma maneira que somos incentivados, em nossas igrejas, a guardarmos a castidade! Ou você acha que guardar a castidade é mera propaganda?

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