sexta-feira, 20 de junho de 2008

PARALISIA ESPIRITUAL

Para alguns pacientes internados em um hospital, coisas simples como comer ou ir ao banheiro sem a ajuda de uma enfermeira, é motivo de orgulho. Alguns passam meses (e às vezes anos!!) dentro de um quarto de hospital, presos a um leito, tendo que depender de atendentes ou de enfermeiras até para satisfazer suas necessidades básicas. Aquilo que é trivial adquire contornos exagerados quando as limitações físicas impõem barreiras impensadas, impossibilitando a realização de atos corriqueiros. Para entender um pouco a situação desses pacientes, tente imaginar como você se sentiria se dependesse da ajuda de alguém todas as vezes que precisasse ir ao banheiro. A sensação de impotência diante de situações desse tipo é terrível!
Para mim, não é difícil me identificar com esses pacientes... afinal, minha situação é bem parecida com a que eles vivem. Tive paralisia infantil quando ainda era bebê, aos nove meses de idade, e hoje dependo de uma cadeira de rodas para me locomover. Além da cadeira de rodas, dependo também da ajuda de pessoas, como esposa, filha, mãe e amigos para dar conta das tarefas mais elementares. Assim, é natural que eu consiga entender com mais facilidade o que esses doentes estão passando.
Um dia, conversando com uma senhora que me conhecia já há algum tempo, ouvi dela o seguinte: “Às vezes eu até esqueço que você é paralítico; sua maneira de viver parece tão normal e produtiva!” Agradeci o comentário e respondi em tom de brincadeira: “Sabe, eu também às vezes me esqueço que sou paralítico e saio andando por aí... Quando me lembro, levo cada tombo!”
Se hoje eu vivo praticamente como uma pessoa normal, devo isso à minha mãe, que me educou e me preparou para a vida de forma extraordinária.
A Bíblia conta a história de um paralítico que foi levado pelos amigos à presença de Jesus. Como na casa em que o Senhor estava havia muita gente, eles tiveram que entrar pelo teto! Eles puseram o paralítico numa maca e a prenderam com cordas, descendo-a até o chão, através de um buraco no telhado. Quando o paralítico chegou ao chão, ele estava diante de Jesus. O Mestre, ao vê-lo, falou: “Filho, os teus pecados estão perdoados”. É bem provável que o paralítico tenha ficado decepcionado ao ouvir isso, afinal a expectativa dele era que fosse curado. Quem sabe depois de ser curado ele até poderia ser perdoado, mas só depois. Mas Jesus preferiu tratar o problema pelo aspecto “espiritual”, para depois cuidar da cura física. Por que Jesus agiu dessa maneira? Porque o maior problema daquele homem não era o fato de ele ser paralítico, mas de ser pecador. O problema era espiritual e não físico. Esta é a situação em que todos nos encontramos, ou seja, nosso maior problema é de ordem espiritual.
Mas, o que isso significa? Problemas espirituais são todas as coisas que atrapalham ou até mesmo impedem o nosso relacionamento com Deus. O pior deles é o pecado da incredulidade. Mas aqui, tanto o paralítico como seus amigos tinham fé, e assim mesmo seu maior problema era de ordem espiritual (pecados não perdoados).
O fato de ser paralítico gera uma série de problemas que passam despercebidos para as pessoas comuns (ir ao banheiro, por exemplo, é um problema), mas os meus maiores problemas são espirituais. Esses problemas são causados pelo pecado, e me afastam de Deus. De acordo com a Bíblia, minha situação é bastante séria — assim como a sua.
Algumas pessoas podem pensar que eu poderia estar curado dessa paralisia, pois Deus tem poder para curar. Não tenho a menor dúvida de que Deus pode me curar (já vi alguns milagres no hospital); só não tenho certeza se é da vontade dele que eu fique curado. Como paralítico, posso entender melhor as dificuldades de alguns pacientes e ter maior empatia com eles. Sempre que penso nisso, tudo me leva a crer que é da vontade de Deus que eu continue paralítico. Um pastor, certa vez me disse que ele acreditava que Deus tem uma obra para realizar através de mim e que só pode ser efetuada comigo sentado nessa cadeira de rodas. Eu creio nisso.
Posso afirmar que sou feliz do jeito que sou, e as pessoas com quem convivo podem atestar essa verdade.
Você pode dizer também que é feliz? Só podemos desfrutar da verdadeira felicidade quando resolvemos nossos maiores problemas. E você pode não acreditar, mas nossos maiores problemas são de ordem espiritual. Acompanhamos os últimos meses de vida de um paciente internado no HC- UNICAMP com câncer no pulmão. Durante esse tempo ele conheceu e aceitou Jesus como seu Salvador e Senhor, e resolveu seus problemas espirituais. Pouco antes de morrer, ele confessou que esses meses de agonia física foram os mais felizes de sua vida!!!
Não perca a oportunidade de ser feliz!

Um comentário:

  1. Linda mensagem!
    Realmente a paralisia espiritual é muito pior do que a física.
    Lembro-me dos pacientes que cuidei que não acreditavam em Deus. Que vazio, que falta de significado eles sentiam em suas vidas! Somente quem acredita na existência de Deus e empenha-se em ser uma pessoa melhor consegue sentir-se completo. Sempre que o vejo, fico feliz, pois sei que enquanto você estiver levando Deus para quem não conhece, mais pessoas poderão cuidar de sua saúde espiritual, além da física da qual os médicos já cuidam. Parabéns pelo seu trabalho!

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