quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

NECESSIDADES, QUEM NÃO AS TEM?

Há uns tempos atrás, um grupo de pessoas da minha Igreja teve vontade de começar um trabalho de, com uma certa periodicidade, fazer e distribuir sopa para moradores de rua. Já haviam até conseguido legumes de graça de um grande comerciante. Até que um irmão "colocou água fria na fervura", dizendo que todos que moram na rua vivem assim porque querem. Foi uma generalização sem fundamento que contribuiu para desmotivar aquelas pessoas a ponto de abortarem o projeto!

Por outro lado, atente para esse episódio real. Um padre, ao tomar conhecimento de que um alcólatra mendigo abandonou a instituição de acolhimento a moradores de rua, dirigida por aquele religioso, foi atrás do pedinte. Encontrou-o dormindo numa calçada. Quando passou a bebedeira e o homem acordou, encontrou o padre dormindo ao seu lado no chão. Foi o suficiente para fazer o mendigo voltar para o abrigo.

De acordo com a Bíblia, devemos amar independente da resposta de quem é amado. O amado pode até rejeitar o amor.

“Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga; será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo. Pois ele é benigno até para com os ingratos e maus.” (Lucas 6:35)

Minha avó já dizia que nós devemos "fazer o bem sem olhar a quem".

Por motivos compreensíveis, todas as pessoas muito rejeitadas duvidam do amor oferecido. Por exemplo, alguns filhos adotivos podem ter diversas atitudes e ações indesejadas querendo ver se "é agora que eles me mandam de volta para o orfanato". Quando se convencem do amor incondicional e permanente dos pais que os escolheram, o comportamento muda.

Muitas vezes as pessoas não conseguem ter certeza do amor que lhe dedicamos por estarmos amando errado.

" Não basta fazer o bem, importa saber se o bem que eu faço é o bem que eu sou chamado a fazer. Se o bem que eu faço é o bem que Deus quer que eu faça. Não basta ser bom, é preciso saber ser bom, ter uma caridade discernida." (pe. Contiéri, SJ)

Quando fazemos o bem, ou melhor ainda, quando amamos, devemos fazê-lo para satisfazer as necessidades dos outros, não as nossas. Já me pediram para levar uma senhora a ser voluntária lá no HC pois a mesma tinha depresão e precisava se ocupar. Eu disse não.

Muitas vezes vejo pessoas querendo ajudar os outros sem se envolverem para saber qual e quanto a pessoa precisa ser ajudada. Com isso corre-se o risco de se oferecer sopa para quem precisa de um abraço, ou conselhos para alguém que só quer desabafar, ou ainda um beijo para quem precisa de remédios.

Veja os destaques que fiz nos seguintes versículos:

"Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade". (Atos 2:45)

"E depositavam aos pés dos apóstolos; então, se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade". (Atos 4:35)

Mãos à obra, gente.

Um comentário:

  1. Que pena que a opinião de apenas um irmão foi capaz de abalar um projeto inteiro! Que a sua história sirva de exemplo para que outros projetos não deixem de ocorrer por um comentário.

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