sábado, 5 de março de 2011

Comentário de Rachel Sheherazade sobre o Carnaval

5 comentários:

  1. Caríssimo,

    Confesso que não conhecia esta jornalista inteligente e perspicaz.
    Apesar da boa argumentação, para mim transparece que o que ela quer mesmo é polemizar, aparecer...
    É exatamente assim que se provoca reação, briga... apontando de forma cruel e desrespeitosa (ao mais puro estilo "Paulo Francis") as contradições que existem em tudo que o ser humano faz... afinal a nossa condição humana é caracterizada por essas mesmas contradições.
    E olha que tem muita gente querendo ouvir, pois é muito mais fácil essa visão parcial e preconceituosa da realidade. Basta agarrar-se a uma única perspectiva, a uma "verdade", e analisar qualquer coisa neste mundo que a contradição aparece.
    Tem muita gente que vive disso, e muitos são jornalistas como você, caro amigo, são os datenas e casoys moralistas da vida.
    Tenho esperança que cada vez mais a vida vá sendo vista, talvez até apreciada, ou pelo menos respeitada, também pela perspectiva dos "pequeninos", pobres, negros, famintos, prostitutas, homossexuais... seres humanos como nós e brasileiros de verdade (os "garis, do alto de suas vassouras" - lembra dessa do casoy?).
    Tem tanta gente boa que "brinca" (isso mesmo, como criança) o carnaval, essa festa que se tornou, assim como o futebol, um patrimônio da nossa cultura (apesar da opinião contrária da jornalista), que me parece injusto colocar tudo num grande "saco de gato".
    Talvez essa perspectiva seja algo mais próximo de uma verdadeira "Boa Nova"... a visão arrogante dos brancos, loiros, ricos, puros e perfeitos (como o datena, casoy e nossa querida jornalista), essa visão todos nós já conhecemos bem...


    Paz,


    PS - Não pude deixar de lembrar que Sherazade ficava "contando histórias" nas mil e uma noites.

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  3. Gostei muito do comentário da jornalista, não porque eu me identifique totalmente com o que ela disse, mas principalmente porque ela teve coragem de emitir uma opinião contrária à que predomina na mídia.

    Ela começa dizendo que já brincou muito o carnaval, mas que, atualmente, isso está difícil. E ela termina dizendo que o carnaval já foi bom "nos tempos de outrora". Ou seja, ela compartilha da opinião do Venâncio, de que o carnaval pode ser uma festa boa, se "brincada" adequadamente.

    No entanto, ultimamente tem sido difícil brincar assim o carnaval, cuja origem brasileira e popular ela desmistifica, diante do que essa festa representa hoje: milhões gastos com astros da música, ambulâncias não disponibilizadas durante o ano passam a ser usadas para atender bêbados, os benefícios econômicos ficam concentrados nas mãos de poucos, há imoralidade sexual disseminando várias DST's e levando à diversas gravidezes indesejadas...

    Bom, esse é o argumento dela, muito importante exatamente porque, por sua parcialidade no sentido de apontar alguns dos efeitos negativos do carnaval, faz um contrapeso em uma balança que está toda pendente para o outro lado! Afinal, você não vê, nas maiores emissoras, opiniões diferentes sobre o carnaval: elas são unânimes em afirmar que o carnaval é apenas bom, uma festa genuinamente brasileira e popular. Ou seja, essas emissoras também estão sendo parciais - o que não é, em si, um problema.

    Mas, como eu afirmei no início, eu não me identifico totalmente com esse argumento dela. Embora o considere importante, já discordo de seu ponto de partida, o de que o carnaval pode ser bom. Festa da carne! Como isso pode ser bom? E o que fez Jesus Cristo, senão mostrar, por exemplo nas conversas com os fariseus, o quão contraditórios eles eram, por quererem viver de modo agradável a Deus, mas viverem de modo carnal...

    Sim, essas coisas são contraditórias: ou você vive de modo a satisfazer os próprios desejos carnais, ou vive de modo a agradar a Deus!

    A Bíblia diz isso em vários lugares, mas escolhi um - Gálatas 5, do 13 ao 25:

    "Irmãos, vocês foram chamados para a liberdade. Mas não usem a liberdade para dar ocasião à vontade da carne. Ao contrário, sirvam uns aos outros mediante o amor. Toda a Lei se resume num só mandamento: 'Ame o seu próximo como a si mesmo'.

    "Mas se vocês se mordem e se devoram uns aos outros, cuidado para não se destruírem mutuamente. Por isso digo: Vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne. Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é contrário à carne. Eles estão em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam.

    "Mas, se vocês são guiados pelo Espírito, não estão debaixo da Lei. Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções, e inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes. Eu os advirto, como antes já os adverti: Aqueles que praticam essas coisas não herdarão o Reino de Deus.

    "Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei. Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e os seus desejos. Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito."

    Entendo que há muitas coisas "aproveitáveis" em cada cultura e Deus nos dotou de criatividade para fazer música, dança, literatura, etc. Mas é possível fazer tudo isso de modo a exaltar a Deus ou de modo a exaltar o homem e dar vazão aos seus desejos carnais. Entendo que o carnaval enquadra-se na segunda categoria e, por isso, não existe possibilidade de este ser bom, nem agora nem outrora.

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  4. Caro Xyko,

    Acredito que o entendimento do termo carne é um tanto confuso...
    Carne (no gr. sarcos, no hebr. basar) era o termo usado no princípio para designar o homem como um todo, na sua condição de imperfeito e limitado. "Serão uma só carne..."
    Com o tempo a tradição foi progressivamente contrapondo o termo carne ao termo espírito, esse radicalismo maniqueísta é mais facil de ser entendido, é mais didático. Fica mais fácil entregar a carne ao diabo e nos vermos apenas como seres "espirituais"... não é assim, a carne não exclui o espírito e vice-versa.
    Sinceramente não acredito que haja oposição entre carne e espírito...
    Basta lembrar que "o Verbo se fez carne e habitou entre nós..." e que a carne vai ressuscitar conosco um dia.
    Talvez em vez de "matá-la", mortificá-la, ter medo dela, negá-la (entregá-la ao inferno), devessemos cuidar muito melhor dela... compreendê-la, amá-la na sua limitação, afinal é dela que somos feitos, isso não podemos negar...


    Paz,

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