Quando eu era moço nós morávamos em um apartamento na Francisco Glicério (aqui em Campinas) e era naquela avenida que se realizavam os desfiles das Escolas de Samba e Blocos. Meus amigos vinham até lá para ficarmos vendo o desfile da varanda e beber, beber ... Lá pelas 11 horas íamos para o baile para brincar, namorar e beber, beber ... Eu bebia em demasia todas as 4 noites do Carnaval, e durante o dia passava muito mal. Enjoo, dor de cabeça, tontura. Era horrível.
Em um determinado ano resolvi experimentar passar aqueles 4 dias de folia sem beber. Quer saber de uma coisa? Me diverti muitíssimo mais!
Aí no ano seguinte, resolvi experimentar aqueles 4 dias sem o Carnaval. Foi extremamente mais prazeroso!! Foi quando descobri que não gostava, e ainda não gosto, dessa festa.
Mas por que não gosto? Porque, obviamente, é só coisa que não presta que tem ali. Eu “ia meio que no embalo”. Sempre fui e sempre achava que tinha que ir. Então ia.
Certa vez um rapaz me falou que “o Carnaval para ele era sagrado”, ele tinha que ir. Chamei-o de lado e pedi que ele não usasse o termo “sagrado”, para não misturar as coisas. O Carnaval não tem nada de sagrado, muito pelo contrário, é mundano e demoníaco.
“Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno.” (1 João 5:19)
“Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente.” (1 João 2:15-17)
O Carnaval é o mundo se apresentando descaradamente. Me preocupam mais as suas manifestações sutis e disfarçadas fora desse período. O Carnaval, como a “festa da carne”, anda mais fantasiado durante o ano inteiro do que nos 4 dias de reinado do Rei Momo. Os Retiros de Carnaval deveriam durar pelos outros 361 dias do ano.
Mas o que vemos é um constante desfile.
Como “Comissão de Frente”, vem o alcoolismo fantasiado de Beber Socialmente.
Depois vem a ala da grosseria fantasiada de Sinceridade e Transparência.
Em seguida tem o destaque da desonestidade fantasiada de Sinal de Inteligência.
A promiscuidade, semi-nua, aparece em seguida fantasiada de Aproveitar a Vida.
A futilidade vem fantasiada de Etiqueta.
O bloco chamado de Valores é composto por pessoas tais como o Desamor, a Desunião, o Desprezo aos Outros, etc..., todos fantasiados de atores de novela.
Encerrando o desfile vem o carro alegórico chamado Religião, cujo destaque lá em cima é a hipocrisia, com uma deslumbrante fantasia de Espiritualidade.
Oi Chico.
ResponderExcluirHá muitos anos fui me divertir no carnaval. Viajei com bons amigos, e bebemos muito, azaramos muitas mulheres e bebemos mais e mais.
Quando chegou a quarta feira de cinzas, bateu em grande vazio interior e forte enjoo e dor de cabeça como voce tentei fazer o que todos faziam, tentei gostar do carnaval.No final daquele ano tive um encontro com Jesus e minha vida mudou. Nunca gostei de carnaval.
Com relação ao desfile no final do seu texto concordo com voce. Tenho visto carnaval em muitas igrejas o ano inteiro, travestido de base bíblica e religiosidade. Um abraço.
Pr. Silvio
Sílvio, que alegria ler seu comentário.
ResponderExcluirApareça sempre.
Vejo você na hora do café da Célia.
Abraço, Xyko.
Olá Chico!!
ResponderExcluirMuito interessante sua reflexão sobre o carnaval, porém acredito que ele ainda possa ser abordado por um outro ponto de vista. O carnaval nasceu em uma época de repressão, não se podia “badalar”, sair, beber, azarar... a “moral e os bons costumes”reprimiam as vontades das pessoas. O carnaval passou a ser uma válvula de escape, 4 dias durante o ano onde as pessoas podiam extravasar seus desejos reprimidos. Conseqüência disso, o excesso. Sempre que há repressão, depois vêem o excesso. Hoje as pessoas podem comemorar o carnaval todos os finais de semana, não há a repressão que havia há algumas décadas, portanto o carnaval não tem mais sentido de ser. Ele perdeu seu significado. Algumas pessoas continuam cometendo excessos no carnaval? Sim. Mas acredito que essas mesmas pessoas cometem excessos todos os finais de semana. O carnaval é só mais uma desculpa, um feriado pra curtir. Agora uma pessoa que tem a liberdade de cometer esses excessos nos finais de semana, azarar, curtir, aproveitar demasiadamente e não o faz, pois é uma pessoa equilibrada, também não o fará o carnaval.O problema é quando a pessoa fica reprimida durante todo o ano, e com isso ela se sente obrigada a cometer os excessos no carnaval. Por isso nunca tive nada contra o carnaval, mas sim contra a repressão.
Um grande abraço
Paulo
Paulão, você abordou o tema por um ângulo muito interessante. Já tinha pensado algumas dessas coisas mas aprendi e gostei quando você escreveu: "uma pessoa que tem a liberdade de cometer esses excessos nos finais de semana, azarar, curtir, aproveitar demasiadamente e não o faz, pois é uma pessoa equilibrada, também não o fará o carnaval".
ResponderExcluirUm abração, Xyko.
Caro Xyko,
ResponderExcluirConcordo com o que você escreveu, mas não totalmente. Sem querer polemizar, prefiro analisar o Carnaval da seguinte forma:
A festa conhecida como Entrudo foi introduzida em nosso país pelos portugueses (país fundamentalmente cristão), na qual, no período pré-quaresmal, afrouxava-se as fortes cobranças morais coletivas (já comentadas pelo Paulo) e brincava-se de igual para igual com os outros. Essa brincadeira começou no ambiente das grandes famílias nobres, onde com máscaras, podia-se assumir qualquer papel desejado e se fazer um exercício de reconhecimento da alteridade. Essa festa passou para as ruas, onde se popularizou entre os mais pobres e negros escravos. Podemos ver essa popularização por duas perspectivas: certamente o povo menos educado e os escravos oprimidos aumentaram o grau de “grosseria” nas brincadeiras, o que sempre foi visto com preconceito pelas elites, mas por outro lado trouxe o colorido multiétnico, cordial e alegre para a festa, que tanto encanta os turistas do mundo todo até hoje. Dos salões esnobes para as ruas lotadas, vemos principalmente a influência negra na música, nos ritmos, nas danças, na alegria e afetividade... afinal, eu acredito que em termos de animação e festa, a tradição africana dá de dez a zero na européia.
A elite branca, rica e culta, mas vazia e infeliz, muitas vezes sente raiva de ver a alegria do pobre ignorante na sua vida simples e mundana... no Carnaval, no estádio de futebol ou no churrasquinho de final de semana...
É claro que no Carnaval há a exploração comercial (assim como no futebol, outra marca da nossa cultura) e excessos e abusos de todos os tipos... mas como o Paulo já se referiu com muita sabedoria, aqueles que se excedem no Carnaval, certamente se excedem também nos finais de semana.
Quanto mais educado for o povo, certamente brincará o carnaval com mais responsabilidade e respeito...
Paz,
Carnaval é a festa da carne e isso não deveria nem passar pela cabeça de um crente. Andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne. Gálatas 5:16.
ResponderExcluirA PAZ.
Ezequiel da Silva