Quando ouvi o choro de uma criança, naturalmente me virei para ver o que era. Isso aconteceu em frente ao HC-UNICAMP na hora de eu ir embora. Era uma menininha com mais ou menos 2 anos de idade e sua mãe, que ali estavam esperando alguém. A mãe falou o seguinte para a filha: “Eu estou muito triste com você, não fala comigo”. Com uma perceptível tristeza angustiante na voz, a criança respondeu assim: “Mamãezinha, não faz isso comigo”.
Não sei o que a menina fez, e tanto faz, ela errou, e sua punição seria a quebra de relacionamento com a mãe, e isso foi terrível para a pequena. (Quase chorei ali na frente do HC. Estou ficando mais sensível. Será que é por estar ficando mais velho?)
Quando chegou a pessoa que elas estavam esperando, a mãe só estendeu a mão a qual a garotinha segurou e foram embora, a menininha pulando e cantando.
Essa quebra da comunhão também acontece com o nosso relacionamento com Deus quando pecamos e o deixamos triste. Porque Ele é Santo e não tem como se relacionar com o que não é puro, mas Ele também está sempre pronto a estender a mão ao pecador angustiado.
O amor de mãe é o amor de Deus Pai por nós. Ou poderia ser que (e agora estou só fazendo uma divagação) temos, como uma família, o amor de Deus Pai representando a figura masculina, o do Deus Espírito Santo talvez figurando a mãe, e o do Deus Filho. Teríamos aí a Trindade a apresentar todas as dimensões do amor. Isso equilibraria a conceituação que temos que ter do verdadeiro amor, que pode ser deturpada por frases tais como “ESPERA SÓ O SEU PAI CHEGAR ...”. Conheci uma moça que aos 15 anos de idade foi estuprada pelo próprio pai bêbado! Falar de Deus como Pai é afastar emocionalmente essa moça do Divino. Ela precisa de ver que Deus é capaz de amar também com o amor materno.
A maior lição que aprendi no HC foi ver como é o amor de mãe. Com raríssimas exceções, todas dariam a vida pelos filhos.
O cuidado pastoral foi exemplificado por Paulo com o amor de mãe:
“No entanto, tínhamos o direito de exigir de vocês alguma coisa, por sermos apóstolos de Cristo. Mas, quando estivemos com vocês, nós fomos como crianças, fomos como uma mãe ao cuidar dos seus filhos.” (1 Ts 2:7 NTLH)
Um Pai que nos sustenta, uma mãe que cuida de nós e um irmão como nós.
“Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” (Mateus 3:16-17)
“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;” (Mateus 28:19)
Caro Xyko,
ResponderExcluirComo humanos que somos acabamos fazendo uma figura de Deus com os recursos limitados que temos...
Por mais sublime e maravilhoso que o amor humano paterno, e mais ainda, o materno, possam ser, eles estão infinitamente aquém do AMOR que Deus tem por nós. Apesar disso o próprio Jesus lançou mão deles para comparar.
Mas temos que enterder isso, que são apenas comparações, senão corremos o risco de pensar que Deus fica bravo conosco, nos pune e nos castiga...
O Amor de Deus está acima do bem e do mal... Bem e mal são consequências de nossas decisões humanas, nesse mundo de liberdade e imperfeição (que mistura perigosa).
Aliás, imperfeito quer dizer não acabado, ainda sendo feito. Por isso dizemos que perfeito só Deus.
O caminho é longo e difícil, mas basta segurar na mão de Deus e irmos pulando e cantando como a menininha da história...
Paz,