Tudo começou com um equívoco da minha parte. Eu e uma colega de ministério estávamos passando pelo corredor de uma das enfermarias do HC-UNICAMP quando avistei, sentada num dos leitos, uma menina com trancinhas nos cabelos.
— Vamos entrar e conversar um pouco com aquela criança — disse.
Mas logo que entramos no quarto, percebi meu equívoco. Tratava-se, na verdade, de uma senhora bem miudinha sentada na cama, de costas para o corredor. Assim que nos aproximamos da cama, ela começou a falar, entusiasmada:
— Vocês estão aqui em resposta às minhas orações. Eu sou evangélica, e há alguns dias venho tentando evangelizar uma senhora que dividia o quarto comigo, mas como o estado dela piorou muito, os médicos a transferiram para o isolamento. Eu queria terminar a conversa que estávamos tendo, mas não posso entrar no isolamento. Vocês não poderiam ir até lá? O nome dela é Carmem.
— Sim, podemos — respondi —, sei quem ela é.
Já havíamos tentado conversar com esta senhora, mas ela se mostrara pouco receptiva. Quem sabe agora, em outras circunstâncias, ela nos ouviria...
Lá fomos nós. Cumpridos os procedimentos de praxe para o acesso ao setor de isolamento, fomos recebidos entusiasticamente por Dona Carmem. Para nossa surpresa, ela foi direto ao assunto, perguntando:
— Como é que eu faço para ir para o céu?
Explicamos a ela, detalhadamente, o que Jesus fez na cruz para nos dar a salvação. Depois de ouvir com atenção, Dona Carmem afirmou categoricamente que cria no Senhor Jesus. Passamos um tempo orando com ela, e quando nos preparávamos para deixar o quarto, ela nos disse, com uma fisionomia plena de paz e alegria:
— Agora já posso morrer.
Após prometer que voltaríamos no dia seguinte, nos despedimos e voltamos ao quarto da senhora de trancinhas. Enquanto contávamos o que havia acontecido, ela dava pulinhos de alegria na cama, ficando mais parecida ainda com uma menininha. No fim, ela nos disse que agora entendia a razão de ter ficado doente e precisar ser internada.
No dia seguinte, ao entrarmos na enfermaria, fomos logo perguntando pela senhora de trancinhas, e soubemos que ela havia recebido alta na noite anterior.
— E a Dona Carmem? — perguntei.
— Morreu hoje de madrugada.
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