Uma das experiências mais marcantes que pude vivenciar no trabalho de capelania hospitalar foi acompanhar o período de internação de 2 rapazes de mais ou menos 20 anos, que ficaram tetraplégicos. Só moviam a cabeça. E também só na cabeça é que tinham sensibilidade. Todos os curativos e procedimentos cirúrgicos podiam ser feitos sem anestesia! Essa paralisia era para o resto da vida. Os 2 estavam internados no mesmo quarto.
Um deles era cristão (seu nome é Esdras) e o outro não (vamos chamá-lo de José). Depois de algumas visitas eles me contaram o que lhes havia acontecido: o Esdras estava indo para o trabalho de bicicleta quando acabou batendo com tudo em um ônibus, resultando daí uma fratura na coluna. Já o José disse que estava com uma turma amiga nadando em um lago, quando mergulhou em uma parte mais rasa, bateu a cabeça e também ficou paralítico.
As visitas que eu lhes fazia revelavam grandes diferenças entre eles. Por exemplo: certo dia, quando cheguei, o Esdras falou que estava esperando alguém aparecer para virar a página da Bíblia que tinha sido posta aberta ao alcance da sua vista. Já o José estava esperando alguém que o ajudasse a fumar pela traqueostomia! Numa outra visita nós levamos um toca-fitas para pôr música evangélica para os dois. Dias depois percebemos que o José havia pedido para sua namorada trazer umas fitas de rock, as quais eram tocadas o tempo todo, para desespero do Esdras. O José, sua mãe e sua namorada viviam brigando com o pessoal do hospital, por tudo e até por nada. Já os familiares do Esdras, sem abrir mão de requisitar com educação e civilidade aquilo que lhes era devido, viviam dando graças a Deus por ter aquele hospital que os acolhia! Numa outra ocasião, uma enfermeira me contou a verdadeira história do acidente do José: não foi mergulho em lago nenhum, mas sim uma briga durante uma farra numa casa de prostituição, na qual ele levou uma cadeirada que lhe acertou a coluna. A história do Esdras era verdadeira.
Passado algum tempo, o José, sua mãe e sua namorada cansaram do hospital e resolveram ir embora. É isso mesmo: de uma hora para outra resolveram ir para casa. Os médicos alertaram que seria um risco enorme ele ir embora naquela ocasião e nas condições em que ele se encontrava. Não adiantou nada: após assinar um termo assumindo o risco, a mãe o levou para casa. Um mês depois o rapaz estava morto.
Nosso presente é conseqüência das decisões tomadas no passado. E o nosso futuro será conseqüência das decisões tomadas no presente. O próprio senhor Jesus nos alertou que passaríamos por aflições. O que importa são nossas ações e reações diante das dificuldades que nos estão reservadas, sempre visando a eternidade.
Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória. (Colossenses 3:1-4)
Com quem você se identifica mais nessa história?
A Paz Xico!
ResponderExcluirGraças à Deus como o Esdra! É mesmo um consolo ter Deus em todos os momentos da nossa vida. E até mesmo para respeitar e adquirir respeito do próximo, pois como é difícil conviver com alguém que não teme nada e portanto não ama nada, não é mesmo? Só faz besteira, só fala bobagem... só perde tempo. E a oportunidade que tem, joga fora!
Misericórdia Senhor das nossas limitações! Tirai as escamas dos nossos olhos para que possamos ser GRATOS por tudo que o Senhor tem realizado em nós e pra nós. Amém!
Beijo, Deus te abençoe.
Ana Paula