sexta-feira, 9 de maio de 2008

RELATIVIDADE, REALIDADE E REAL IDADE

Veja como são as coisas: não faz muito tempo a Denise, minha mulher, e eu mal nos acomodamos na sala de espera de um consultório médico e já pudemos perceber o enorme interesse que um menininho demonstrava pela minha cadeira de rodas motorizada. Ele devia ter em torno de um ano de idade, pois ainda tropeçava os primeiros passos.
Fui até onde ele estava e deixei que esse garoto, extasiado, explorasse aquilo que o fascinava. E eu brincando e falando com ele. Mas antes tivesse ficado calado. Pelo menos não teria dado o “fora” que dei, pois falei para o garotinho de uma forma que todo mundo pudesse ouvir:
- Aposto que quando crescer você vai querer ter uma cadeira de rodas igual a essa ...
Naquele momento ficou um silêncio terrível naquela sala. Acho que até a TV que estava ligada ficou sem som! Cadeiras de rodas são para pessoas paralíticas!!!!! Quando eu digo que às vezes eu esqueço que sou paralítico, ninguém acredita, e olha uma dessas vezes aí. A Denise concordou comigo que teria sido melhor ter ficado calado.
No dia seguinte, na entrada do HC-UNICAMP, de passagem eu ouço uma voz de criança falando o seguinte:
- Pai, você pode comprar uma cadeira de rodas com motorzinho igual àquela?
Mais uma vez, sobre todas as muitas pessoas que estavam ali, caiu um enorme silêncio. Eu me voltei (parece-me que em câmara lenta) para a direção da voz e vi um garotinho com mais ou menos 5 anos, no colo do pai, e pude perceber que suas duas perninhas eram atrofiadas, o que indicava ser o menininho paralítico.
Isso me deu o que pensar. É claro que eu relacionei os dois acontecimentos. E refletindo sobre essas coisas, eu me lembrei de um outro episódio.
Logo que ganhei essa cadeira, ao vê-la, um garoto da minha Igreja (talvez com 5 ou 6 anos), pediu à mãe uma igual para ele, afirmando que só sairia dela para jogar futebol.
Para uns a cadeira de rodas motorizada pode ser um mau presságio, para outros uma esperança e, para outros, um brinquedo. Repare, e é fundamental isso, que nenhuma das crianças viu a cadeira como um símbolo de tragédia e drama. Viram somente com olhos positivos. Lembrei de Lucas 18:17 “Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira alguma entrará nele”.
Temos aqui mais coisas para pensarmos: que fatores influenciam a nossa interpretação dos fatos da vida? Precisamos responder sinceramente se cremos ou não no seguinte versículo:
“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”. (Romanos 8:28 RA)
Eu creio. Para mim, entre outras coisas, a cadeira de rodas motorizada é o “maior barato”.

Um comentário:

  1. O maior barato é você Xico! Adoramos a história! E também a Reflexão!
    Deus te abençoe!
    Ana e Dan

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