sábado, 12 de dezembro de 2009

PRESENÇA QUE SE FAZ PRESENTE (Henri Nouwen)

Quando nos sentimos realmente confortados e consolados? Quando alguém nos ensina como pensar ou como agir? Quando recebemos um conselho para onde ir ou o que fazer? Quando ouvimos palavras tranqüilizadoras e de esperança? Algumas vezes, talvez. Porém, o que realmente importa é ter alguém ao nosso lado nos momentos de dor e de sofrimento.
Mais importante do que qualquer ação específica ou de uma palavra de aconselhamento é a simples presença de alguém que se interessa por nós. Quando alguém nos diz, no meio de uma crise: "Eu não sei o que dizer ou o que fazer, mas quero que você saiba que estou ao seu lado, que não o deixarei sozinho", podemos nos sentir seguros de que temos um amigo em quem podemos encontrar consolo e conforto.
Numa época tão repleta de métodos e de técnicas destinados a mudar as pessoas, a influenciar o seu comportamento e a fazer com que elas façam coisas diferentes ou tenham idéias novas, perdemos o dom simples, porém difícil, de permanecer ao lado das pessoas.
Perdemos este dom porque somos levados a acreditar que nossa presença precisa ser útil. Nós pensamos: "Por que devo visitar esta pessoa? Não posso fazer nada por ela! Não posso sequer lhe ser útil!". Entretanto, esquecemos que muitas vezes é a presença humilde, despretensiosa e "inútil" de alguém ao nosso lado que nos dá consolo e conforto.
Permanecer ao lado de alguém pode parecer simples, mas é uma tarefa difícil, pois exige que compartilhemos nossa vulnerabilidade com esse alguém, que passemos junto com ele pela experiência da fraqueza e da impotência, que nos tornemos parte da incerteza. Para isso, precisamos abrir mão do controle e da autodeterminação. Porém, quando isso acontece, nasce nova força e nova esperança.
Aqueles que nos oferecem conforto e consolo ao permanecerem ao nosso lado em momentos de doença, de angústia mental ou de trevas espirituais, muitas vezes estão mais próximos de nós do que aqueles com quem temos laços de sangue. Eles demonstram sua solidariedade para conosco ao penetrarem de boa vontade nos espaços escuros e desconhecidos da nossa existência. Por essa razão, são eles que nos trazem nova esperança e nos ajudam a descobrir novos rumos na vida.

Um comentário:

  1. Este texto me fez lembrar de uma proposta que é feita aos jovens médicos, naquelas difíceis situações de ter que dar uma "má notícia" aos familiares de um paciente que, por exemplo, não resistiu à doença e morreu...
    Não existe uma "receita de bolo", mas parece mais consoladora e humana a postura de dar a notícia com calma, olhando nos olhos, próximo, se possível tocando levemente a pessoa e aguardar, ali mesmo, a reação emocional que a notícia provoca, na posição de TESTEMUNHA SILENCIOSA...
    Não é fácil, queremos ir embora, dizer palavras de consolo (que na maioria das vezes não tem qualquer sentido), mas a proposta é outra: compaixão, sentir-se humano como o outro, permanecendo ao seu lado... só isso.

    "Quem sofre sozinho sofre muito mais em seu espírito, deixa para trás sua liberdade e sua alegria. Mas o espírito com muito sofrimento pode superar-se, quando a dor tem amigos e suportam sua companhia. Quão leve e suportável a minha dor parece agora..."

    Sheakespeare em "A história do Rei Lear"

    Paz,

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