sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

UMA VISITA QUE NÃO ACONTECEU E OUTRA QUE ACONTECEU



Aquele homem, o Jorge, sofria de câncer mas, por mais incrível que pareça, não era isso que mais o afligia. Ele estava internado há muito tempo e uma amizade sólida se formara entre nós. Eu acredito que, na maior parte das vezes, para darmos um testemunho individualmente, é necessário que exista uma amizade entre o cristão e aquele que vai ser evangelizado. Fazer amizade nos dá o direito de sermos ouvidos. A minha amizade com o Jorge abriu as portas para eu falar-lhe de Jesus e assim ele foi convertido.
Doente terminal, o Jorge só queria uma coisa: rever e abraçar o filho que era viciado em drogas e morava lá no Rio de Janeiro. Numa sexta-feira entramos em contato com o rapaz, conseguimos dele a promessa de que viria visitar o pai no domingo, falamos para o Jorge se preparar (ele garantiu que estava preparado), e só voltamos ali no hospital na segunda-feira. O rapaz não veio e nem deu satisfação.
Depois de chorar muito, o Jorge virou para mim (que estava quieto e calado ao seu lado) e disse: “OK, Chico. Estou pronto para morrer. Já me acertei e me despedi de todos aqui na Terra, menos desse meu filho, porque ele não quis. Já me acertei com Deus pois vi a salvação em Jesus, que na cruz pagou todos os meus pecados. Já posso ir para o céu em paz”.
Ele estava pronto. Com um leve toque de tristeza por causa do filho, mas feliz e em paz, o Jorge morreu no dia seguinte, terça-feira.
Tudo isso me voltou à mente devido ao fato de estar estudando o relato do encontro de Simeão com o menino Jesus, quando este foi apresentado no Templo.
“Havia em Jerusalém um homem chamado Simeão; homem este justo e piedoso que esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele. Revelara-lhe o Espírito Santo que não passaria pela morte antes de ver o Cristo do Senhor. Movido pelo Espírito, foi ao templo; e, quando os pais trouxeram o menino Jesus para fazerem com ele o que a Lei ordenava, Simeão o tomou nos braços e louvou a Deus, dizendo: Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra; porque os meus olhos já viram a tua salvação,” (Lucas 2:25-30)
Por ele orar dizendo que já podia morrer pois tinha visto o Messias prometido, eu imaginava que era velho, mas diz a tradição judaica que ele era moço ainda. Um moço que estava pronto e em paz para se encontrar com Deus. Ele aguardava a visita do Cristo e Ele, o Deus Filho, veio.
Veio para nos trazer a Salvação. Você está pronto?
PARA REFLETIR:
“Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo. Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” (Apocalipse 3:20-22)

Um comentário:

  1. Meu caro Xyko,

    Esta história é realmente tocante e muito triste, principalmente para aqueles que tem filhos, e ainda mais, filhos homens.
    Sabemos como a relação entre pai e filho aqui na terra espelha a relação com o Pai do céu.
    A figura paterna que trazemos dentro de nós, que em psicologia representa os limites e a lei, hoje em dia está muito desprestigiada pelo excesso de liberdade e individualismo. A lei simbolicamente é imposta pelo pai e ninguém quer aceitar o limite...
    Nós somos a sociedade da superação dos limites, isso fica incutido na cabeça dos jovens, enfraquece a autoridade do pai e, pior, muitas vezes com o apoio da mãe...
    Daí os desencontros, violências, drogas (como no caso), crimes passionais, etc.
    Bem, se é com essa imagem de pai terrestre que vamos pautar nossa relação com o Pai celeste, dá para ter uma idéia das dificuldades. Isso mostra a imensa responsabilidade que é ser pai.

    Que Deus receba o Sr. Jorge de braços abertos, uma vez que ele conseguiu se reconciliar como filho com esse mesmo Pai.
    E que seu filho consiga se reconciliar um dia com a figura paterna que traz dentro dele e que agora, infelizmente, não representa mais um pai presente aqui na terra...


    Paz,

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