Eu fiquei parado na entrada do hospital sem outra reação a não ser pensar e ficar vendo aquela moça ir embora. Ela tinha acabado de ter alta de uma internação que se fez necessária porque ela simplesmente parou de tomar seus remédios. Portadora do vírus da AIDS, uma vida extremamente sofrida, ela ia para casa e eu a acompanhei do quarto até lá em baixo, na saída. Ao me despedir eu lhe disse: “Se cuida, menina”. Ela parou, me olhou e perguntou: “Por que eu faria isso?”, ao que respondi dizendo que a vida é uma só. O que ela retrucou foi o que me fez ficar estático: “Ainda bem que a vida é uma só! Eu não iria querer viver tudo isso de novo”.
Ela queria morrer! Embora não concorde com ela, eu a entendo. Ela continuou sem tomar os remédios, foi internada de novo e conseguiu seu intento. Morreu em um sábado, o dia da semana que ela mais gostava.
Temos que fazer com que a vida valha a pena. Primeiro a nossa própria vivência, e depois a de todos os outros. Talvez eu esteja me equivocando na ordem das coisas, pois veja bem, me empenhar em fazer com que a vida dos outros seja plena de significado já dá o valor que a minha vida precisa ter, mesmo que seja necessário morrer nessa missão.
Mas como se faz isso?
“E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” (João 17:3)
A palavra “vida” aqui nesse verso, no grego é “zoe”, uma vida plena e valorosa, vida ativa e vigorosa, devota a Deus, que começa aqui na Terra e continua pela eternidade, para aqueles que colocam sua confiança em Cristo.
“Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” (João 10:10b)
Agora, pensa comigo: o que faz com que a vida de uma árvore, ou de uma pomba, ou de um leão, ou ainda a de uma minhoca, sejam plenas de significado? Basta que cada um cumpra o propósito para o qual foram criados. E eles hão de fazê-lo, da forma que Deus determinou. E assim Deus é glorificado.
Já conosco é bem diferente. Temos um propósito superior determinado e pelo seu cumprimento ou não temos a total responsabilidade (vamos responder por isso). Temos que glorificar a Deus com isso, assim como Jesus o fez:
“Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer.” (João 17:4)
Façamos que valha a pena ter vivido.
Caro Xyko,
ResponderExcluirRealmente dá o que pensar...
Tanta gente tenta definir vida: do ponto de vista biológico, psicológico, filosófico... mas ninguém consegue realmente definir esse conceito. Interessante é a visão estruturalista, onde tudo se define pelas relações. A vida humana se define pelas relações com os outros, consigo mesmo e com Deus. É lamentável saber que existem muitas e muitas pessoas que, como a do exemplo da experiência relatada, por causa da precariedade das relações estabelecidas, acaba julgando que a vida não vale a pena ser vivida... a estrutura se rompeu irreparavelmente... até onde nós podemos ajudar?
Paz,