Levando um grupo de pessoas da minha Igreja para conhecer o nosso trabalho ali no HC-UNICAMP, comecei circulando com eles por uma das lanchonetes da frente do hospital. Antes de irmos para lá eu lhes pedi que observassem bem as pessoas que ali estavam e pensassem bem para depois responder à seguinte pergunta: “O nosso povo é feio ou bonito?”.
Aquelas pessoas vieram de longe em busca de saúde, para si mesmas ou para alguém de seu relacionamento. Muitos chegaram (como outros que chegam todo dia!) muito cedo e vão embora muito tarde. Passam o dia ali, às vezes só esperando a condução das prefeituras de suas cidades de origem.
A primeira impressão que temos ao observarmos aquela nossa gente é que eles são feios. Recentemente pudemos ver as transmissões das Olimpíadas de Inverno direto do Canadá. Se lembrarmos das imagens daqueles esportistas e torcedores estrangeiros e olharmos para as pessoas da frente do HC, aí é que os nossos parecem horríveis!
Mas não são. O nosso povo também é bonito.
Entretanto, é mal cuidado, doente, mal alimentado, sofrido e esquecido. E muitos não teem umm relacionamento saudável com Deus. É preciso muita atenção para ver a beleza por detrás dos males sofridos.
Quando terminamos a volta por ali é que eu afirmo: “É por isso que estou aqui”.
“Vendo Jesus as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor.” (Mateus 9:36)
“Desembarcando, viu Jesus uma grande multidão, compadeceu-se dela e curou os seus enfermos.” (Mateus 14:14)
“Ao desembarcar, viu Jesus uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor. E passou a ensinar-lhes muitas coisas.” (Marcos 6:34)
Caro Xyko,
ResponderExcluirSua experiência lembrou-me a intelectual e feminista brasileira Rose Marie Muraro, que tem uma história de vida e de lutas muito interessante e respeitável, vale a pena conhecer... entre ouras coisas ela viveu praticamente a vida toda cega e aos 66 anos voltou a enxergar após uma cirurgia e disse ao olhar-se no espelho: "Hoje sei que sou uma mulher bonita..."
Ela mesmo fez uma pesquisa sobre o conceito de beleza das mulheres brasileiras e demonstrou uma diferença gritante relacionada ao nível social:
Beleza para as mulheres pobres está relacionada à saúde e capacidade de trabalho em casa (papel de cuidadora) e fora (papel de provedora)... isso tende a garantir um casamento e capacidade de cuidar da família depois, em geral sozinha, pois frequentemente são abandonadas pelos maridos após terem os filhos...
Entre as mulheres ricas beleza se relaciona com cuidados com a aparência e o corpo, com gasto de tempo e dinheiro significativo com vaidade e estética (com cirurgias plásticas em crescimento), o que nem passa pela cabeça das mulheres pobres. Nem por isso só esses cuidados são suficientes para manter o casamento com o passar do tempo...
Portanto esses dados confirmam sua afirmação de que nosso povo simples não é feio, é mal cuidado...
Mas em geral, a auto-estima do pobre é maior do que dos ricos, o que acaba gerando um certo rancor inconsciente dos ricos em relação aos pobres, além de um preconceito maldoso. Para os ricos em geral, o pobre não tem direito ser feliz, afinal, eles que são ricos no fundo não são...
Paz,