terça-feira, 22 de dezembro de 2009

SUTILEZAS



Uma jovem mãe está com a filha internada, em estado terminal, ali no HC-UNICAMP. Pessoas bem intencionadas lhe disseram que a filha não está sofrendo pois está sedada, e que Deus fez com que a criança ficasse assim para ensinar e corrigir alguma coisa na vida da mãe. Agora veja bem: toda mãe se sente responsável pela saúde e bem estar dos filhos. Como vai se sentir essa mulher que ouve que é alguma coisa errada na vida dela, da própria mãe, que está causando o sofrimento e até a morte da filha? Com certeza vai sentir culpa. Observe agora a sutileza: acredito que devemos aprender com o sofrimento, mas isso não nos torna causadores das aflições. E Deus não faria um sofrer para outro aprender algo. Aproveitar o sofrimento inevitável para crescimento interior é uma coisa, e acreditar que a aflição de alguém foi causada com o objetivo de nos ensinar algo é outra coisa.
Outra sutileza: uma menina de 14 anos dá à luz uma criança. Mãe solteira. Vamos chamar essa menina de Estela, o bebê vamos chamar de Yara, e a mãe da Estela vamos chamar de Sheila. A estela é filha única e sempre foi criada com muita atenção e carinho. Muito rapidamente ela passou do papel de filha, dependente e recebendo cuidados, para o papel de mãe, responsável e tendo que cuidar de alguém. Seu primeiro pedido de socorro, velado e talvez inconsciente, é demonstrar ciúmes reclamando que a Dona Sheila “só liga para a Yara”. Esses papéis a serem cumpridos na vida dentro do tempo devido, quando interpostos fora da hora certa, pode causar sérios conflitos internos e externos.
Como entender e lidar com esses problemas sutis da natureza humana? Creio que a Bíblia, além da sua função primordial de nos levar a conhecer a Deus, também nos ensina a conhecer o ser humano.
“Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração. E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas.” (Hebreus 4:12-13)
PARA REFLETIR:
“Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida. Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento.” (Tiago 1:5-6)

Um comentário:

  1. Pastor,
    Não é fácil pensar que não fizemos ou somos culpados por algo acontecer em nossas vidas. Sempre perguntamos o porquê das coisas e esquecemos de perguntar o para quê. Assim como descrito na mensagem, creio que devemos mesmo buscar o crescimento espiritual e pessoal nas aflições, afinal de contas, temos duas opções, passar pelas aflições e crescer ou passar pelas aflições e continuarmos como sempre fomos. Não é mesmo?
    Eu busco sempre a primeira opção.
    Um grande abraço,
    Flávia
    Brasília-DF

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