segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A OCIOSIDADE E O PENSAR


Um amigo se mostrou admirado de eu escrever um texto por dia para postar no Blog. E comentando isso ele perguntou: “Você pensa em tudo o que escreve?”, o que gerou a minha resposta óbvia: “Claro que sim!”. Ele continuou: “Entendo, é que pelo fato de ser paralítico você tem tempo para pensar”. Comentando isso com uma outra pessoa, ela disse que meu amigo tinha razão, pois se não fosse minha paralisia eu teria que fazer alguns serviços tais como ajudar minha mulher no serviço da casa, por exemplo, lavando a louça.
Isso me fez pensar.
Comentários como os dos meus amigos acima são típicos de pessoas que não estão acostumados a meditar, a refletir, enfim, a pensar. Não sabem fazer isso, ficando à mercê de receber e adotar as idéias de outras pessoas. Li certa vez que os esquimós mais velhos que não possuem mais dentes, teem sua comida mastigada pelos mais jovens e recebem aquela pasta pronta para digerir. É só engolir. Quem não pensa, só possui idéias “pré-mastigadas”.
O primeiro amigo que citei é, segundo ele mesmo, viciado em assistir noticiários na TV. Ele assiste a todos (!), e os que não pode assistir, grava para ver posteriormente. A segunda pessoa não consegue ficar no silêncio, tem que ter o tempo todo (!) uma música tocando em seus ouvidos. Até enquanto lava a louça. Como vão pensar se ocupam o seu cérebro com idéias já pré-fabricadas?
Estou seguro que não sou ocioso. Não é por ser paralítico que eu teria que ser ocioso. Então eu penso, não porque sou ocioso. Tenho o hábito de pensar porque aprendi a fazê-lo, reconheço a importância e priorizo isso.
Pensar é uma arte. Há quem fique ocioso e só pensa bobagem. Contudo, há princípios a serem seguidos:
“Irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.” (Filipenses 4:8)
“Se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória.” (Colossenses 3:1-4)
Já pensou?

5 comentários:

  1. Sabe, Chico, vivemos em um mundo que não valoriza o silêncio, o tempo de parar e refletir. Somos a geração do "fastfood", precisamos comer depressa porque não temos tempo a perder. Com isso, deixamos de saborear a comida, perdemos o prazer de sentir o gosto de cada alimento, levantamos depressa e voltamos para o trabalho, pois não podemos perder tempo. isso reflete também na maneira como pensamos. Parar para pensar, para refletir ou meditar sobre algum assunto, paresse perda de tempo ou "falta de serviço". Desaprendemos de pensar. Hoje o que importa é "fazer", estar sempre ocupado, envolvido em várias atividades. Sofremos da síndrome de Marta, sempre ocupada. No fundo, achamos que Maria era uma "folgada", que deixava tudo nas costas da irmã. Mas esquecemos que Jesus disse que Maria escolheu a melhor parte. Precisamos aprender a deixar de lado nossa preocupaçao excessiva com o "fazer" e nos atermos ao que é essencial. O que importa não é o que fazemos, mas o que somos.

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  2. Que horror, fui ler o que escrevi e achei um erro bárbaro: escrevi "paresse" em vez de "parece". Para quem trabalha com revisão é o fim da picada, hehehe. Acho que vou me dar um castigo, daqueles que as professoras mais antigas davam :escrever 100 vezes "parece" para não errar mais1

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  3. Oi, Xyko!

    Milênios depois... rsrsrs!

    O seu texto e o comentário da Heloisa lembraram-me um texto escrito pelo Pastor Vlademir, chamado "Há coisas muito importantes a serem resolvidas":

    "O despertador toca. É hora de levantar para mais um dia de trabalho. Durante a noite, não foram raros os momentos em que a mente ficou alternando entre o sono e o despertamento inesperado por causa das ansiedades da vida. Foi difícil pegar no sono na noite anterior, pois as idéias não paravam de pipocar. Foi preciso um grande esforço para evitar ficar ligado em assuntos que atrapalhariam a noite de sono. Mas um novo dia se inicia, e é necessário se aprontar rapidamente para o primeiro compromisso de uma longa jornada que há pela frente. Há coisas muito importantes a serem resolvidas.

    A pressa excessiva impede qualquer iniciativa de leitura da Bíblia ou comunhão com o Senhor. Não há tempo a gastar com isso agora. Há coisas muito importantes a serem resolvidas. A mente já está aplicada em processar os assuntos do dia. Em poucos momentos o envolvimento com as tarefas é tão intenso, que o dia vai passando quase desapercebidamente. De repente há a constatação de que já passou muito da hora de ir para casa. Não houve tempo para comunhão com o Senhor. Havia coisas muito importantes a serem resolvidas.

    A chegada em casa é acompanhada por um cansaço muito intenso. Os olhos estão pesados e a cabeça, apesar de dolorida, ainda está acelerada porque muitas coisas urgentes ficaram para trás. É preciso desacelerar para tentar dormir. É inviável tentar qualquer iniciativa de comunhão com o Senhor neste cenário de esgotamento físico e mental. Há coisas muito importantes a serem resolvidas. É preciso tomar banho, se alimentar, e distrair um pouco a mente à frente da TV antes da noite de sono que renovará as energias para o próximo dia, pois haverá coisas muito importantes a serem resolvidas.

    Enfim chega o Domingo. É dia de participar do culto público ao Senhor. No final da tarde de um dia de descanso, comida pesada e futebol, ao adentrar no salão já lotado com o culto em andamento, ainda é possível cantar com emoção a última música antes da mensagem: "Preciosas são as horas na presença de Jesus, comunhão maravilhosa da minha alma com a luz..."."

    Vlademir Hernandes

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  4. EU SOU a "segunda pessoa não consegue ficar no silêncio, tem que ter o tempo todo (!) uma música tocando em seus ouvidos. Até enquanto lava a louça."

    Você PENSA que eu não PENSO, mas a música ajuda e muito a PENSAR melhor, e tb lavar louças mais rápido!

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  5. Acredito que devemos superar a idéia que não trabalhar é sempre preguiça. Minha mãe dizia: "o ócio é a oficina do diabo".
    Essa ideologia da nossa sociedade industrial, justifica sermos transformados em escravos, em robôs, "workaholics" que não sabem mais o que fazer nos seus momentos de descanso e lazer, caindo no desatino da bebedeira e bagunça (vide o carnaval), fechando o círculo e justificando novamente o ditado citado no início.
    Temos aquele trabalho obrigatório que nos sutenta, nos dá o pão de cada dia, e o trabalho que nos realiza, que fazemos de graça inclusive nos momentos de descanso e lazer. O segredo da felicidade está em sobrepor esses dois trabalhos (o que sustenta e também realiza)... todos conhecem a estória dos dois pedreiros: um ficava reclamando de tudo e o outro estava orgulhoso e feliz pois estava construindo uma igreja.
    É a relação que temos com o trabalho é que faz a diferença...
    O mesmo acontece com o pensar e o refletir. Devemos superar a idéia que é desgastante, sofrido e enfadonho aprender e refletir sobre tudo. Esse é o verdadeiro sentido da palavra filosofia: gostar, amar a sabedoria (mais que somente conhecimento, sabedoria é o conhecimento refletido, pois conhecimento, competência sem valores é um perigo...).
    Mais que apenas desenvolvimento cognitivo, pensar e aprender devem demonstrar ser uma disposição para a evolução do espírito, para a busca da Verdade de cada um e do universo...
    É essa busca que nos leva a querer conhecer a Deus, daí a palavra teologia...


    Paz,

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