No filme Paper Moon (1973, direção de Peter Bogdanovich, com Ryan e Tatum O'Neal) o pai da garota era vendedor de Bíblias durante a Grande Depressão dos EUA em 1929. Ele tinha um golpe para vender mais. Ao chegar em uma cidadezinha, comprava um jornal local, abria na parte de obituários, localizava algum falecido que deixou mulher, imprimia com uma máquina portátil, na capa de um exemplar da Bíblia, com letras douradas, o nome a viúva, ia até a casa dela, batia na porta e pedia para chamar o falecido, como se não soubesse que ele morrera. Mostrava-se surpreso e condoído, dava um jeito de dizer que trazia uma encomenda que o tal marido fizera para dar de presente, como surpresa, para a mulher, e mostrava o volume. As viúvas, geralmente chorando, pagavam o que ele pedisse pelo exemplar.
O valor da Bíblia está em ser ela a PALAVRA DE DEUS, e não no peso emocional humano que damos a um livro. Escrevi certa vez que dei a minha Bíblia de uso pessoal para a mulher de um paciente do hospital. Uma irmã, muito querida por sinal, ao ler o texto, me escreveu dizendo que nunca faria isso, devido ao enorme apreço que tinha por “sua” Bíblia. Não desprezo o valor sentimental que um determinado exemplar das Sagradas Escrituras podem ter (por exemplo, por ser a primeira Bíblia, ou um presente dado por alguém ou ganho numa ocasião especial), mas seu maior valor está em ser um recado escrito pelo próprio Deus para nós, e para cada um de nós especialmente.
Nessa perspectiva, gosto de “navegar” pela Bíblia. Leio, releio, sublinho alguns trechos, faço anotações nas margens, comparo com outros trechos da Palavra, medito, relaciono as implicações que aquilo tem comigo e aplico na minha própria vida.
Experimente fazer isso com os seguintes trechos:
“Tão-somente sê forte e mui corajoso para teres o cuidado de fazer segundo toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que sejas bem-sucedido por onde quer que andares. Não cesses de falar deste Livro da Lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto nele está escrito; então, farás prosperar o teu caminho e serás bem-sucedido. Não to mandei eu? Sê forte e corajoso; não temas, nem te espantes, porque o SENHOR, teu Deus, é contigo por onde quer que andares.” (Josué 1:7-9)
“Aproximando-se os dias da morte de Davi, deu ele ordens a Salomão, seu filho, dizendo: Eu vou pelo caminho de todos os mortais. Coragem, pois, e sê homem! Guarda os preceitos do SENHOR, teu Deus, para andares nos seus caminhos, para guardares os seus estatutos, e os seus mandamentos, e os seus juízos, e os seus testemunhos, como está escrito na Lei de Moisés, para que prosperes em tudo quanto fizeres e por onde quer que fores; para que o SENHOR confirme a palavra que falou de mim, dizendo: Se teus filhos guardarem o seu caminho, para andarem perante a minha face fielmente, de todo o seu coração e de toda a sua alma, nunca te faltará sucessor ao trono de Israel.” (1 Reis 2:1-4)
“Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma. Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência. Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar.” (Tiago 1:21-25)
Caríssimo,
ResponderExcluirEssa meditação chamou-me atenção em dois pontos:
Primeiro navegar (lat. navis: barco e agere:
mover, dirigir-se) evoca aventura, coragem para ir por "mares" profundos, não sem riscos. Nesse sentido a Palavra de Deus realmente merece ser "navegada"...
Em segundo lugar, como nos é difícil superar o apego às coisas materiais, inclusive nossas Bíblias. Eu particularmente fico com um pouco de "ciúmes" quando me pedem uma cópia de uma aula ou palestra que acabei de fazer...
Se o apego material já é difícil de superar, que dirá do apego afetivo... lembra do "...deixe que os mortos enterrem seus mortos..."
Paz,