Não faz muito tempo um casal de amigos, evangélicos, me perguntou se eles deveriam deixar a filha com 9 anos ir a uma missa. É que o colégio em que a menina estudava era católico e haveria essa celebração da qual todos os alunos participariam, e a garota queria estar com as amigas. Os pais estavam preocupados com não comprometer a fé que eles estavam inculcando na filha. Minha resposta foi que eu não via essa possibilidade, e que poderiam deixar a menina ir sem susto.
Acredito que nós devemos ter uma postura muito mais amorosa com as pessoas que não são evangélicas mas são cristãs e também com as que são de outras denominações.
“Disse-lhe João: Mestre, vimos um homem que, em teu nome, expelia demônios, o qual não nos segue; e nós lho proibimos, porque não seguia conosco. Mas Jesus respondeu: Não lho proibais; porque ninguém há que faça milagre em meu nome e, logo a seguir, possa falar mal de mim. Pois quem não é contra nós é por nós.” (Marcos 9:38-40)
Se não estivermos juntos, isso apesar das nossas diferenças doutrinárias, estaremos nos espalhando:
“Quem não é por mim é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha.” (Mateus 12:30)
Por outro lado, temos muito o que aprender com outras igrejas, até mesmo com as não cristãs. Veja alguns exemplos: com os católicos podemos aprender a reverência na igreja e especialmente na missa. Tenho aprendido muito sobre a Bíblia com alguns apreciados amigos e irmãos católicos (4 adjetivos!). Com os pentecostais podemos aprender o fervor na oração (eles devem estranhar a minha “frieza” ao estar diante de Deus). Com os hinduístas podemos aprender sobre meditação e jejum, com os Testemunhas de Jeová a dedicação e com os espíritas a fazer boas obras.
Erramos o alvo quando acreditamos que ao nos relacionarmos amorosamente com eles, comprometemos aquilo em que cremos. É justamente o contrário. Veja o título desse texto.
Amá-los abre canais de comunicação para eles nos perguntarem sobre o que acreditamos.
“Santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós,” (1 Pedro 3:15)
Que tal trocarmos a nossa petulância e arrogância pelo amor que nos foi ordenado?
P.S.: Mesmo me esforçando não consegui eliminar o “clima” de separação nós/eles. Tenho muito que aprender ainda como escritor e como cristão!
Se a criança tem uma boa base biblica dentro de casa, é o que basta, também não dá para excluir a criança do mundo.Ciça.
ResponderExcluirOi Xyko! Que alívio ouvir um pastor falando estas coisas! Achava que só eu pensasse assim e me sentia meio dissidente por causa disso (já que sou evangélica). Acontece que sou de família católica e meu marido não é convertido. Assim, desde o princípio da minha conversão tive que lidar com toda esta problemática sobre mistura de informações para os filhos. E estes ainda estudaram em colégio católico por muitos anos! Meu testemunho é que, hoje com 18 e 15 anos de idade, eles são fiéis a Jesus e continuam na nossa igreja. Entendo a justa preocupação dos pais crentes, mas não podemos perder de vista o poder de Deus. Esta é uma excelente oportunidade de exercitarmos nossa fé! "E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido" (Gálatas 6:9). Abçs. Ivana
ResponderExcluiroi, Chico, vc não imagina como é bom ouvir isso, principalmente vindo de um pastor batista! Senti na pele, quando criança, as consequências de uma postura rígida e intolerante(a recusa de minha mãe, evangélica, em comparecer à missa de sétimo dia da minha avó paterna, católica, fez com que meu pai revidasse,recusando-se a "pôr os pés" numa igreja evangélica). Muitas vezes, adotamos uma postura arrogante não só em relação aos não-cristãos, mas também aos crentes de denominações diferentes da nossa, dando a entender que nossa igreja é mais "bíblica" que as outras. Ivana, gostei muito do que vc escreveu. Uma atitude amorosa convence muito mais do que os melhores argumentos. "A longanimidade convence o príncipe, e língua branda quebra até ossos" (Pv 25.15). abs, Heloisa
ResponderExcluirCaríssimo,
ResponderExcluirNão tenho dúvida que o respeito inter-religioso é uma questão de maturidade. Quem tem sua identidade de fé "bem resolvida", não teme a relação com os diferentes. Para mim todos aqueles que aceitam profundamente a condição humana e vivem verdadeiramente o Amor são Cristãos, mesmo não tendo consciência disso ou até mesmo não querendo aceitar o fato...
Para mim longanimidade que a Heloísa citou muito bem é a certeza de que Cristo morreu por nós e que fomos justificados no Seu Amor... essa virtude dá um enorme ânimo à pessoa (longo + anima - alma) que só quem teve algum tipo de contato místico íntimo com Cristo sabe do que se trata...
Certamente "o que compromete é não amar"...
"E aqueles que dançavam foram chamados de loucos por aqueles que não conseguiam ouvir a música..." (Nietzche)
Paz,