quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A SEMENTE NO CORAÇÃO ENDURECIDO

Texto de Reinaldo Bui
“E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e vieram as aves e a comeram... São estes os da beira do caminho, onde a palavra é semeada; e, enquanto a ouvem, logo vem Satanás e tira a palavra semeada neles” .(Mateus 13.4,19)
Normalmente aplicamos esta parábola a um contexto evangelístico, esquecendo-nos que a Palavra não se limita apenas às boas novas da salvação. Ela existe também para nos ensinar, repreender, corrigir e educar na justiça, a fim de que sejamos amplamente capacitados para toda boa obra. Estas sementes visam também o nosso crescimento espiritual. Jesus foi o maior dos semeadores e, nesta parábola, Ele se posiciona como tal e nos compara a um terreno onde serão depositadas suas sementes, classificando a alma, isto é, o coração humano, em vários tipos de solo. O que impressiona é que ele não os classificou pela capacidade de errar e acertar ou vencer e fracassar, mas sim pela receptividade, desprendimento e disposição para aprender. Para ele, o coração humano é o solo mais apropriado para receber suas sementes. O que mais podemos fazer com estas sementes senão enterrá-las em nossos corações? Só uma semente enterrada pode germinar, e uma vez desenvolvida deve frutificar, transformando nossas emoções e nossos pensamentos. Este fruto é caracterizado por amor, alegria, paz, paciência, bondade, benignidade, fé, mansidão, domínio próprio, além de uma capacidade sobre-humana para perdoar e servir.
Os quatro tipos de solo que Jesus descreve nesta parábola podem representar quatro tipos de personalidades distintas ou quatro estágios da mesma personalidade.
O primeiro tipo de solo aqui apresentado está compactado, endurecido e impermeável. Ele representa aquelas pessoas que têm seu próprio caminho e não estão abertas para algo novo, não estão dispostas a aprender. Elas se fecham dentro do seu mundo, são orgulhosas, não conseguem se abrir para novas possibilidades ou novos pensamentos. São inquestionáveis e sentem-se donas absolutas da verdade. Seus corações são compactados como a terra pisada de uma estrada. Quando põem uma coisa na cabeça, ninguém consegue fazê-las mudar de idéia. Quantas pessoas nós conhecemos que possuem estas características? É fácil identificar? Agora pense: quantas vezes não agimos assim? Somos turrões, teimosos, não permitimos que nos questionem e explodimos diante da menor ameaça de confronto. O mundo tem que girar em torno do que pensamos, achamos e sentimos. As dores e experiências difíceis deveriam funcionar como um arado, mas em vez de aprendermos com elas, só pioramos a situação! Dessa maneira, vamos ficando cada vez mais intolerantes e fechados.
Assim eram os fariseus, assim eram os discípulos de Jesus e assim somos nós. A diferença é que, em algum momento, os discípulos abriram o coração. Eles tinham inúmeros defeitos, mas eram pessoas ensináveis. O orgulho deles não tinha grandes raízes, o que os diferenciava dos fariseus. Nem as sementes de amor que Jesus semeava germinam num solo compactado. Por quê? Porque Deus não violenta a alma de nenhum ser humano, mas trabalha no coração daqueles que lhe permitem. Quanto àqueles que insistem em manter seus corações tão endurecidos...
“Vendo, vêem, e não percebem; e ouvindo, ouvem, e não entendem... não
se convertem e não são perdoados”. (Mt 13.13)
Por isso Deus exorta: Quando ouvirem a minha voz, não endureçam seus corações... (Hb 3.8)
Medite...
Como está o terreno do seu coração? Você consegue ser ajudado pelas pessoas que o rodeiam? Seus erros (se os reconhece) e sofrimentos conseguem sulcar seu coração e torná-lo apto para que mais sementes possam germinar?

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