quinta-feira, 6 de maio de 2010

É A MÃE

Todo mundo conhece o episódio (1 Reis 3:16-28) em que duas prostitutas se apresentam a Salomão com uma criança, disputando quem haveria de ficar com o menino, ambas alegando ser a mãe e as duas dizendo que o filho da outra havia morrido. As duas queriam ficar com a criança, e como naquele tempo não se conhecia o exame de DNA para se determinar a maternidade, o impasse se estabeleceu. Sabiamente Salomão ordena que o bebê seja cortado ao meio, cabendo a cada mulher uma metade, visando com isso despertar o amor materno. Ele teve êxito, pois a verdadeira mãe não quis a morte do filho, enquanto a outra não se importaria com isso.
Observe: AS DUAS QUERIAM A CRIANÇA.
A estrutura social daqueles dias e daquela cultura era bem diferente da que temos hoje. Um filho provavelmente era a garantia de sustento, cuidado e sociabilidade para o futuro. Não ter filhos era um demérito para a mulher.
E hoje? Me parece que hoje as pessoas são muito egoístas. Para não atrapalhar uma carreira, para não prejudicar uma vida social ou até mesmo para não estragar o corpo da mulher, ou por tudo isso, muitos optam por não ter filhos ou pelo aborto! E o Toquinho musicou esse pensamento lembrando os incômodos que filhos podem trazer: “... aí a criançada toda chega, eu chego a achar Herodes natural”.
Quando me passou pela cabeça e pelo coração, há alguns anos, adotar uma criança, não foram poucas as pessoas que me disseram para não o fazer para “aproveitar a vida, já que a Cíntia, minha filha, já morava sozinha”. Vida de quem? A minha vida e a da Denise é servir ao Senhor. Meu desejo era dar a uma criança (eu gostaria que fosse uma de 6 ou 7 anos) a chance de sair de uma instituição (há uma menina que chegamos a ir visitar e que até hoje está lá), ganhar uma família, um lar, conhecer a Deus, ter uma Igreja, educação e amor. Apesar de muitos conselhos contrários (alguns até me confessaram que quando os filhos saíssem de casa só queriam saber de passear, viajar e gastar com eles mesmos!), se tivesse sido possível eu teria adotado um menino ou menina, tanto faz.
É um risco, concordo, mas Deus também se arrisca quando nos adota.
“Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai.” (Romanos 8:15)

3 comentários:

  1. Caríssimo, bela reflexão...

    Dizemos que os filhos despertam basicamente dois tipos de sentimentos: o de rejeição, o qual você já mencionou com propriedade, e o de posse e superproteção.
    Podemos dizer até que nossa sociedade humana hoje é dividida em dois grupos: os superprotegidos com medo dos rejeitados com raiva...
    Interessante que a mesma história das mães também contempla o lado dos superprotegidos:
    Note que a mãe que "mata" seu filho, o mata "sufocado"... ora sufocar é não deixar respirar, é não deixar inspirar (encher-se da Vida) e expirar (manifestar o cansaço por ter agido, atuado). Não é exatamente isso que as mães, e porque não também os pais, superprotetores fazem, sentem-se donos de seus filhos e não os deixam serem sujeitos de suas próprias vidas. Isso sufoca e mata a alma...
    Aquela que quer ver o filho livre não se contenta com o filho "meio livre", tem que ser inteiro, totalmente livre...
    E não é a justiça, a lei e a força (a espada) que vai resolver essa situação, somente o Amor. Foi o que a mãe sentiu quando "suas entranhas enternecerem" e preferiu libertar e deixar seu filho viver sem ela do que tê-lo "morto" a seu lado...

    Esse é o grande desafio para nós pais... ainda maior hoje, onde as pessoas são tratadas cada vez mais como objetos!


    Muita Paz,

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  2. Sabe, Xyko

    Como o dia das mães está próximo, achei que seria interessante prosseguir um pouquinho com a reflexão, em respeito às mães...
    No episódio que você citou as mães eram prostitutas e ambas diziam que o filho era delas, pode não parecer, mas isso tem um significado muito importante:
    Como na narração do Gênesis, é Eva que dá o nome a Caim e Abel e essa geração foi uma geração para a morte. Quando Eva dá à luz seu terceiro filho é Adão que lhe dá o nome de Set e Set dá o nome a seu filho Enos e "o nome do Senhor passou a ser invocado a partir de então".
    É de suma importância pertencer a uma linha genealógica familiar paterna, vide as grandes genealogias bíblicas.
    Toda mulher tem um pouco da tentação de gerar um filho sem a participação do homem, essa é a síndrome de Eva ou, mais modernamente, síndrome de Xuxa...
    A figura do pai serve exatamente para impedir a posse do filho pela mãe e é a mãe que tem que livremente deixar o filho seguir também livremente sua vida, como já vimos.
    A figura do pai facilita e legitima esse processo, como você mesmo disse, não havia exame de DNA naquele tempo e o que dava a inserção do filho na linha de sucessão familiar era o reconhecimento do filho pelo pai e este lhe dar seu sobrenome (daí a tradição do sobrenome patronímico). Quem não era reconhecido pelo pai era "filho da mãe" ou, ainda pior, "filho da puta", adjetivos pejorativos até os nossos dias.
    Essa reflexão aumenta a consciência da importância da figura de José na história de Jesus...
    As prostitutas, por não terem maridos, tem mais dificuldade de se "desligarem" dos seus filhos, principalmente dos filhos homens...

    Essa reflexão aumenta ainda mais a responsabilidade nossa, mães e pais com relação aos nossos filhos...


    "Teus filhos não são teus filhos,
    são filhos e filhas da vida,
    desejosa de si mesma.
    Eles vem através de ti,
    mas não de ti e a ti não pertencem.
    podes dar-lhes o teu amor,
    mas não teus pensamentos,
    pois eles tem seus próprios pensamentos.
    Podes abrigar seus corpos, mas não suas almas,
    pois suas almas vivem na terra do amanhã,
    que não podes visitar sequer em sonhos.
    Podes imitar seus gestos,
    mas não tentes fazê-los semelhantes a ti,
    pois a vida não recua e não se retarda no ontem.
    Tu é o arco do qual teus filhos como flechas vivas são disparados.
    O Arqueiro mira o alvo na senda do infinito
    e encurva o arco com toda a sua força
    para que suas flechas se desloquem rápido e para longe.
    Que o teu encurvamento
    na mão do Arqueiro seja a tua alegria,
    pois assim como o Arqueiro ama a flecha que voa,
    ama também o arco que permanece estável."

    Gibram Kalil Gibram


    Muita Paz e feliz dia das Mães,

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  3. Não importa tre adotado diretamente uma criança, mas sim o fato de ter adotado varias crianças, ensinando , ajudando( de varias maneiras ) as crianças do hospital, ou ate mesmo aquelas que cruzam o seu caminho.Ciça.

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