quinta-feira, 30 de abril de 2009

UMA BÍBLIA TODA SUBLINHADA


“Toda a Escritura Sagrada é inspirada por Deus e é útil para ensinar a verdade, condenar o erro, corrigir as faltas e ensinar a maneira certa de viver.” (2 Timóteo 3:16 NTLH)
Certa vez uma moça olhou minha Bíblia e fez um comentário: “Nossa, como sua Bíblia está velha e riscada! Olha a minha, já a tenho há anos e ela ainda está nova e limpinha”. Eu não tive outra opção a não ser responder assim: “É que eu leio a minha todo dia”.
No começo da minha vida espiritual eu nem sabia que existiam Comentários Bíblicos e menos ainda Concordâncias Bíblicas. São ferramentas preciosíssimas as quais só fui ter contato ao fazer o Seminário.
Isso para mim foi excelente, pois fez com que eu estudasse a minha Bíblia “na unha”. Eu explico. É que quando havia um tema que me interessava, eu lia a Sagrada Escritura da primeira à última página sublinhando todos os versículos relacionados ao assunto em pauta. Ao final, era possível formular um conceito sobre o que havia sido estudado, puro, sem influência do pensamento humano com seus “ismos”. Com isso, hoje muita gente pode discordar do meu pensamento, mas ninguém pode me acusar de heresia.
O primeiro tema que estudei foi o amor. Registrei todas as ocorrências da palavra e do verbo amar, e ainda todas situações em que o amor foi vivenciado. Lembro-me de ter ficado impressionado com a íntima relação entre o amar e a doação da própria vida.
Depois estudei, desse mesmo jeito, o que é adoração, predestinação, outros temas que não lembro e algumas biografias de personagens bíblicos.
Ainda hoje faço isso. Recentemente sublinhei todas as citações que falavam sobre o cuidar do próximo no Evangelho de Lucas, e atualmente estou pesquisando nos 4 Evangelhos todas as referências ao relacionamento do Senhor Jesus com a natureza.
Por isso é que as minhas Bíblias ficam velhas e riscadas.
“Ora, estes de Beréia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim.” (Atos 17:11)

PARA INCENTIVÁ-LOS A DAR UMA OLHADA NOS MEUS QUADROS

Recebi essa “carta” do meu enorme amigo Dr. Venâncio. A relação dos quadros está no tópico “GALERIA”, à direita.
Caríssimo Xiko, Paz e Bem
Em casa baixei todos os seus quadros e fiz uma galeria numa pasta com todos eles. Tentei não só observar cada um, mas também o conjunto deles, o todo da sua “Obra”.
Tomo a liberdade, após seu pedido, de fazer alguns comentários. Não sou especialista em arte, por isso mesmo me dou o direito de dizer o que quiser... Acredito que consigo fazer uma análise da sua arte em dois aspectos principais: forma e conteúdo.
Com relação à forma, ou técnica, não dá para dizer que são pinturas, esse termo é definido mais para a aplicação de pigmentos (em geral na forma de tintas) sobre algum suporte (em geral telas ou papel). Suas figuras estão mais para os desenhos, pela simplicidade dos traços, bi-dimensionalidade, uso de traços para definir a imagem e uso mais direto de cores puras. Por usar recursos do computador, dá para dizer que são desenhos digitais, uma das técnicas que compõem a moderna arte digital. Mais recentemente você tem ampliado o uso dos recursos digitais, compondo expressivos painéis digitais, com figuras, fotografias, frases, cores, etc.
Com relação ao conteúdo, existem basicamente dois tipos: a arte figurativa, que tenta retratar algum objeto, pessoa ou cena da natureza (esta tem sido a arte desde os tempos das cavernas) e a arte abstrata, que começou a aparecer no final do século XIX, começo do XX, que pode ser compreendida como a pesquisa da expressão artística para além das figuras tradicionais. Na arte abstrata basicamente existe a linha construtivista, que parte de uma idéia e a representa abstratamente, e a linha expressionista, que primeiro cria o abstrato, depois o interpreta. Acredito que sua arte se caracteriza mais como desenho digital expressionista abstrato. Acho que é isso aí.
Existe uma expressividade suave (não forte) de sentimentos, inclusive refletidos nos nomes das figuras. A simplicidade dos temas e o uso de cores vivas e claras chegam a dar “alegria” às figuras, tornando-as simpáticas e agradáveis (inclusive sendo possível usa-las para ilustrar o blog). Não posso deixar de sentir também o desafio reflexivo que você propõe aos observadores, certamente muito relacionado ao seu papel de Pastor e ao perfil mais racionalista de sua personalidade (talvez esse cuidado impeça um pouco uma expressividade mais profunda dos seus sentimentos). Acredito ainda que essas características mostram seu otimismo e força, principalmente na superação dos seus desafios como cadeirante, que lembram bem o arquétipo do “curador ferido” que você representa (aquele que, através do sofrimento próprio, passa a ter uma compaixão cada vez maior do sofrimento do outro – daí também sua participação na Capelania hospitalar). Você consegue, através da fé, equilibrar e transformar as dificuldades em força para ir em frente alegremente, e ainda ajudar muito os outros (não só seus quadros, mas também seu trabalho e seu blog – e você também escreve muito bem, diga-se de passagem – demonstram muito isso). Existe uma coerência – equilíbrio – notável e admirável em tudo (sua realidade, sua personalidade, seu discurso falado, escrito e artístico).
Claro que esses comentários refletem o que “eu” sinto quando observo seus desenhos, nem todos podem concordar. Eu termino ainda dizendo que prefiro os desenhos aos painéis.
Com respeito e carinho, continue sempre assim,
Venâncio
P.S. – Envio esses comentários para você, se você quiser coloque-os no blog, total ou parcialmente.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

EU E EU MESMO

“O pensamento parece uma coisa à toa/ mas como é que a gente voa/ quando começa a pensar”.
Citando Catulo da Paixão Cearense dá para me explicar melhor. Foi em pensamento que eu fui novamente até debaixo daquela jabuticabeira. Essa árvore fica (ou ficava, não sei se ainda existe) no quintal de uma casa enorme em que moramos logo que viemos para Campinas, ali no bairro Guanabara.
Chegando ali fiquei surpreso por encontrar já me esperando, sabe quem? Eu mesmo, também chamado de “Mim mesmo”. Depois de me cumprimentar eu mesmo afirmei que sabia que eu iria ali. “Como você sabia?” eu perguntei.
- É como você aprendeu no livro que está lendo: embora feitos para viver no presente, vivemos muito mais no futuro e no passado. Você sempre gostou daqui, e sente muitas saudades desse cantinho. Mas eu mesmo estou aqui para outra coisa. É para lhe dizer que eu sei o que você fez. E eu não o perdoo.
Quando eu mesmo disse isso, tive a nítida impressão de ter ouvido, vindos debaixo da terra que rodeia a jabuticabeira, gritos e risadas como se fosse um grupo comemorando um gol. Mas não vi nada.
- Mas eu já estou perdoado! Veja esse versículo: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1 João 1:9) E esse “purificar de toda injustiça” significa livrar da contaminação do pecado e das culpas.
Eu mesmo retruquei: “Ontem, quando você se lembrou desse trecho e ficou feliz, deu até uma risadinha, isso me incomodou, e muito!
Aí eu perguntei para “Mim mesmo”: Por que?
- Porque você não fez nada para compensar o seu erro.
- Eu sei a razão pela qual você me esperava aqui e está falando tudo isso. É porque você sabe que ser perdoado me incomoda pois dá a impressão de que estou sendo humilhado. Porém, Deus não está nem um pouco preocupado com minha imagem ou posição. Ele só quer saber é de ter um profundo relacionamento de amor comigo.
Ao me conscientizar disso, eu abri os braços para “Mim mesmo” e nos fundimos com Deus em um abraço gostoso.
Ao sair dali, ainda em pensamento, dei uma última olhada para a jabuticabeira e notei que, apesar de ser abril, ela deu frutos.

terça-feira, 28 de abril de 2009

ATÉ DEBAIXO DÁGUA


Um amigo meu, militar, me contou há muito tempo atrás, como era feito um determinado treinamento nos quartéis do Exército. Eles davam na mão do soldado um F.A.L. (Fuzil Automático Leve) e o ensinavam a desmontar, limpar e montar novamente aquela arma. Cronometrando o tempo usado nessa operação, os oficiais exigiam que o exercício fosse feito cada vez mais rápido. Depois de treinar exaustivamente, os recrutas passavam a fazer a limpeza total do fuzil debaixo de chuva e até no escuro. De tanto fazer aquilo nas mais adversas situações, aquela atividade era feita quase que irrefletidamente, sem pensar. Tornava-se um hábito.
Deus colocou em nosso cérebro, utilizando uma parte do mesmo chamada “gânglios basais” (é isso mesmo, Venâncio?), um expediente que possibilita que atividades rotineiras possam ser, depois de um aprendizado e treinamento, realizadas inconscientemente. O dirigir um automóvel é o exemplo clássico. Para um motorista experiente, a maior parte das operações realizadas ao volante são automáticas. Para o novato, sobram pedais, os botões e alavancas são infinitos e ainda é necessário olhar para todas as direções ao mesmo tempo. Uma tarefa aparentemente, aos olhos humanos, impossível de se realizar.
Em algumas áreas da nossa vida adquirimos hábitos pecaminosos os quais cometemos sem ao menos pensar, já insensíveis aos sinais e advertências dados pelo Espírito Santo. Alguns exemplos: falar mal de alguém, olhar com sensualidade para uma pessoa, mentir, revidar vingativamente, e outros mais.
Mas note o seguinte: assim como fomos “treinados”, ou habituados a agir pecaminosamente, também o podemos fazer para hábitos sadios e que agradam a Deus.
Comece meditando nesses trechos:
“Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória. Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria;” (Colossenses 3:1-5)
“Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração. E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.” (Colossenses 3:16-17)

segunda-feira, 27 de abril de 2009

FEIJÃO OU CELULAR?


Moravam só ela e a mãe em uma cidadezinha do interior de Minas Gerais. A cidadezinha é muito pobre, assim como elas. E elas realmente precisavam de tudo. Mas tudo mesmo. Essa menina de 10 anos vinha constantemente ao HC-UNICAMP para fazer tratamento. E ela tinha um sonho: queria ter um celular. Nós tínhamos muita amizade, o que lhe deu a liberdade de me contar esse seu desejo.
Aí me surgiu a dúvida: vou atrás de um celular para ela? Não seria puro consumismo? E suas necessidades mais prementes, tais como arroz e feijão? Nessa dúvida, fiz o que gosto de fazer nesses casos, isto é, pedir a opinião de algumas pessoas sábias (“Na multidão de conselheiros há segurança.” - Provérbios 11:14b). Só que “deu empate”, alguns achando que era bobagem dar algo supérfluo, enquanto outros achavam que não havia nada demais.
O que me tirou da dúvida foi uma observação da Celinha, secretária da Capelania do HC-UNICAMP. Ela me fez notar que, às vezes, a realização de um sonho é uma necessidade tão premente quanto, por exemplo, comer. Na hora em que ela me falou isso eu pensei que muitas vezes até deixamos de nos alimentar para fazermos algo que gostamos, não é mesmo? Não cabe aqui discutir que é esse sistema do mundo que gera essas “necessidades” de consumo, mas o fato é que já estava no coração daquela criança o desejo de ter um celular na cintura.
Algumas pessoas que pensavam como eu se juntaram a mim e nós demos o telefone para ela. Se vocês vissem os olhinhos dela brilhando ao segurar aquele aparelho!
Mas só agora é que chegamos onde eu queria chegar. O que eu queria mostrar para aquela menina era o que está nesses versículos:
“Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém!” (Efésios 3:20-21)
Eu sei, por experiência própria, que Ele é capaz de fazer, e faz, mais até do que podemos imaginar. É claro também que às vezes, com Sua soberania e sabedoria infinita, Ele não nos dá o que pedimos, mas não é possível, e nem pretendo, entender Deus. Só quero é usufruir ao máximo o nosso relacionamento com esse Deus maravilhoso. Apesar de eu ser o que sou e como sou.
Era isso que eu queria mostrar para aquela menina.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

PÉ NO CHÃO


“Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas.” (Apocalipse 4:11)
Certa manhã muito fria, eu saí da sala que ocupo na minha Igreja e fui ler um pouco no sol para me esquentar. Me deu vontade e eu tirei um dos sapatos e pus o meu pé na terra e na grama. Foi uma sensação muito gostosa.
Nisso me lembrei do Diego e do Marquinhos, vítimas de uma doença (Síndrome de Werdnig-Hoffman) que os paralisa irreversivelmente e quase que totalmente, menos os músculos da face. Por isso são obrigados a viver em um leito de hospital. Na época eles deveriam ter uns 10 anos. O que eu pensei é que eles nunca teriam a oportunidade de ter um contato sensível com a natureza.
Então tive uma idéia: levei para cada um, um copinho descartável, algodão e um grão de feijão. As mães regariam e eles poderiam ver o crescimento do pé de feijão. O Diego adorou, mas o Marquinhos teve uma reação que eu não esperava: ficou apavorado! Quando lhe perguntei a razão daquilo, ele explicou que não queria que o Gigante descesse por ali! Ele se referia, é claro, ao Gigante da estória “João e o pé de feijão”.
A mistura do real com o irreal é uma patologia psicológica. No caso do Marquinhos havia uma atenuante pelo fato de ele ter como universo apenas o seu quarto e aquilo que via na TV, em vídeos e livros que outros lhe mostravam.
Hoje não pisamos mais na terra, não entramos no mato, não nadamos em rios e lagos, não tomamos sol, nem chuva, não olhamos para as estrelas.
A falta de contato com a natureza prejudica a nossa compreensão do nosso referencial de realidade e irrealidade. Acrescente a isso o elemento agravante de que vivemos “mergulhando” no mundo virtual.
Será que estamos loucos e não sabemos?
Pensamentos atuais tentam avaliar o estrago que isso está causando à nossa mente. É o caso do “panenteísmo” (sistema filosófico segundo o qual Deus contém em si tudo o que existe porém é maior do que tudo o que existe) e da ecopsicologia (estudos que promovem o encontro do indivíduo consigo mesmo através da natureza).
Dois versículos para lembrarmos:
“Os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis;” (Romanos 1:20)
“Nele, em Cristo, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele.” (Colossenses 1:16)
Exercício: leia os 4 evangelhos riscando de verde na sua Bíblia todos os trechos que retratam o contato de Jesus com a natureza e medite sobre como o Senhor se relacionava com o meio ambiente que Ele mesmo criou.
Eu vou fazer isso. Debaixo de uma árvore.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

AMAR DEMAIS


“(...) o amor que vos consagro em grande medida.” (2 Coríntios 2:4)
Podemos amar “em grande medida”, mas não podemos amar demais. Podemos ter um amor muito grande, mas não de forma que “sufoque”.
Numa tarde estávamos trabalhando no escritório do Serviço de Capelania do HC-UNICAMP, quando entrou um homem com mais ou menos 45 anos. Ele veio pedir que alguém fosse orar pela mãe dele que já estava desenganada pelos médicos. Eu fui.
Mais tarde ele, filho único, me contou o drama pelo qual passava. A mãe foi internada com um problema sério de saúde. Alguns dias depois da internação, o pai dele morreu! Só contaram para a mãe uns 3 ou 4 dias depois, e ao saber disso, ela desistiu de viver. Os médicos lhe disseram que agora é só uma questão de tempo.
Com muitas lágrimas ele me contou que os pais o amavam tanto que não queriam que o único filho se casasse, e como ele amava demais os pais, não casou. E nessa altura da sua vida, os dois se iam quase que ao mesmo tempo, deixando-o só. Não tem namorada, amigos, parentes, ninguém! Naquele dia eu o vi pelas costas indo embora. Sozinho. Devia estar chorando, não sei.
O verdadeiro amor liberta, não aprisiona. O amor satisfaz as necessidades legítimas do outro com o que podemos tirar de nós mesmos. Podemos até dar a vida por aqueles que amamos, mas livremente, como escolha consciente.
A confusão acontece quando buscamos egoisticamente satisfazer as nossas próprias necessidades no outro. Isso não é amar, é usar.
E o pior: se nós fazemos essa confusão com as pessoas, podemos fazê-lo também com Deus!
“Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade.” (1 João 3:18)

quarta-feira, 22 de abril de 2009

ECONOMIA DO AMOR


“Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.” (Lucas 20:25)
É óbvio que esse versículo se refere ao pagamento de impostos. Mas nós podemos expandir, ou estender, o conceito aí expresso, ou seja, devemos dar de nós a cada um o que lhe é devido, para outras áreas da nossa vida, como o amor.
Paulo fez isso: “A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei.” (Romanos 13:8)
Amar é dar de nós a cada um o que lhe é devido. Nem mais nem menos. A mais é super-proteção e a menos é desprezo.
Só podemos amar a nós mesmos, aos outros e a Deus. Há muitos que teimam em amar coisas, mas isso é uma “patologia espiritual”.
“Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.” (Marcos 12:30-31)
Da forma como nos amamos (e todos nos amamos a nós mesmos: “Ninguém odeia o seu próprio corpo. Pelo contrário, cada um alimenta e cuida do seu corpo, como Cristo faz com a Igreja,” - Efésios 5:29 NTLH), é assim que devemos amar o próximo e a Deus. Nesse assunto não podemos ser nem perdulários nem avarentos.
Isso é um mandamento.

terça-feira, 21 de abril de 2009

segunda-feira, 20 de abril de 2009

FAZ TEMPO QUE VOCÊ NÃO MEXE NESSES LIVROS


Semana passada eu fui exortado pela minha mulher. Gosto disso. Faz a gente crescer. Ela me disse que notou que já fazia um bom tempo em que eu não pegava meus comentários bíblicos para estudar. Ela estava certa.
É claro que antes de concordar com ela eu racionalizei muito: tenho usado os comentários que estão no meu computador, as aulas que tenho dado eu já as estudei, e por aí fui. Só que aquilo me incomodou.
Aí ontem o pregador convidado para o culto na minha Igreja, Johannes Bergmann, que é professor do Seminário Bíblico Palavra da Vida, compartilhou na sua mensagem que no ambiente acadêmico onde ministra suas aulas existem muitas opiniões humanas sobre a Bíblia, ou trechos da Palavra de Deus, e que lhe foi um refrigério certa vez ler a sua Bíblia sem consultar os livros que analisam a mesma. E mais: ele afirmou, e eu concordo, que Deus pode nos falar através da simples e direta leitura das Sagradas Escrituras.
É claro que pessoas com más intenções e outras motivações podem ler e interpretar a Bíblia a seu bel prazer. Mas não é disso que estamos falando. Estamos nos referindo a uma leitura mergulhada em oração e dirigida pelo Espírito Santo, feita por um cristão sincero.
Agora preste atenção: não devemos desprezar o enorme auxílio que os bons comentários bíblicos nos proporcionam. Como diria a minha avó, “nem tanto ao mar nem tanto à terra”. Não só estudar a Bíblia sem usar ferramentas que nos ensinem a compreendê-la melhor, e não só estudar as opiniões humanas sobre o pensamento de Deus.
Por outro lado, me incomoda demais ficar refletindo sobre essas coisas sabendo que a maior parte das pessoas cristãs não leem nem a Bíblia nem comentários bíblicos.
Você lê?

sexta-feira, 17 de abril de 2009

PIZZA COM MASSA FINA E CROCANTE


Acontecia numa ou outra sexta-feira lá pelas 11 horas da noite. Meus irmãos vinham de São Paulo onde trabalhavam e estudavam. Eu saía da faculdade e ia direto para casa, que na realidade era um apartamento no centro de Campinas. Nós programávamos comer pizza totalmente feita pela minha mãe, desde a massa até o recheio. Meu pai gostava da massa bem grossa, e eu, dela fina e crocante. A mãe fazia dos dois jeitos. Ao sairmos do elevador já sentíamos o cheiro da massa assando.
Não imaginei que escrever essas poucas linhas fosse me incomodar tanto. Bateu muita saudade, e forte. É impossível reviver tudo isso, a não ser em pensamento.
Estou lembrando tudo isso porque esses dias, uma menina de 12 anos me pediu que eu arrumasse uma família que a adotasse. Ela solicitou isso porque acabara de me contar a sua história: sem pai nem mãe, sem irmãos, mora em uma instituição que abriga menores, e foi internada no Hospital para fazer um tratamento. Quando ela me contou tudo isso, com os meus olhos querendo lacrimejar (e olha que dificilmente choro!), perguntei se ela sentia solidão. “Muita”, foi sua resposta. E pediu que eu lhe arrumasse um lar.
Pedro, em uma exortação aos maridos (1 Pedro 3:7), nos lembra que existe uma “vida comum do lar”. Essa vida tem seus cheiros, suas luzes, cores, sabores e sons. Eu sempre valorizei (e valorizo) isso, e desprezar toda essa riqueza pode gerar solidão. E há quem jogue fora isso.
Outros valorizam, querem e não teem!
Só há uma esperança: “Deus faz que o solitário more em família (...).” (Salmos 68:6)
No versículo que vem a seguir, o contexto é o cuidado com as viúvas, mas acredito que o conceito (e por que não dizer o sentimento?) revelado ali pode ser considerado mais amplamente: “Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos da própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente.” (1 Timóteo 5:8)
Valorizar e cuidar da família, essa tem sido a lição que Deus tem me ensinado esses dias.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

OS DOIS PROFETAS VELHOS


A coisa mais gostosa que experimentei na minha vida foi ser usado por Deus. E a coisa que mais me deixa com sensação de nulidade é não ser usado por Ele.
Agora, preste atenção nesse exemplo. Deus manda que um profeta vá de Judá até Betel para profetizar contra Jeroboão. Por algum motivo Ele não usa um idoso profeta de lá, e eu tenho como certo que não foi por ser o mesmo já velho, mas sim por um problema espiritual. Mas, veja o que aconteceu:
“Morava em Betel um profeta velho; vieram seus filhos e lhe contaram tudo o que o homem de Deus fizera aquele dia em Betel; as palavras que dissera ao rei, contaram-nas a seu pai. Perguntou-lhes o pai: Por que caminho se foi? Mostraram seus filhos o caminho por onde fora o homem de Deus que viera de Judá. Então, disse a seus filhos: Albardai-me um jumento. Albardaram-lhe o jumento, e ele montou. E foi após o homem de Deus e, achando-o sentado debaixo de um carvalho, lhe disse: És tu o homem de Deus que vieste de Judá? Ele respondeu: Eu mesmo. Então, lhe disse: Vem comigo a casa e come pão. Porém ele disse: Não posso voltar contigo, nem entrarei contigo; não comerei pão, nem beberei água contigo neste lugar. Porque me foi dito pela palavra do SENHOR: Ali, não comerás pão, nem beberás água, nem voltarás pelo caminho por que foste. Tornou-lhe ele: Também eu sou profeta como tu, e um anjo me falou por ordem do SENHOR, dizendo: Faze-o voltar contigo a tua casa, para que coma pão e beba água. (Porém mentiu-lhe.)” (1 Reis 13:11-18)
Visto isso, compare com esse outro profeta:
“Naquele tempo, adoeceu Abias, filho de Jeroboão. Disse este a sua mulher: Dispõe-te, agora, e disfarça-te, para que não conheçam que és mulher de Jeroboão; e vai a Siló. Eis que lá está o profeta Aías, o qual a meu respeito disse que eu seria rei sobre este povo. Leva contigo dez pães, bolos e uma botija de mel e vai ter com ele; ele te dirá o que há de suceder a este menino. A mulher de Jeroboão assim o fez; levantou-se, foi a Siló e entrou na casa de Aías; Aías já não podia ver, porque os seus olhos já se tinham escurecido, por causa da sua velhice. Porém o SENHOR disse a Aías: Eis que a mulher de Jeroboão vem consultar-te sobre seu filho, que está doente. Assim e assim lhe falarás, porque, ao entrar, fingirá ser outra. Ouvindo Aías o ruído de seus pés, quando ela entrava pela porta, disse: Entra, mulher de Jeroboão; por que finges assim? Pois estou encarregado de te dizer duras novas.” (1 Reis 14:1-6)
Mesmo velho e deficiente, Deus o usou!
Mesmo com todas as minhas limitações, até o meu fim, eu quero ter o privilégio de ser usado por Deus.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

MEU TEMPO É HOJE


Devia ser umas 5 horas da tarde. Minha avó ainda era viva, tinha 80 e poucos anos e morava conosco. Eu era solteiro ainda, e estava estudando no meu quarto quando minha mãe veio e me pediu: “Chico, você pode fazer sua vó tomar banho? Eu não tenho mais paciência”. Larguei a caneta e fui.
Quando falei para a vó que era hora de ir tomar banho, ela se recusou alegando que tinha acabado de fazer isso. Ela já não falava mais coisa com coisa, e sua marcante teimosia da vida toda foi ampliada com a velhice. Eu insistia, e ela teimava. Eu insistia, e ela teimava. Eu insistia, e ela teimava. E assim, bem devagar, ela se encaminhou para o banheiro reclamando muuuuuuuuuito. Dentro do banheiro minha mãe assumiu a situação.
Depois de o banho ter sido tomado, passado um talquinho, de camisola bem limpinha, levei a velhinha para a sala, acomodei-a sentadinha no sofá, liguei a TV na novela que ela gostava e voltei a estudar. Não tinham passado nem 5 minutos e minha vó entra no meu quarto dizendo: “Chico, você esqueceu do meu banho”. E começou a tirar a roupa.
A velhice tem suas limitações e dificuldades:
“Lembre do seu Criador enquanto você ainda é jovem, antes que venham os dias maus e cheguem os anos em que você dirá: “Não tenho mais prazer na vida.” Lembre dele antes que chegue o tempo em que você achará que a luz do sol, da lua e das estrelas perdeu o seu brilho e que as nuvens de chuva nunca vão embora. Então os seus braços, que sempre o defenderam, começarão a tremer, e as suas pernas, que agora são fortes, ficarão fracas. Os seus dentes cairão, e sobrarão tão poucos, que você não conseguirá mastigar a sua comida. A sua vista ficará tão fraca, que você não poderá mais ver as coisas claramente. Você ficará surdo e não poderá ouvir o barulho da rua. Você quase não conseguirá ouvir o moinho moendo ou a música tocando. E levantará cedo, quando os passarinhos começam a cantar. Então você terá medo de lugares altos, e até caminhar será perigoso. Os seus cabelos ficarão brancos, e você perderá o gosto pelas coisas. Nós estaremos caminhando para o nosso último descanso; e, quando isso acontecer, haverá gente chorando por nossa causa nas ruas. A vida vai se acabar como uma lamparina de ouro cai e quebra, quando a sua corrente de prata se arrebenta, ou como um pote de barro se despedaça quando a corda do poço se parte. Então o nosso corpo voltará para o pó da terra, de onde veio, e o nosso espírito voltará para Deus, que o deu.” (Eclesiastes 12:1-7 NTLH)
Até que ponto os achaques da velhice são inevitáveis?
Espero meditar nisso amanhã com vocês.

terça-feira, 14 de abril de 2009

E AÍ, VELHO?



Eu moro em um Condomínio. E o nosso apartamento fica para o lado em que estão o parquinho e a quadra de esportes. Com isso é muito comum ouvirmos as crianças brincando por ali. Tem um garoto que na realidade eu não sei qual deles é, que só chama os amigos por “mano” e “velho”. É uma gíria, claro, não sei se ultrapassada, mas com isso uma criança chama a outra de “velho”.
Estou escrevendo isso para fazer a ligação com uma coisa que aprendi recentemente: o que vamos ser na nossa velhice é resultado de como vivemos desde a infância. A idéia é meio óbvia, mas é necessário que nos conscientizemos disso.
Em tudo, isso é válido: a maneira como nos alimentamos ou deixamos de fazê-lo, se praticamos exercícios físicos ou não, se exercitamos o cérebro, se aprendemos a ser pacientes, a controlar nossas emoções em vez de sermos controlados por elas, se desenvolvemos uma boa comunhão com Deus, com os familiares, amigos, colegas, se programamos nosso sustento, e por aí afora.
Com essas idéias na mente, leia os seguintes versículos:
“O justo florescerá como a palmeira, crescerá como o cedro no Líbano. Plantados na Casa do SENHOR, florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice darão ainda frutos, serão cheios de seiva e de verdor, para anunciar que o SENHOR é reto. Ele é a minha rocha, e nele não há injustiça.” (Salmos 92:12-15 RA)
Nesse trecho, a palmeira simboliza a beleza e o cedro a força, estabilidade.
E aí, “velho”, como você está indo?

segunda-feira, 13 de abril de 2009

SENTADOS DEBAIXO DE UMA ÁRVORE FAZENDO TUDO AO FAZER NADA


Senta aí para nós conversarmos.
Um amigo meu foi substituir um missionário lá no norte do nosso Brasil. Seu antecessor, que era de uma cidade grande aqui do sul do país, não conseguiu desenvolver o trabalho evangelístico naquele campo missionário. A explicação daquele que voltou para casa foi simples e direta: “Aquele povo não quer saber de nada, são uns vagabundos. Só que querem ficar sentados conversando”.
Para não cometer os mesmos erros, aquele meu amigo perguntou, discretamente e com muito tato, ao povo daquele lugar o que aconteceu com o tal missionário. A resposta deles também foi bem objetiva: “Aquele homem só pensava em trabalhar. Ou fazia reunião, ou organizava reunião, ou consertava a casa dele ... ele nunca tinha tempo para conversar conosco, nos conhecer, saber da nossa vida. Ele nunca se importou conosco”.
O que houve foi um problema de má interpretação cultural e antropológica.
Leia o que o meu irmão escreveu no jornal aqui de Campinas em que ele trabalha:
“Há todo um universo a ser descoberto pelos brasileiros. As fronteiras não são geográficas, nem físicas. Para cada região há uma cultura, uma forma de encarar o mundo que não denota necessariamente pobreza, que se pode encontrar nas grandes cidades, embaixo de pontes e em favelas, mas um modo particular de ser. Há questões básicas a serem enfrentadas e difundidas. Daqui pode-se levar noções de saúde, educação, desenvolvimento sustentável; de lá, pode-se trazer harmonia com a natureza, lições de cidadania e de vida”. (Rui Motta, Correio Popular, 04.fev.09)
Certa vez um dos voluntários visitadores da nossa equipe lá do HC-UNICAMP me disse que havia cometido um erro. Quando lhe perguntei o que aconteceu, ele falou: “Passei a tarde inteira conversando só com um paciente. É que ele precisava muito conversar”. Não tive dificuldade para lhe explicar que não houve erro.
Muitas vezes nos perdemos na administração e aplicação das prioridades dos valores que dizem respeito ao uso do tempo.
“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de edificar; tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar de alegria; tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar; tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora; tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar; tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz. Que proveito tem o trabalhador naquilo com que se afadiga?” (Eclesiastes 3:1-9 RA)

quinta-feira, 9 de abril de 2009

A BAGAGEM


Você já perdeu um pé de meia, só um, dentro de casa? Como isso pode acontecer eu não sei, mas acontece.
Durante a nossa vida aqui na Terra podemos perder, e perdemos, muitas coisa: objetos, oportunidades, eventos, posições, relacionamentos, auto-imagem, pessoas, e no fim a própria vida.
Por que e para que Deus permite que tenhamos perdas? Para passarmos do egoísmo para o altruísmo.
O que você tem medo de perder?
Qual foi o único bem que Jesus guardou durante toda a sua vida? Foi Maria, sua mãe.
Ele assim mesmo a entregou para João.
“Vendo Jesus sua mãe e junto a ela o discípulo amado, disse: Mulher, eis aí teu filho. Depois, disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. Dessa hora em diante, o discípulo a tomou para casa.” (João 19:26-27)
Fico muito admirado de ver que mesmo naquele momento de extrema dor e tensão, o Senhor Jesus teve a preocupação amorosa e cuidadosa de não deixar Maria desamparada! É interessantíssimo notar também que a mãe de Jesus esteve com Ele desde o nascimento até a morte. Mas eles teriam que se separar.
A cruz era só d'Ele, ela O perderia e Ele a entregou a João.
E Jesus morreu despojado de tudo e de todos.
“Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.” (Filipenses 2:5-11)
Quando morrer você vai levar aquilo que tem medo de perder?

quarta-feira, 8 de abril de 2009

PERDOAR É PAGAR O PREJUÍZO


Com certeza você já passou pela experiência de alguém lhe causar qualquer tipo de dor e sentir uma vontade enorme de revidar. Um exemplo simples: um pisão no pé e já temos que segurar o braço para não dar um soco no nariz de quem nos pisou.
Leia esse versículo: “Contudo, Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Então, repartindo as vestes dele, lançaram sortes.” (Lucas 23:34)
Jesus tinha acabado de sofrer horrores nas mãos dos soldados romanos. Ele havia sido torturado, cuspido, debochado, despido (ou quase despido, como pensam alguns), enfim humilhado de forma aviltante, depois foi pregado na cruz (e você pode acreditar, isso não foi feito com delicadeza, muito pelo contrário, foi com brutalidade e violência), e depois deixado ali pendurado para morrer por asfixia. E assim mesmo intercedeu por seus carrascos, pedindo que Deus os perdoasse.
Li em algum lugar que nas filmagens de “A Paixão de Cristo”, na cena que mostra em detalhe as mãos de um soldado romano pregando o cravo na mão de Jesus, ali na realidade são as mãos do diretor Mell Gibson, que assim se identifica com quem crucificou a Cristo.
Poderiam ser as minhas mãos. Eram as minhas mãos. Não na gravação do filme, mas naquele dramático momento histórico em que os nossos pecados estavam sendo perdoados no Calvário. Eu estava lá, muito bem representado.
E hoje fico com vontade de dar um soco no nariz de quem pisa no meu pé!
Para meditar:
“Agora, me regozijo nos meus sofrimentos por vós; e preencho o que resta das aflições de Cristo, na minha carne, a favor do seu corpo, que é a igreja;” (Colossenses 1:24 RA) ou como está em outra versão, “Agora eu me sinto feliz pelo que tenho sofrido por vocês. Pois o que eu sofro no meu corpo pela Igreja, que é o corpo de Cristo, está ajudando a completar os sofrimentos de Cristo em favor dela.” (Colossenses 1:24 NTLH)

terça-feira, 7 de abril de 2009

MEUS PRIMEIROS PENSAMENTOS SOBRE A PÁSCOA


“Era a hora terceira quando o crucificaram.” (Marcos 15:25)
Devemos falar mais e pensar mais sobre a Páscoa. Devemos divulgar mais isso. Digo isso porque penso que as pessoas nessa época do ano estão mais receptivas à mensagem do Evangelho até mesmo do que na época do Natal.
Quando minha família e eu mudamos de Santos para Campinas, uma das coisas que eu trouxe de lá foi um lindo crucifixo de madeira com a imagem de Cristo em latão. Esse enfeite foi afixado na parede do meu quarto, numa posição em que eu o pudesse ver ao me deitar e ao acordar.
Depois que me converti, numa determinada Páscoa (não sei precisar o ano), meditando sobre a morte e ressurreição de Jesus, eu olhei para aquele crucifixo e pensei: “Está errado. Ele não está mais lá. A cruz está vazia”. Peguei uma chave de fenda (naquela época ainda tinha firmeza nas mãos para fazer isso, hoje não), tirei a imagem de Jesus e a joguei fora, pendurando a cruz vazia de novo na parede. Minha mãe não gostou, principalmente quando contei que joguei fora a imagem de Jesus.
Hoje, quando já perdi aquele crucifixo, eu faria diferente: guardaria a imagem de Jesus Cristo morto, para meditar na sua “Paixão”, e deixaria pendurada a cruz vazia para meditar na sua Ressurreição.
“Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita.” (Romanos 8:11)

segunda-feira, 6 de abril de 2009

DEUS NÃO CASTIGA 3


Quando ouvi o choro de uma criança, naturalmente me virei para ver o que era. Isso aconteceu em frente ao HC-UNICAMP na hora de eu ir embora. Era uma menininha com mais ou menos 2 anos de idade e sua mãe, que ali estavam esperando alguém. A mãe falou o seguinte para a filha: “Eu estou muito triste com você, não fala comigo”. Com uma perceptível tristeza angustiante na voz, a criança respondeu assim: “Mamãezinha, não faz isso comigo”.
Não sei o que a menina fez, e tanto faz, ela errou, e sua punição seria a quebra de relacionamento com a mãe, e isso foi terrível para a pequena. (Quase chorei ali na frente do HC. Estou ficando mais sensível. Será que é por estar ficando mais velho?)
Quando chegou a pessoa que elas estavam esperando, a mãe só estendeu a mão a qual a garotinha segurou e foram embora, a menininha pulando e cantando.
Essa quebra da comunhão também acontece com o nosso relacionamento com Deus quando pecamos e o deixamos triste. Porque Ele é Santo e não tem como se relacionar com o que não é puro, mas Ele também está sempre pronto a estender a mão ao pecador angustiado.
O amor de mãe é o amor de Deus Pai por nós. Ou poderia ser que (e agora estou só fazendo uma divagação) temos, como uma família, o amor de Deus Pai representando a figura masculina, o do Deus Espírito Santo talvez figurando a mãe, e o do Deus Filho. Teríamos aí a Trindade a apresentar todas as dimensões do amor. Isso equilibraria a conceituação que temos que ter do verdadeiro amor, que pode ser deturpada por frases tais como “ESPERA SÓ O SEU PAI CHEGAR ...”. Conheci uma moça que aos 15 anos de idade foi estuprada pelo próprio pai bêbado! Falar de Deus como Pai é afastar emocionalmente essa moça do Divino. Ela precisa de ver que Deus é capaz de amar também com o amor materno.
A maior lição que aprendi no HC foi ver como é o amor de mãe. Com raríssimas exceções, todas dariam a vida pelos filhos.
O cuidado pastoral foi exemplificado por Paulo com o amor de mãe:
“No entanto, tínhamos o direito de exigir de vocês alguma coisa, por sermos apóstolos de Cristo. Mas, quando estivemos com vocês, nós fomos como crianças, fomos como uma mãe ao cuidar dos seus filhos.” (1 Ts 2:7 NTLH)
Um Pai que nos sustenta, uma mãe que cuida de nós e um irmão como nós.
“Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” (Mateus 3:16-17)
“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;” (Mateus 28:19)

sexta-feira, 3 de abril de 2009

DEUS NÃO CASTIGA 2


Uma das coisas que me fez pensar bastante foi descobrir que a escultura “O Pensador”, de Rodin, faz parte de uma obra maior, na realidade uma escultura de 12 metros de altura chamada “A Porta do Inferno”.
O Pensador, olhando para o inferno, pensa.
Fiquei pensando sobre o que é que poderia lhe estar passando pela cabeça. Ele pensa no Inferno.
Eu acredito na existência do Inferno, que não é material, nem espacial e nem dentro do tempo (temporal). Inferno é a condição de quem não quer viver com Deus.
Por que vamos à Igreja? Por amor a Deus ou por medo do castigo?
Amar a Deus por medo do castigo não é amor. O verdadeiro amor exige, por essência, a espontaneidade.
“No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor.” (1 João 4:18)
Eu quero estar entre aqueles poucos cristãos que entendem isso. É um passo além na maturidade cristã viver o amor sem medo do castigo.
Amar porque Ele é digno de todo amor. Não pelo que Ele pode nos fazer ou dar, e sim pelo que Ele é.
Deus não quer que ninguém vá para o Inferno.
“E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia.” (João 6:39)
O Inferno é a opção escolhida por muitos. E já que a pessoa assim o quer ...
“De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça? Ora, nós conhecemos aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu retribuirei. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo.” (Hebreus 10:29-31)
Releia esses versículos pelo prisma da índole amorosa de Deus. Para ajudar, eis mais alguns versículos:
Ezequiel 18:23 Acaso, tenho eu prazer na morte do perverso? —diz o SENHOR Deus; não desejo eu, antes, que ele se converta dos seus caminhos e viva?
Ezequiel 18:32 Porque não tenho prazer na morte de ninguém, diz o SENHOR Deus. Portanto, convertei-vos e vivei.
Ezequiel 33:11 Dize-lhes: Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, não tenho prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que haveis de morrer, ó casa de Israel?

quinta-feira, 2 de abril de 2009

DEUS NÃO CASTIGA 1


Peço que você pense comigo, assim como tenho trocado idéias com o Venâncio e com a Célia enquanto tomamos o que chamamos de “O café”, que é feito por ela.
O que me levava a pensar que Deus castiga (é, estou começando a mudar de idéia) se apoiava no fato de Deus ser justo. Mas, veja o seguinte versículo:
“E nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele.” (1 João 4:16)
A justiça em Deus é absoluta, e ainda em Deus, tudo o que se absolutiza, se transforma em amor, e quando se ama, a maneira mais natural de se olhar para os outros é com graça e misericórdia.
Deus é fiel a si mesmo, e essa fidelidade o leva a perdoar a todo aquele que quer ser perdoado. Nós é que nos castigamos a nós mesmos ao optarmos por nos afastarmos de Deus. Por Deus, por fidelidade, por amor, por misericórdia e graça, Ele não castiga ninguém.
Nós gostamos de castigar, aos outros e a nós mesmos; mas Deus não.
Note porém, as seguintes conceituações: eu entendo o castigo como vingativo, enquanto que a disciplina é didática.
Nós vamos voltar a falar sobre isso, mas por enquanto, o que você acha?

quarta-feira, 1 de abril de 2009

HÁ COISA MELHOR PARA SE FAZER


Confesso que eu gostava de ler. Há uma revista evangélica que destaca alguns autores de artigos cuja tônica é falar mal da Igreja. Da Igreja (de todos os tempos e de todos os lugares) e das Igrejas (locais). Isso quando não ficam falando mal um do outro e o outro do um! Não sei como eu gostava, pois isso é horrível. É a principal trabalho do nosso maior inimigo:
“E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos. Então, ouvi grande voz do céu, proclamando: Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo, pois foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus.” (Apocalipse 12:9-10)
Veja a visão que Paulo tinha de como deve ser o relacionamento cotidiano do povo da Igreja:
“Vocês são o povo de Deus. Ele os amou e os escolheu para serem dele. Portanto, vistam-se de misericórdia, de bondade, de humildade, de delicadeza e de paciência. Não fiquem irritados uns com os outros e perdoem uns aos outros, caso alguém tenha alguma queixa contra outra pessoa. Assim como o Senhor perdoou vocês, perdoem uns aos outros. E, acima de tudo, tenham amor, pois o amor une perfeitamente todas as coisas. E que a paz que Cristo dá dirija vocês nas suas decisões, pois foi para essa paz que Deus os chamou a fim de formarem um só corpo. E sejam agradecidos. Que a mensagem de Cristo, com toda a sua riqueza, viva no coração de vocês! Ensinem e instruam uns aos outros com toda a sabedoria. Cantem salmos, hinos e canções espirituais; louvem a Deus, com gratidão no coração. E tudo o que vocês fizerem ou disserem, façam em nome do Senhor Jesus e por meio dele agradeçam a Deus, o Pai.” (Colossenses 3:12-17 NTLH)
Certa vez ouvi dizer que se um caçador mantiver os seus cães de caça presos em um canil, eles “vão caçar um ao outro”. Não foram feitos para ficarem ali. Assim também nós, fomos feitos para ir para o mundo buscar os pecadores. Se ficarmos presos na Igreja, vamos nos “caçar” uns aos outros.
Enquanto escrevia esse texto, concluí que também eu estou acusando os irmãos. Mas, me parece que é diferente. Bom, pelo menos não tem sido a tônica do que tenho escrito. O que você pensa?