sexta-feira, 24 de abril de 2009

PÉ NO CHÃO


“Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas.” (Apocalipse 4:11)
Certa manhã muito fria, eu saí da sala que ocupo na minha Igreja e fui ler um pouco no sol para me esquentar. Me deu vontade e eu tirei um dos sapatos e pus o meu pé na terra e na grama. Foi uma sensação muito gostosa.
Nisso me lembrei do Diego e do Marquinhos, vítimas de uma doença (Síndrome de Werdnig-Hoffman) que os paralisa irreversivelmente e quase que totalmente, menos os músculos da face. Por isso são obrigados a viver em um leito de hospital. Na época eles deveriam ter uns 10 anos. O que eu pensei é que eles nunca teriam a oportunidade de ter um contato sensível com a natureza.
Então tive uma idéia: levei para cada um, um copinho descartável, algodão e um grão de feijão. As mães regariam e eles poderiam ver o crescimento do pé de feijão. O Diego adorou, mas o Marquinhos teve uma reação que eu não esperava: ficou apavorado! Quando lhe perguntei a razão daquilo, ele explicou que não queria que o Gigante descesse por ali! Ele se referia, é claro, ao Gigante da estória “João e o pé de feijão”.
A mistura do real com o irreal é uma patologia psicológica. No caso do Marquinhos havia uma atenuante pelo fato de ele ter como universo apenas o seu quarto e aquilo que via na TV, em vídeos e livros que outros lhe mostravam.
Hoje não pisamos mais na terra, não entramos no mato, não nadamos em rios e lagos, não tomamos sol, nem chuva, não olhamos para as estrelas.
A falta de contato com a natureza prejudica a nossa compreensão do nosso referencial de realidade e irrealidade. Acrescente a isso o elemento agravante de que vivemos “mergulhando” no mundo virtual.
Será que estamos loucos e não sabemos?
Pensamentos atuais tentam avaliar o estrago que isso está causando à nossa mente. É o caso do “panenteísmo” (sistema filosófico segundo o qual Deus contém em si tudo o que existe porém é maior do que tudo o que existe) e da ecopsicologia (estudos que promovem o encontro do indivíduo consigo mesmo através da natureza).
Dois versículos para lembrarmos:
“Os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis;” (Romanos 1:20)
“Nele, em Cristo, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele.” (Colossenses 1:16)
Exercício: leia os 4 evangelhos riscando de verde na sua Bíblia todos os trechos que retratam o contato de Jesus com a natureza e medite sobre como o Senhor se relacionava com o meio ambiente que Ele mesmo criou.
Eu vou fazer isso. Debaixo de uma árvore.

Um comentário:

  1. Caro Xyko, Paz...

    Continuei pensando no conceito de normal, após nossa conversa na Capelania e realmente a "normalidade" possui critérios muitos frágeis. em geral é um conceito estatístico, o mais frequente, a média. A loucura e a doença estariam fora desse critério da média. Mas gravidez de gêmeos é raro mas não é doença e cárie no dente é frequente e é doença... basta uma avaliação mais "honesta" da nossa cultura atual para vermos como ela está "doente"... alguns altores chamam essa deformação do conceito de normalidade de "normose", acho bem interessante. O que você acha?

    Abração,

    Venâncio

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