segunda-feira, 6 de abril de 2009

DEUS NÃO CASTIGA 3


Quando ouvi o choro de uma criança, naturalmente me virei para ver o que era. Isso aconteceu em frente ao HC-UNICAMP na hora de eu ir embora. Era uma menininha com mais ou menos 2 anos de idade e sua mãe, que ali estavam esperando alguém. A mãe falou o seguinte para a filha: “Eu estou muito triste com você, não fala comigo”. Com uma perceptível tristeza angustiante na voz, a criança respondeu assim: “Mamãezinha, não faz isso comigo”.
Não sei o que a menina fez, e tanto faz, ela errou, e sua punição seria a quebra de relacionamento com a mãe, e isso foi terrível para a pequena. (Quase chorei ali na frente do HC. Estou ficando mais sensível. Será que é por estar ficando mais velho?)
Quando chegou a pessoa que elas estavam esperando, a mãe só estendeu a mão a qual a garotinha segurou e foram embora, a menininha pulando e cantando.
Essa quebra da comunhão também acontece com o nosso relacionamento com Deus quando pecamos e o deixamos triste. Porque Ele é Santo e não tem como se relacionar com o que não é puro, mas Ele também está sempre pronto a estender a mão ao pecador angustiado.
O amor de mãe é o amor de Deus Pai por nós. Ou poderia ser que (e agora estou só fazendo uma divagação) temos, como uma família, o amor de Deus Pai representando a figura masculina, o do Deus Espírito Santo talvez figurando a mãe, e o do Deus Filho. Teríamos aí a Trindade a apresentar todas as dimensões do amor. Isso equilibraria a conceituação que temos que ter do verdadeiro amor, que pode ser deturpada por frases tais como “ESPERA SÓ O SEU PAI CHEGAR ...”. Conheci uma moça que aos 15 anos de idade foi estuprada pelo próprio pai bêbado! Falar de Deus como Pai é afastar emocionalmente essa moça do Divino. Ela precisa de ver que Deus é capaz de amar também com o amor materno.
A maior lição que aprendi no HC foi ver como é o amor de mãe. Com raríssimas exceções, todas dariam a vida pelos filhos.
O cuidado pastoral foi exemplificado por Paulo com o amor de mãe:
“No entanto, tínhamos o direito de exigir de vocês alguma coisa, por sermos apóstolos de Cristo. Mas, quando estivemos com vocês, nós fomos como crianças, fomos como uma mãe ao cuidar dos seus filhos.” (1 Ts 2:7 NTLH)
Um Pai que nos sustenta, uma mãe que cuida de nós e um irmão como nós.
“Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” (Mateus 3:16-17)
“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;” (Mateus 28:19)

2 comentários:

  1. Caríssimo Xyko, Paz e Bem

    É certo que é muito difícil para nós entendermos o Amor de Deus, que é Absoluto, mesmo com Jesus vindo e nos mostrando. Gosto de pensar no amor como tendo três níveis, apesar de ser um só. O primeiro o amor Éros, aquele que está mais para a necessidade, como aquele da criança pela mãe, depois o amor Filia, que é o amor dos adultos, o querer ser bom, fazer o bem pelos outros. Só aí vem o Amor Ágape, aquele que Jesus quis nos mostrar, total abertura para amar tudo e todos, somente com essa disposição, essa atitude de abertura podemos começar entender o que significa amar os inimigos... mesmo assim continua difícil entendermos o Amor Divino, os exemplos e referências terrenos são muito fracos. Mas temos que nos esforçar todos os dias para amadurecermos no Amor. Jesus perguntou três vezes a Pedro se ele O amava (ou seja em todos os níveis). E mesmo o amor tendo um nível de sentimento, ele também é um mandamento ("Amai-vos uns aos outros..."), portanto temos que nos esforçar bastante para amar...

    Abração,

    Venâncio

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  2. Querido Chico, obrigada por partilhar conosco suas impressões sobre a Trindade. Durante algum tempo, relacionar Deus à figura materna me parecia um pouco estranho, quase que como uma heresia!Mas ao ler "A Volta do Filho Pródigo", de Henri Nouwen descobri que Deus é pai e mãe, pois nele estão presentes tanto o masculino como o feminino. A história do filho pródigo revela a imagem de um Deus maternal, que acolhe o filho de volta, que o envolve em seus braços. Sempre imaginei Deus como um pai severo, distante, mas hoje descobri esse Deus que é pai e mãe, que me ama e me acolhe de volta à casa, que não me "passa sermão", ao contrário, deseja comemorar minha volta pra casa.

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