Senta aí para nós conversarmos.
Um amigo meu foi substituir um missionário lá no norte do nosso Brasil. Seu antecessor, que era de uma cidade grande aqui do sul do país, não conseguiu desenvolver o trabalho evangelístico naquele campo missionário. A explicação daquele que voltou para casa foi simples e direta: “Aquele povo não quer saber de nada, são uns vagabundos. Só que querem ficar sentados conversando”.
Para não cometer os mesmos erros, aquele meu amigo perguntou, discretamente e com muito tato, ao povo daquele lugar o que aconteceu com o tal missionário. A resposta deles também foi bem objetiva: “Aquele homem só pensava em trabalhar. Ou fazia reunião, ou organizava reunião, ou consertava a casa dele ... ele nunca tinha tempo para conversar conosco, nos conhecer, saber da nossa vida. Ele nunca se importou conosco”.
O que houve foi um problema de má interpretação cultural e antropológica.
Leia o que o meu irmão escreveu no jornal aqui de Campinas em que ele trabalha:
“Há todo um universo a ser descoberto pelos brasileiros. As fronteiras não são geográficas, nem físicas. Para cada região há uma cultura, uma forma de encarar o mundo que não denota necessariamente pobreza, que se pode encontrar nas grandes cidades, embaixo de pontes e em favelas, mas um modo particular de ser. Há questões básicas a serem enfrentadas e difundidas. Daqui pode-se levar noções de saúde, educação, desenvolvimento sustentável; de lá, pode-se trazer harmonia com a natureza, lições de cidadania e de vida”. (Rui Motta, Correio Popular, 04.fev.09)
Certa vez um dos voluntários visitadores da nossa equipe lá do HC-UNICAMP me disse que havia cometido um erro. Quando lhe perguntei o que aconteceu, ele falou: “Passei a tarde inteira conversando só com um paciente. É que ele precisava muito conversar”. Não tive dificuldade para lhe explicar que não houve erro.
Muitas vezes nos perdemos na administração e aplicação das prioridades dos valores que dizem respeito ao uso do tempo.
“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de edificar; tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar de alegria; tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar; tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora; tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar; tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz. Que proveito tem o trabalhador naquilo com que se afadiga?” (Eclesiastes 3:1-9 RA)
Um amigo meu foi substituir um missionário lá no norte do nosso Brasil. Seu antecessor, que era de uma cidade grande aqui do sul do país, não conseguiu desenvolver o trabalho evangelístico naquele campo missionário. A explicação daquele que voltou para casa foi simples e direta: “Aquele povo não quer saber de nada, são uns vagabundos. Só que querem ficar sentados conversando”.
Para não cometer os mesmos erros, aquele meu amigo perguntou, discretamente e com muito tato, ao povo daquele lugar o que aconteceu com o tal missionário. A resposta deles também foi bem objetiva: “Aquele homem só pensava em trabalhar. Ou fazia reunião, ou organizava reunião, ou consertava a casa dele ... ele nunca tinha tempo para conversar conosco, nos conhecer, saber da nossa vida. Ele nunca se importou conosco”.
O que houve foi um problema de má interpretação cultural e antropológica.
Leia o que o meu irmão escreveu no jornal aqui de Campinas em que ele trabalha:
“Há todo um universo a ser descoberto pelos brasileiros. As fronteiras não são geográficas, nem físicas. Para cada região há uma cultura, uma forma de encarar o mundo que não denota necessariamente pobreza, que se pode encontrar nas grandes cidades, embaixo de pontes e em favelas, mas um modo particular de ser. Há questões básicas a serem enfrentadas e difundidas. Daqui pode-se levar noções de saúde, educação, desenvolvimento sustentável; de lá, pode-se trazer harmonia com a natureza, lições de cidadania e de vida”. (Rui Motta, Correio Popular, 04.fev.09)
Certa vez um dos voluntários visitadores da nossa equipe lá do HC-UNICAMP me disse que havia cometido um erro. Quando lhe perguntei o que aconteceu, ele falou: “Passei a tarde inteira conversando só com um paciente. É que ele precisava muito conversar”. Não tive dificuldade para lhe explicar que não houve erro.
Muitas vezes nos perdemos na administração e aplicação das prioridades dos valores que dizem respeito ao uso do tempo.
“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de edificar; tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar de alegria; tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar; tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora; tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar; tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz. Que proveito tem o trabalhador naquilo com que se afadiga?” (Eclesiastes 3:1-9 RA)
Caríssimo Xyko, Paz e Bem
ResponderExcluirJá fiquei fã do seu Blog (paguei a língua, pois lá em casa eu dizia que esse negócio de Blog era besteira... meus filhos já me perguntam se eu vou entrar no Blog). Por falar em negócio, você sabia que essa palavra vem de "negum" e "ocio", ou seja negar o ócio, trabalhar (e as inspirações e as relações profundas vem nos momentos de de "ócio criativo"). Para os gregos tinha dois tipos de trabalho: "Doulia", o trabalho obrigatório, que sustenta, de onde tiramos nossa subsistência, e "Erga", o trabalho que realiza, que fazemos até de graça, porque gostamos (= ócio criativo)... o segredo era conseguir juntar os dois tipos numa coisa só. Ócio não é não fazer nada... hoje em dia ócio virou sinônimo de "balada", música altíssima, bebedeira... desatino, é uma pena. Isso porque trabalho virou sinônimo de sofrimento, coisa obrigatória, castigo... a palavra trabalho vem do latim "tripalium", que era um instrumnto de tortura usado pelos romanos (e nós sabemos como eles eram bons em tortura)... Gostaria de saber o que você acha disso, já deu para ter uma idéia no texto...
Abração,
Venâncio
Meu Amigo Venâncio, que bom ter um amigo como você.Quanto ao texto, diz um ditado (não sei se é japonês, chinês, coreano, sei lá; só sei que é de olho puxado, oriental)que se você achar um serviço que lhe proporcione fazer o que gosta, nunca mais vai precisar trabalhar. Às vezes eu passo uma tarde INTEIRA montando um quebra-cabeça com uma criança internada lá no hospital, ou jogando xadrez. Isso é trabalho?
ResponderExcluirJá tive a experiência de acabar com a dor de uma criança, acabar de vez, só brincando com ela. E aina ganho para isso.
Abraço, Xyko Motta.