“O pensamento parece uma coisa à toa/ mas como é que a gente voa/ quando começa a pensar”.
Citando Catulo da Paixão Cearense dá para me explicar melhor. Foi em pensamento que eu fui novamente até debaixo daquela jabuticabeira. Essa árvore fica (ou ficava, não sei se ainda existe) no quintal de uma casa enorme em que moramos logo que viemos para Campinas, ali no bairro Guanabara.
Chegando ali fiquei surpreso por encontrar já me esperando, sabe quem? Eu mesmo, também chamado de “Mim mesmo”. Depois de me cumprimentar eu mesmo afirmei que sabia que eu iria ali. “Como você sabia?” eu perguntei.
- É como você aprendeu no livro que está lendo: embora feitos para viver no presente, vivemos muito mais no futuro e no passado. Você sempre gostou daqui, e sente muitas saudades desse cantinho. Mas eu mesmo estou aqui para outra coisa. É para lhe dizer que eu sei o que você fez. E eu não o perdoo.
Quando eu mesmo disse isso, tive a nítida impressão de ter ouvido, vindos debaixo da terra que rodeia a jabuticabeira, gritos e risadas como se fosse um grupo comemorando um gol. Mas não vi nada.
- Mas eu já estou perdoado! Veja esse versículo: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1 João 1:9) E esse “purificar de toda injustiça” significa livrar da contaminação do pecado e das culpas.
Eu mesmo retruquei: “Ontem, quando você se lembrou desse trecho e ficou feliz, deu até uma risadinha, isso me incomodou, e muito!
Aí eu perguntei para “Mim mesmo”: Por que?
- Porque você não fez nada para compensar o seu erro.
- Eu sei a razão pela qual você me esperava aqui e está falando tudo isso. É porque você sabe que ser perdoado me incomoda pois dá a impressão de que estou sendo humilhado. Porém, Deus não está nem um pouco preocupado com minha imagem ou posição. Ele só quer saber é de ter um profundo relacionamento de amor comigo.
Ao me conscientizar disso, eu abri os braços para “Mim mesmo” e nos fundimos com Deus em um abraço gostoso.
Ao sair dali, ainda em pensamento, dei uma última olhada para a jabuticabeira e notei que, apesar de ser abril, ela deu frutos.
Caro Xyko, Paz...
ResponderExcluirCara, espetacular a sua história, simples, bela e profunda, uma "viagem"... Lembrei-me do "Amar a Deus e ao Próximo como a Si mesmo". Nos esforçamos muito em perdoar e Amar o próximo e muitas vezes nos esquecemos de Amar e perdoar a nós mesmos. Imagino que somos como Cristo crucificado entre dois ladrões, nosso passado de um lado e nosso futuro de outro. Do passado arrastamos nossas culpas e do futuro alimentamos nossos medos. Se deixarmos nos perdoar por nós mesmos no passado e no futuro alcançaremos o "paraíso" como fez Dimas, o bom ladrão, mas se não nos perdoarmos, o inferno nos "aguarda" nesta terra mesmo...
Grande abraço, para você e para "Mim mesmo"
Venâncio