quarta-feira, 18 de maio de 2011

NÃO ME ACOSTUMO

Sexta-feira, faltando 10 minutos para as 5 da tarde, que é a hora de irmos embora para casa, o telefone do escritório do Serviço de Capelania do HC-UNICAMP soa. Pelo toque percebi que era ligação interna. Boa coisa não devia ser, como de fato não era: a enfermeira da Emergência Médica solicitava a presença do pastor para orar por 3 pacientes que estavam nos seus últimos momentos de vida.
Quando cheguei no posto daquela enfermaria perguntei se podia orar pelo paciente que era o primeiro da lista. Obtida a autorização entrei no quarto e, espantado, vi que os monitores estavam zerados e o paciente não respirava. Voltei ao posto e relatei à enfermeira que o paciente havia “parado”. Também espantada, ela foi comigo até aquele leito e constatou a morte. Fiz uma rápida oração e fui ver os outros dois.
Quando terminei e ia saindo, uma senhora de uns quase 50 anos me aborda, se apresenta, diz que me reconheceu por ter visto uma pregação minha em uma Igreja na cidade dela, e pede que eu ore por seu marido ali internado, sedado e não muito bem de saúde. Conversei um pouco com ela, oramos e fui embora.
Na segunda-feira seguinte, essa senhora, Dona Ercília, me procurou no escritório da Capelania. Ela precisava conversar e orar, pois a situação do seu marido se agravou. Conversamos um pouco. Expliquei-lhe que ela teria que se preparar para tudo, tanto se conformar como manter a esperança. A Dona Ercília perguntou se o marido, mesmo sedado, podia ouví-la, pois ela gastou um bom tempo abraçada a ele orando, lendo a Bíblia e cantando alguns hinos que são da predileção dele. Quem respondeu a essa questão foi a Célia, da Capelania, que estava conosco. Ela afirmou que pode ser que não ouça, mas que, com certeza, o paciente sente a presença e o amor de seus queridos, isso podemos garantir.
Para conhecer melhor aquela pobre mulher, perguntei-lhe se tem filhos (não tem) e quantos anos de casados eles teem. Ela me respondeu: “Dentro de 2 meses íamos, ou vamos, não sei, completar Bodas de Prata”.
Estou acompanhando pacientes em estado terminal e seus familiares já faz muito tempo, e posso lhes garantir que não me acostumei com isso. Nós não fomos criados para morrermos, e por isso a morte nos incomoda, nos choca. Até o Senhor Jesus, diante da morte de Lázaro, chorou. O que nos sustenta é a fé na vida eterna.
Quero trazer à memória o que me pode dar esperança.” (Lamentações 3:21)
PARA REFLETIR:
Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo.” (1 Coríntios 15:55-57)

Um comentário:

  1. Nao estamos acostumados com a morte as ela faz parte da vida!
    Nao vejo a hora de chegar a minha morte e poder estar com meu Senhor, so e ruim pra quem fica mas acho que nao deixarei muitas saudadees rsrrs. Cintia

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