segunda-feira, 18 de maio de 2009

IR ALÉM DO ÓBVIO


Estavam na sala da Escola Bíblica Dominical, uns 20 pré-adolescentes. Um dos pontos que eu, como professor, devia abordar com eles era a eficácia da oração. Então lhes fiz a seguinte pergunta:
- Por que devemos orar?
- Porque Deus quer, foi o que uma menina respondeu.
- Mas por que Ele quer? Insisti.
- Porque Ele quer que “a gente” fale o que pensamos ou queremos para Ele saber.
- Mas Ele já não sabe?
- Sabe, mas ...
Resolvi ir por outro caminho:
- Quantos daqui já pediram e Deus deu o que foi pedido?
Todos levantaram as mãos.
- E quantos daqui já pediram e Deus não deu o que foi pedido?
Novamente todos levantaram as mãos.
- Então para que orar?
Nisso uma outra menina observou:
- Puxa, Chico! “A gente” vem com as coisas todas certinhas na cabeça, tudo quadradinho, aí você vem e faz umas perguntas que fazem a gente pensar “Como é que não pensei nisso antes?” e depois nos sentimos como se estivéssemos errados.
Depois disso eu lhes garanti que eles não estavam errados, só não estavam acostumados a pensar.
Naquele momento me passou pela cabeça se não seria isso uma característica de uma geração que fica demais em frente da TV e do computador. Em seguida lhes expliquei a diferença entre fé e fanatismo (fanatismo é acreditar sem pensar se o que se crê é verdadeiro ou não, e fé é crer após se refletir na veracidade dos conceitos e preceitos).
Deus nos incentiva a pensar: “Vinde, pois, e arrazoemos, diz o SENHOR.” (Isaías 1:18)
Para a próxima aula que vou dar àqueles jovens vou deixar escrito no quadro de giz a seguinte frase:
“EXPERIMENTE UMA NOVA SENSAÇÃO: PENSE”.
Depois de tudo isso é capaz de eu ter que tomar um copo de cicuta.
Ah, já ia me esquecendo: nós devemos orar para nos relacionarmos com Deus.

Um comentário:

  1. Caríssimo,

    Muito interessante, essa é a diferença entre senso comum (acrítico, incoerente e conservador), aquele mínimo que aprendemos para viver em sociedade (é vulgar e explorado pelos meios de comunicação visando o consumismo...) e senso crítico (o famoso "bom senso"). Muito poucas pessoas desenvolvem o bom senso. O problema é que pensar gasta energia e faz sofrer (quando começamos enxergar as incoerências da nossa sociedade...). Temos que nos esforçar para desenvolvermos o nosso senso crítico e ajudar os outros a desenvolvê-lo, só assim o povo deixará de ser tratado como "gado" nas mãos dos poderosos (desculpe o peso da palavra).

    Abração, Paz e Bem

    Venâncio

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