quarta-feira, 31 de março de 2010

OLHANDO PARA OS PÉS DE JESUS

Não sei a razão, mas sempre que penso no episódio em que Jesus aparece já ressurreto a Maria Madalena e ela o segura, eu imagino que naquele momento ela olhava para baixo, para os pés do Senhor.
Mas vamos ao texto:
“Perguntou-lhe Jesus: Mulher, por que choras? A quem procuras? Ela, supondo ser ele o jardineiro, respondeu: Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei. Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, lhe disse, em hebraico: Raboni (que quer dizer Mestre)! Recomendou-lhe Jesus: Não me detenhas; porque ainda não subi para meu Pai, mas vai ter com os meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus. Então, saiu Maria Madalena anunciando aos discípulos: Vi o Senhor! E contava que ele lhe dissera estas coisas.” (João 20:15-18)
Muita coisa se tem falado a respeito de Maria Madalena, ou seja, que ela era a prostituta que ungiu os pés de Jesus, que dela foram expulsos vários demônios e algumas outras coisas que de tão absurdas não vale a pena nem reproduzir. Mas nada disso é provado. São só especulações. Mas tanto faz. O que interessa mesmo é o que a pessoa é e o que quer ser.
“Não me detenhas”.
Essa palavra, “deter”, poderia ser traduzida do grego de diversas formas: atear fogo, aderir, toque sensual, agarrar, mas a melhor escolha para o contexto é “reter”, no sentido de impedir que alguém vá embora.
Pode ser que Maria Madalena agiu assim por não querer perder Jesus de novo. Eu pessoalmente acho que não. Penso que ela queria reter Jesus só para si. Temos que considerar que esse sentimento de posse não é amor, muito embora constantemente é confundido com tal. O verdadeiro amor compartilha, legitimamente é claro, suas bençãos e alegrias. Pedro não sabia o que dizia quando quis construir tendas no monte da transfiguração. Somos luz para ficarmos em posição que possamos proporcionar iluminação para todos, e não para nos trancarmos em um quarto.
Não existe o “MEU Deus”. É só “DEUS”. Já me peguei falando algo parecido com “O meu Deus não é assim”, ou “Meu Deus é assim”. Isso dá a idéia de eu estar me referindo a um deus que concebi ou capturei, não é mesmo?
Se somos capazes de querer nos apossarmos do próprio Deus, quanto mais não o seremos de desejarmos possuir nossos semelhantes!

Um comentário:

  1. É isso aí Xyko...

    É preciso muita humildade para Amar de verdade. O verdadeiro Amor não retem, pelo contrário liberta.
    O desapego material já é um desafio enorme, que dirá o desapego afetivo: nos desapegarmos de quem amamos... mas é assim que deve ser.

    Não é fácil.

    Muita Paz,

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