quarta-feira, 23 de junho de 2010

PERDAS QUE AINDA DOEM

Uma das experiências mais tristes e estranhas que passo no HC-UNICAMP é quando acompanho um doente em estado terminal por um certo tempo (que às vezes chega a ser meses), crio vínculos de amizade com os parentes e conhecidos do paciente, e quando ele morre, nunca mais vejo aqueles amigos.
Naqueles momentos difíceis que passo com os acompanhantes, nós conversamos muito, confidenciamos fatos e acontecimentos de nossas vidas, sofremos juntos, choramos de mãos dadas, rimos, fazemos companhia uns para os outros, desabafamos e, enfim, vivenciamos muito amor fraternal.
De repente tudo acaba. Isso dói.
O meu consolo é que hei de me encontrar com muitos deles lá na Nova Jerusalém:
“Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo. Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram. E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras.” (Apocalipse 21:1-5)

Um comentário:

  1. Caro Xyko,

    Essa é a origem do sentimento de luto (lat. luctus, dor, mágoa, sentimento de tristeza profunda pela morte de alguém).
    Interessante que essa sensação vem da consciência de não poder ver a pessoa "nunca mais".
    É um sentimento eminentemente humano, dentro dos referenciais de tempo e espaço que nos definem.
    Mas nós somos desafiados a transcender o humano, temos que compreender que a eternidade não é aquilo que não tem fim, mas é aquilo que não está no tempo-espaço... por isso mesmo os momentos que passamos com as pessoas que amamos são eternos e esse sentimento não deve passar nunca... o luto é humano, a mística do eterno é divina e é ela que devemos aspirar.
    Não é fácil...

    Paz,

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