No setor de Pediatria do HC-UNICAMP há um pátio coberto. Da entrada desse pátio, ao olharmos para a esquerda, dá para ver um corredor onde fica a sala dos médicos e lá no fundo, a porta dupla que dá acesso à UTI pediátrica. A equipe de enfermagem costumava deixar pelo menos uma dessas portas aberta para que a Wit (que é como chamávamos a Whittyne Gabrielly) pudesse ver de lá de dentro um pouco de movimento já que ela estava internada ali a alguns meses. Ela tinha 3 anos, uma das crianças mais lindas que já vi, vítima de uma doença terrível e fatal. Nesse dia 1 de janeiro ela faleceu.
Quase todo dia eu parava ali na entrada do pátio e olhava para a esquerda e a via, sentada em seu berço, com as perninhas rechonchudas para fora atravessando a grade de proteção, e me acenando com a mãozinha para que eu fosse lá. Eu ia e já ia assobiando a música do sapo que não lava o pé. A Wit, por sua vez, começava a dançar, e quando a música chegava no “MAS QUE CHULÉ”, ela abanava o narizinho com a mão.
Conversando com a Rosângela, a fisioterapeuta, ela comentou que a Wit sempre, mas sempre mesmo, estava alegre e feliz. E é verdade; eu nunca a vi sem um sorriso no rosto! E olha que ela sofreu!
Doeu a separação, está doendo ainda, mas ela está melhor agora, sem dúvida.
“Jesus disse: Deixai os pequeninos, não os embaraceis de vir a mim, porque dos tais é o reino dos céus.” (Mateus 19:14)
É claro que quando chegar ao céu eu quero ver meu Jesus, todos os grandes homens e mulheres da Bíblia e minha mãe e pai que já partiram. Todavia, será um prazer especial poder ver aqueles que um dia tive o privilégio de compartilhar com eles as boas novas do evangelho. Sei que quando "perdemos" alguém a dor é imensa. Mas nada comparada com a alegria de reencontrá-los com o Pai na eternidade. Ora vem Senhor Jesus.
ResponderExcluirCaro Xyko,
ResponderExcluirAcredito que o nosso maior desafio como seres humanos é aceitar a morte...
Temos tentação de tentar entendê-la. Estudamos, discutimos, racionalizamos, mas no fim temos que "engoli-la". O próprio Jesus quis nos mostrar isso.
A morte de quem amamos então...
A tristeza nos dá uma sensação de extrema solidão e abandono. Pode ser até que seja sensação de solidão e abandono que cause a tristeza...
Nessa hora a presença de outras pessoas compartilhando e dando sentido para nossas emoções tem uma função aliviadora e até terapêutica.
É isso que significa CONSOLAR (estar junto na solidão).
Foi mais ou menos isso que pensei ao ler o belo comentário do Pr. Ronaldo acima...
Muita Paz,
Chico, ao ler sua mensagem me veio a mente a figura da Whittyne se levantando e se segurando para acenar a mão com aquele sorriso lindo e fofo estampado no rosto. Como disse a musica o céu é um lindo lugar; as lembranças dela e seu sorriso, faz com que o hospital seja um lugar onde eu passeio e me faz retornar a cada semana, pois lá sempre vai ter uma Whittyne, um Nino, um João Vítor, um sorriso, uma alegria para nos confortar.
ResponderExcluirUm abraço Oscar kuroda