quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A REALIDADE FANTÁSTICA DA FANTÁSTICA REALIDADE

Estou descobrindo e ficando fascinado com o Realismo Fantástico. Meu único contato com esse estilo foi a novela Saramandaia (aquela que tem a música “Pavão Mysteriozo”). Acabei de ler “100 anos de solidão” de Gabriel García Márquez, livro que ganhei da minha enorme amiga Rosinha.
Essa obra é realmente fantástica.
Tem uns “lances” geniais. Vou contar rapidinho, à guisa de exemplo, dois deles.
O primeiro deles é o de uma moça que tem um caso com um rapaz, cuja característica principal é sempre ficar cercado por borboletas amarelas que ficam voando ao redor dele o tempo todo. A partir do momento que começa o relacionamento entre ambos, algumas das borboletas passam a voejar também em volta dela em todos os momentos. Descobertos pela família dela, o casal é separado, cada um deles indo para um lado com suas respectivas borboletas. Quando o rapaz morre, as borboletas deixam a moça.
Isso ilustra (na minha opinião de uma forma extremamente bonita) que no amor, uma parte de nós vai para o outro. Mas aí me fica uma dúvida: essa parte desaparece com a morte do outro? Não necessariamente com a morte física, mas talvez com outro tipo de morte, como por exemplo, ela trocar as borboletas amarelas pelas azuis.
Outro lance genial é quando uma chuva torrencial e infindável inunda a cidade. A casa da família cuja estória é contada nessa obra, também é inundada. A matriarca da família então pede ao marido que coloque a mesa e as cadeiras da sala de jantar sobre tijolos. Isso feito, ela continua servindo as refeições com porcelanas bonitas, talheres e toalhas finas. As aparências precisam ser mantidas apesar das calamidades? Mas a grande lição é que, apesar de tudo, a vida continua.
Com isso tudo quero mostrar que nós cristãos devemos ler mais livros não evangélicos. Primeiro porque isso faz com que nossos neurônios se exercitem (ver filmes é bom, mas vem tudo pronto, sem dar muito espaço à criatividade); em segundo lugar porque nos dá uma cosmovisão da vida; e por último, é importante conhecermos o outro lado das idéias, mesmo que não concordemos ou não gostemos.
PARA CONFRONTAR E REFLETIR:
“Não cesses de falar deste Livro da Lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto nele está escrito; então, farás prosperar o teu caminho e serás bem-sucedido. Não to mandei eu? Sê forte e corajoso; não temas, nem te espantes, porque o SENHOR, teu Deus, é contigo por onde quer que andares.” (Josué 1:8-9)

2 comentários:

  1. Caríssimo,

    Seu blog realmente sempre me faz pensar... fui pesquisar algo sobre o mevimento literário que você citou, o realismo fantástico (ou mágico) e descobri que foi do início do séc. XX, com seu auge nas décadas de 60 e 70 (Cem anos de solidão foi publicado em 1967 e Saramandaia foi lançada em 1976). Esse movimento ocorreu principalmente na língua espanhola e teve repercussões na América Latina incluindo o Brasil.
    Como a arte é sempre uma reação criativa (e rebelde) à realidade, esse movimento floresceu por aqui no auge dos regimes ditatoriais.
    Entre outras características, associa uma tendência de valorização da tecnologia (muito forte na época e até hoje) sem esquecer do lado mágico, fantástico e até supersticioso da nossa cultura (lembra do lobisomem e do anjo da novela...).
    Pois é, meu amigo, este movimento realmente demonstra nossa busca por uma síntese, que dê mais sentido à nossa existência neste mundo...
    É a busca do fortalecimento do tronco da árvore que somos nós, com os pés fortemente enraizados no chão mas com a copa voltada para o céu...
    As lagartas vivem no chão e no tronco da árvore e só quando se transformam em borboletas vão à copa e mais além...
    Para mim, talvez as borboletas representem realmente aquilo que temos de transcendente nesta vida, por isso faz algum sentido elas irem embora com a morte de um dos amantes... e o amarelo representa bem a transição (lembra do amarelo do semáforo entre o vermelho e o verde...).


    Muita Paz,

    ResponderExcluir
  2. Venãncio, como sempre seus comentários são muito bons! Nunca fui muito fã do realismo fantástico, mas depois de ler o que o Venãncio escreveu vou prestar mais atenção.
    Abraços,
    Heloisa

    ResponderExcluir