sexta-feira, 10 de outubro de 2008

LONGA REFLEXÃO PARA O DIA DAS CRIANÇAS


DEUS COMO ELE É
“Então, lhe trouxeram algumas crianças para que as tocasse, mas os discípulos os repreendiam. Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele. Então, tomando-as nos braços e impondo-lhes as mãos, as abençoava”. (Marcos 10:13-16)
Se nós pensarmos bem, as crianças são egoístas, interesseiras, com pouquíssimo domínio próprio e muitas vezes, no trato com outra criança "diferente" (feia, obesa, com um defeito físico, pobre ou pouco inteligente), as crianças chegam até a ser cruéis.
Logicamente Jesus não está nos exortando a recebermos o reino de Deus de uma forma egoísta, interesseira, com pouco domínio próprio e com crueldade. Então, o que Ele está dizendo?
Imagine uma criança com o rosto todo lambuzado de chocolate. É bem possível que ao presenciarmos uma cena assim alguém vai comentar "- Olha que bonitinho!!!!!"; mas se a mesma cena for com um velhinho, alguém pode até dizer que o homem é um porcalhão e ficar irritado. Por que?
Comportamentos aceitáveis em crianças são reprovados nos idosos. Pode-se alegar que as crianças ainda não aprenderam a se comportar (?) e os velhinhos já. Mas veja por exemplo, o controle dos esfíncteres. Enquanto a criança não aprendeu, o velhinho não consegue mais, e nenhum deles, via de regra, pode ser responsabilizado por isso!
Jesus Cristo foi buscar algumas das características das crianças para ilustrar como nós, adultos a caminho da senilidade, devemos ser receptivos às coisas do Reino de Deus. Quais? É óbvio que não são as citadas acima.
Penso eu que são pelo menos três: com sinceridade, com confiança e sem preconceito.
SINCERIDADE
Certo dia, Denise, minha mulher, e eu, estávamos almoçando em um restaurante. Nisso entra uma jovem senhora com a filha, uma garotinha de mais ou menos 3 anos. Como era véspera de Carnaval e a menina estava de uniforme, não foi difícil concluir que a máscara que a criança tinha nas mãos devia ter vindo de alguma atividade na escola, referente à época.
De uma forma geral, crianças nessa idade não costumam usar máscaras a maior parte do tempo. Elas são bem sinceras e transparentes. Se elas não gostam de uma pessoa isso fica bem patente aos olhos de todos, principalmente à pessoa de quem elas não gostam. Por outro lado, se elas gostam de alguém, isso também é bem visível.
Já nós, adultos, usamos máscaras quase que o tempo todo! O verdadeiro Xyko Motta ninguém conhece, mas ninguém mesmo!
Agora, o que eu acho uma tremenda infantilidade é nós querermos usar máscaras diante de Deus!!!!!!
“SENHOR, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me assento e quando me levanto; de longe penetras os meus pensamentos. Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar e conheces todos os meus caminhos. Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, SENHOR, já a conheces toda. Tu me cercas por trás e por diante e sobre mim pões a mão. Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim: é sobremodo elevado, não o posso atingir”. (Salmos 139:1-6)
Sinceramente, eu penso que nós devemos receber o reino de Deus como uma criança, isto é, com sinceridade.
CONFIANÇA
Um dia a Letícia, então com 7 anos, me perguntou qual era o trabalho da tia dela na companhia de telefonia do nosso estado e eu respondi:
- Sabe aquele barulho que faz quando o telefone está ocupado (póó, póó, póó ...)? Então, é ela que faz.
A Letícia acreditou!!!!
E por que ela acreditou? Porque fui eu, um adulto, quem falou.
Eu estava compartilhando isso tudo com uma turma de pré-adolescentes da Escola Bíblica Dominical da minha Igreja. Nesse ponto que aborda a confiança, uma menina lembrou que crianças não se preocupam porque confiam. Eu concordei e ilustrei dizendo que os pequenos não se preocupam se vai ter ou não a próxima refeição porque confiam que os pais hão de supri-las em todas as suas necessidades.
Mas agora, refletindo sobre o assunto, me lembrei que existe uma quantidade inumerável de crianças que não têm asseguradas as próximas refeições. Pense em uma criança com fome e sem nenhuma perspectiva de obter comida (e são muitas que vivem assim!) e você ficará se sentindo mal. E dependendo do caso, se sentindo mau.
Como confiar em Deus numa situação dessas?
Para mim, a resposta de Deus está no exemplo que Habacuque nos dá:
“Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegro no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação. O SENHOR Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar altaneiramente”. (Habacuque 3:17-19)
Devemos estar receptivos ao reino de Deus como uma criança, isto é, sem preocupações. Pode confiar. É Deus quem garante!
SEM PRECONCEITO
Para mim, o principal está aqui: devemos receber o reino de Deus sem preconceitos a respeito do próprio Deus. Muitas vezes nós imaginamos Deus de uma certa forma e depois ficamos tentando moldá-lo ao que nós criamos!
Os discípulos viam Jesus como uma pessoa importante (e alguém foi, é ou será mais importante do que Jesus?), mas enxergavam com os preconceitos do mundo, isto é, quem é importante não tem tempo para qualquer um, muito menos para crianças (fico pensando na possibilidade de elas estarem sujas, com o nariz escorrendo e com piolhos).
Eis um outro exemplo de um preconceito sobre Deus acabar deixando as pessoas frustradas:
“Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel; mas, depois de tudo isto, é já este o terceiro dia desde que tais coisas sucederam”. (Lucas 24:21)
Quem faz essa observação é um dos discípulos com quem o Senhor já ressurreto se encontra na estrada que levava até Emaús. Eles esperavam um rei com poderes políticos e militares para livrá-los do jugo de Roma. Ao ler o texto todo podemos perceber que o maior sentimento que eles experimentavam era a ausência de ESPERANÇA.
Mas, voltando aos discípulos se interpondo entre Jesus e as crianças. Note que o nosso preconceito pode impedir que outras pessoas venham até Deus! Já pensou que isso vai ser cobrado de quem o fizer?
Para finalizar, vamos pintar, mentalmente, um quadro. Ou melhor, 2; você pinta o seu e eu o meu. O que nós vamos pintar é essa cena de Jesus já com as crianças próximas a Ele.
Vamos primeiramente imaginar o local. Pelo contexto podemos deduzir que havia muita gente por perto e portanto, deve ter sido ao ar livre.
Depois, pensemos nos discípulos de um lado. Que expressões podemos perceber no rosto deles?
Do outro lado, as pessoas que trouxeram as crianças. Deviam estar sorrindo, não é mesmo?
E as crianças? Quantas será que eram? Será que estão rindo com alguma brincadeira que o Senhor fez ou estão sérias e compenetradas?
E Jesus? Será que Ele estava em pé ou sentado? Eu pessoalmente acho que Ele estava sentado para ficar na mesma altura das crianças. Tente retratar os sentimentos do nosso Senhor naquele momento.
Se você olhar bem para o meu quadro, vai perceber que eu me retratei entre os discípulos que, por preconceito, queriam impedir o encontro das crianças (de todas as idades!) com Jesus.
Mas vai me ver também pintado junto com aqueles que levaram as crianças até Jesus.
E vai me ver também com as crianças, naquela proximidade com o Senhor que, por si só já é a maior benção. É com elas que eu gosto mais de me identificar.
E você, onde está?

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