quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

CARTA DE AMOR


CARO PECADO
Espero que essas mal traçadas linhas não o encontre gozando a mais perfeita saúde. Nem você nem toda a sua família.
Ontem eu não lhe escrevi porque nos encontramos. Hoje espero não vê-lo. Por isso escrevo.
Eu gosto de você, não nego, mas é óbvio que não podemos continuar com nosso relacionamento. Mas, devo fazer minhas, as palavras que o Fagner canta em uma de suas músicas: “Falta coragem prá dizer que nunca mais”.
Você tem uma característica que eu poderia usar a meu favor para me livrar das suas constantes visitas, ou seja, suas vindas são sempre anunciadas com antecedência. É só eu fechar a porta. Mas, por mais que eu queira fazer isso eu não consigo. Muito pelo contrário, eu arrumo a casa para quando você chegar estar tudo pronto.
Aí você chega, eu gosto, nós nos envolvemos e depois sempre fica aquele gosto amargo na boca.
Todo mundo diz que não “tem nada demais” ter amizade com você, mas tem sim, pecado é pecado. E não tem essa de ser só um pecadinho. Não existe pecadinho e pecadão. Qualquer pecado nos afasta de Deus, e isso é o que eu não quero, isto é, ficar longe de Deus.
No começo da minha vida espiritual eu era muito legalista, comigo e com os outros. Amadureci um pouco e achei que deveria ser legalista só comigo mesmo. Mas, legalismo é achar que podemos nos afastar de você, caro pecado, pelo nosso próprio esforço. E não é possível. Até o próprio Paulo, que escreveu a maior parte do Novo Testamento confessou essa dificuldade:
“Bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado. Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto. Ora, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim. Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim. Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros.” (Romanos 7:14-23 RA)
Mas aí eu tive uma experiência que mudou muita coisa.
Certa vez eu estava conversando com o Padre Toninho, em um daqueles bate-papos extremamente edificantes, e estava contando para ele o quanto me incomodava o seguinte versículo da Bíblia:
“Todo aquele que permanece nele não vive pecando; todo aquele que vive pecando não o viu, nem o conheceu.” (1 João 3:6)
Aquele grande homem de Deus olhou para mim, colocou a mão em meu ombro e disse: “Chico, você pensa muito em seus pecados! Isso já está resolvido lá na cruz. Pense mais no amor de Deus, concentre-se na Sua bondade e misericórdia”. E citou outro versículo para mim:
“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1 João 1:9)
Então, meu caríssimo, por causa disso, essa vai ser a primeira e a última carta que lhe escrevo. Estou consciente de que de vez em quando vamos nos encontrar, mas “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.” (Romanos 8:1)
Sem mais, adeus.
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