segunda-feira, 11 de maio de 2009

NÓS, ROBÔS


Estávamos conversando na sala de casa, um amigo e eu. Ele me explicava a razão da sua resistência em se tornar cristão. Ele não se conformava com o fato de Deus permitir que cometamos pecados. Por ele, Deus deveria, por amor (?!), não ter colocado no Éden a “Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal”. Antes até, deveria ter criado o Diabo sem a possibilidade de se rebelar.
Amor sem liberdade não é amor. Certa vez orientei um jovem que teve um braço amputado devido a um acidente, que perguntasse à namorada se ela queria continuar com ele, e caso não quisesse dar-lhe liberdade de terminar o relacionamento.
Lembro-me de uma conversa com o Deão acadêmico do Seminário que estudei, onde aquele professor me desafiou a procurar na Bíblia a expressão “livre arbítrio”. Respondi dizendo que pode não haver essa expressão, mas o conceito está bem claro nas Escrituras, a começar no Paraíso, passando por textos como esse a seguir:
“Porém, se vos parece mal servir ao SENHOR, escolhei, hoje, a quem sirvais: se aos deuses a quem serviram vossos pais que estavam dalém do Eufrates ou aos deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Eu e a minha casa serviremos ao SENHOR.” (Josué 24:15)
O que aconteceu com Satanás na Rebelião Angélica é o mesmo que aconteceu com Adão e Eva na Queda, que é o mesmo que acontece conosco hoje, isto é, temos que decidir se quero ser o deus da minha vida ou me submeter ao Deus dos deuses.
O Diabo, num certo momento, reconhecendo alguns dos seus próprios atributos, desejou ser deus. Adão e Eva também. Igualmente nós, dia a dia, temos que fazer essa escolha.
“Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me.” (Lucas 9:23)
O mais chocante de tudo é que, para possibilitar isso, Deus se esvaziou de seus atributos divinos para mostrar que assim mesmo é Deus.
“Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar que Cristo Jesus tinha: Ele tinha a natureza de Deus, mas não tentou ficar igual a Deus. Pelo contrário, ele abriu mão de tudo o que era seu e tomou a natureza de servo, tornando-se assim igual aos seres humanos. E, vivendo a vida comum de um ser humano, ele foi humilde e obedeceu a Deus até a morte—morte de cruz.” (Filipenses 2:5-8 NTLH)
Nós temos medo da liberdade.

Um comentário:

  1. Caro Xyko,

    Belo texto... como dizem os existencialistas: "o homem é condenado a ser livre...". Não tem jeito, a liberdade implica em fazer decisões. Mesmo quando abro mão de decidir e deixo outro fazer isso por mim, estou decidindo tomar essa atitude e devo assumir suas consequências. Por isso mesmo temos medo da liberdade, nossas decisões sempre tem consequencias e nos responsabilizamos por elas... isso causa angústia e tentamos fugir a qualquer custo... mas sem liberdade não há Amor e sem Amor não há realização humana. São as regras do jogo, mas acredito que todos acreditam que vale a pena jogar...

    Paz,

    Venâncio

    ResponderExcluir