quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

UM ÚLTIMO ATENDIMENTO

Foi uma tarde muito proveitosa no hospital, muitas visitas significativas e pudemos ajudar muita gente. Estávamos, a Celinha e eu, fechando o escritório da Capelania e o telefone tocou. Era do CAISM (Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher), que é um hospital que fica ao lado do HC, ambos dentro da UNICAMP. Eles pediam a presença de um pastor para um atendimento de urgência. E lá fui eu.
Ao chegar no CAISM passei pela portaria, peguei o elevador do qual saí em uma sala de espera em frente ao posto de enfermagem. Ali estava um médico conversando com uma jovem senhora. Era com aquela senhora que eu deveria conversar, foi o que informaram.
Após as apresentações, aquele médico, que estava com um Novo Testamento cinzento dos Gideões, pediu se podia só terminar a idéia que ele expunha a ela. Ele falava sobre os seguintes versículos:
“E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte. Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte.” (2 Coríntios 12:7-10)
A ênfase que ele deu foi em “... quando sou fraco, então, é que sou forte”. Quando terminou, ele e a Célia, que foi comigo para mostrar onde era, foram embora, aí conversei com aquela senhora. Ela (chama-se Simone) era a nora de uma paciente, Dona Dolores, que estava desenganada pelos médicos devido a um câncer.
A Simone logicamente estava triste pelo estado da Dona Dolores, mas seu desespero vinha do fato de ainda ter dúvidas quanto à salvação da sogra, a quem amava muito. Já tinha falado sobre a obra de Jesus na cruz, a Dona Dolores afirmou que cria nisso, mas ainda havia dúvidas por parte da Simone.
Fui ao quarto daquela paciente e conversamos, só eu e ela. Aquela senhora tinha o aspecto (que já conheço bem) de alguém cuja vida está se esvaindo. Muito fraca e às vezes confusa, assim mesmo reafirmou sua confiança em Deus. Isso trouxe tranquilidade à Simone. Sendo católica, a Dona Dolores pouco depois recebeu o consolo da última comunhão (Eucaristia).
A última vez que olhei para a Dona Dolores ela tinha medo no olhar. Tinha medo, mas morreu em paz.
“Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu (Jesus) venci o mundo.” (João 16:33)

Um comentário:

  1. Caríssimo,

    Que experiência incrível...
    Realmente dá muito o que pensar.
    Por isso mesmo tem gente que diz que o contrário de medo não é coragem, é confiança...

    Paz

    ResponderExcluir