É claro que me lembro da época da morte do meu pai. No dia do funeral, ao lado do caixão, cheguei a pedir para Deus trazê-lo de volta. Embora só fui me conscientizar totalmente dessa perda uns 2 meses depois, tenho bem vívida a imagem de como estava a sala de casa quando chegamos do cemitério. O lugar em que meu pai costumava sentar naquele sofá ainda tinha o afundado feito por ele na almofada; na mesinha ao lado ainda estava o livro que ele estava lendo, uma revista de Palavras Cruzadas, uma caneta e os óculos. Tudo dele. Aquilo doeu.
Remexi em tudo isso para tentar imaginar como Maria Madalena deve ter sofrido diante do túmulo de Jesus. Lembranças, tristeza, medo, dúvidas e desesperança. Foi o que senti com a morte do meu pai, e ela deve ter sentido numa intensidade muito maior diante daquela pedra rolada.
Acho que esse turbilhão colaborou para ela não o reconhecer e achar que era o jardineiro. Mas Ele, Jesus, deve ter pronunciado o nome dela de uma tal forma particular que possibilitou que ela visse o que antes estava invisível.
“Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, lhe disse, em hebraico: Raboni (que quer dizer Mestre)!” (João 20:16)
Que alegria, caramba!
Mas agora congele essa imagem em sua mente e pense comigo.
Para fins didáticos, vamos fazer uma distinção entre crença e fé. A crença necessita de uma constatação, a fé não. A crença exige que se “veja”, enquanto a fé espera confiando que vai ver.
“Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram.” (João 20:29)
“Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem.” (Hebreus 11:1)
Tomé teve “crença”, os heróis da galeria de Hebreus 11 tiveram “fé”.
Descongele a imagem lá de cima. Maria Madalena teve crença ou fé? O que você acha?
Imagine-se na cena. Penso que se lá estivéssemos sabendo o que sabemos hoje, teríamos fé e esperaríamos para ver o Senhor ressurreto por ali! Isso altera a forma de você comemorar a Páscoa esse ano?
Caríssimo,
ResponderExcluirSem dúvida é uma reflexão que vai fazer minha Páscoa diferente da do ano passado.
Acredito que Jesus não deixa de ser um "jardineiro", aquele que cuida das suas flores, do seu jardim. Assim como a do pastor, a metáfora do jardineiro serve bem para Jesus...
A diferença é que Jesus Pastor conhece suas ovelhas pelo nome, assim como Jesus Jardineiro também conhece suas flores pelo nome.
Madalena o reconhece após Ele tê-la chamado pelo nome.
Mais uma vez "ver" a Jesus transcende a mera capacidade visual. É a experiência de ser chamado por Ele pelo nome, de "partilhar" com Ele (como em Emaús), compartilhar, é que nos reforça a capacidade de vê-lo e ter fé nele.
Muita Paz e feliz florida Páscoa,