Quando nós (uma voluntária e eu) entramos em um quarto do HC-UNICAMP, vimos que o paciente do leito "A" estava chorando. Imagine a cena: um senhor de mais ou menos 60 anos, preso a uma cama de hospital e chorando. Logo que nos aproximamos, a voluntária falou:
- Não chora, é bobagem chorar, pois não vai resolver nada.
Na hora eu retruquei:
- Mas, por que não chorar? Nós não sabemos o motivo de ele chorar! E, voltando-me para o paciente já emendei: - Se o senhor quiser me contar a razão da sua tristeza, eu posso até chorar junto.
Depois que ele se recompôs enxugando as lágrimas, assoando o nariz e se sentando, aquele triste homem nos contou o motivo do choro:
- Eu tenho uma neta de quase 2 anos. Ela mora na minha casa e como eu sou aposentado, fico com ela todos os dias o dia todo. Como estou internado há 2 meses, não agüento mais de saudades!
Um grande amigo meu, o Marcão, tem duas filhas, as quais me adotaram como avô: são minhas netas "postiças". Na época em que isso que estou contando aconteceu, a mais velha delas, a Letícia (que era única ainda), estava com 2 anos e eu tinha uma foto dela comigo. Aí não tive dúvidas, mostrei a foto dela para o paciente.
Como se fosse um "pistoleiro", ele também "sacou" a foto da neta dele. Na hora ficou claro que a minha neta era muito, mas muito mesmo, muito mais bonita do que a dele! E as gracinhas que ele contava que a neta dele fazia não chegavam nem aos pés das gracinhas da Letícia que eu contava!!
Só que ele devia estar tão debilitado pela doença que não percebeu isso. Ele chegou a pensar que era justamente o contrário. Coitado!!
Gastamos um bom tempo discutindo isso. Na hora em que eu estava saindo para irmos embora, ele falou:
- O senhor com certeza não veio aqui para ficarmos falando das nossas netas. O senhor queria falar algo?
- É verdade. Eu vim para falar de Jesus.
- Que bom!! Eu sou evangélico ...
E a partir daquele momento tivemos agradabilíssimos momentos de comunhão. Já no corredor eu pude ensinar para aquela voluntária que o princípio é "chorar com os que choram".
Nós temos a tendência, acredito que até certo ponto natural, de nos distanciarmos e rejeitarmos toda e qualquer tristeza. Só que ao fazermos isso, fugimos da tristeza e ao mesmo tempo dos que estão tristes!
Uma paciente do HC me contou que rescreveu o seu diário eliminando todos os episódios tristes. Eu a convenci a voltar e continuar com o velho diário completo somente com uma pergunta: "o que seria dos grandes navegadores se não houvessem tempestades?"
A vida cristã nem sempre é alegre, como dão a entender certos corais evangélicos cujos maestros que, com um sinal ordenam aos cantores que sorriam. A vida cristã tem momentos preciosíssimos de tristeza, e nessas horas, na maior parte das vezes, chorar é bom, é terapêutico. E se tiver alguém para chorar junto, é melhor ainda.
- Não chora, é bobagem chorar, pois não vai resolver nada.
Na hora eu retruquei:
- Mas, por que não chorar? Nós não sabemos o motivo de ele chorar! E, voltando-me para o paciente já emendei: - Se o senhor quiser me contar a razão da sua tristeza, eu posso até chorar junto.
Depois que ele se recompôs enxugando as lágrimas, assoando o nariz e se sentando, aquele triste homem nos contou o motivo do choro:
- Eu tenho uma neta de quase 2 anos. Ela mora na minha casa e como eu sou aposentado, fico com ela todos os dias o dia todo. Como estou internado há 2 meses, não agüento mais de saudades!
Um grande amigo meu, o Marcão, tem duas filhas, as quais me adotaram como avô: são minhas netas "postiças". Na época em que isso que estou contando aconteceu, a mais velha delas, a Letícia (que era única ainda), estava com 2 anos e eu tinha uma foto dela comigo. Aí não tive dúvidas, mostrei a foto dela para o paciente.
Como se fosse um "pistoleiro", ele também "sacou" a foto da neta dele. Na hora ficou claro que a minha neta era muito, mas muito mesmo, muito mais bonita do que a dele! E as gracinhas que ele contava que a neta dele fazia não chegavam nem aos pés das gracinhas da Letícia que eu contava!!
Só que ele devia estar tão debilitado pela doença que não percebeu isso. Ele chegou a pensar que era justamente o contrário. Coitado!!
Gastamos um bom tempo discutindo isso. Na hora em que eu estava saindo para irmos embora, ele falou:
- O senhor com certeza não veio aqui para ficarmos falando das nossas netas. O senhor queria falar algo?
- É verdade. Eu vim para falar de Jesus.
- Que bom!! Eu sou evangélico ...
E a partir daquele momento tivemos agradabilíssimos momentos de comunhão. Já no corredor eu pude ensinar para aquela voluntária que o princípio é "chorar com os que choram".
Nós temos a tendência, acredito que até certo ponto natural, de nos distanciarmos e rejeitarmos toda e qualquer tristeza. Só que ao fazermos isso, fugimos da tristeza e ao mesmo tempo dos que estão tristes!
Uma paciente do HC me contou que rescreveu o seu diário eliminando todos os episódios tristes. Eu a convenci a voltar e continuar com o velho diário completo somente com uma pergunta: "o que seria dos grandes navegadores se não houvessem tempestades?"
A vida cristã nem sempre é alegre, como dão a entender certos corais evangélicos cujos maestros que, com um sinal ordenam aos cantores que sorriam. A vida cristã tem momentos preciosíssimos de tristeza, e nessas horas, na maior parte das vezes, chorar é bom, é terapêutico. E se tiver alguém para chorar junto, é melhor ainda.
Caro Chico,
ResponderExcluirO "chorar junto" muita vez se traduz em ouvir, com cara triste, sentida, o que o outro tem a dizer sobre suas tristezas. Há os que não conseguem chorar, mas conseguem ouvir até o fim uma narração triste e, em seguida, dizer algo que mostre que sentiu e que irá orar por aquele a quem acabou de ouvir. Não deixa de ser uma forma de "chorar", pois houve um sentimento de pesar pelo outro, que sofre.
Um abraço.
aposto que qdo.vc saiu do quarto, o outro avô disse: tadinho do pastor, ele é bonzinho mas a neta é tão feinha!!!!
ResponderExcluirTô,
ResponderExcluirnunca mostre a foto da Laura, senão os pacientes morrem de vez...
beijos lê