segunda-feira, 15 de junho de 2009

ÀS ORDENS


Nesse fim de semana fiz um exercício, primeiramente sozinho e depois com alguns jovens na Escola Bíblica Dominical. Foi um exercício de contemplação.
Primeiramente recordamos biblicamente o episódio em que Jesus lavou os pés dos discípulos (João 13). Imaginamos a mesa, que na época era rente ao chão, pois ainda não havia cadeiras. Em pensamento construímos a cena de Jesus e os discípulos reclinados e comendo. Calculamos como deveriam estar os pés daqueles homens, pés grosseiros e sujos de tudo o que havia pelos caminhos de lá. Imaginamos Jesus se preparando e começando a fazer aquele serviço que era atribuição dos servos.
Recapitulamos as palavras do Senhor e especialmente as de Pedro: “Quando chegou perto de Simão Pedro, este lhe perguntou: —Vai lavar os meus pés, Senhor? Jesus respondeu: —Agora você não entende o que estou fazendo, porém mais tarde vai entender! —O senhor nunca lavará os meus pés! —disse Pedro. —Se eu não lavar, você não será mais meu discípulo! —respondeu Jesus. —Então, Senhor, não lave somente os meus pés; lave também as minhas mãos e a minha cabeça! —pediu Simão Pedro. Aí Jesus disse: —Quem já tomou banho está completamente limpo e precisa lavar somente os pés. Vocês todos estão limpos, isto é, todos menos um. Jesus sabia quem era o traidor. Foi por isso que disse: 'Todos menos um'.” (João 13:6-11 NTLH)
“Tomar banho” podemos entender como a salvação, e “lavar os pés” como o perdão diário. Observe que Jesus também lavou os pés de Judas Iscariotes!
Feita essa parte, passamos a imaginar cada um a si mesmo “dentro da cena”. Eu perguntei: “Do lado de quem você gostaria de estar?”. Eu gostaria de ficar ao lado de Pedro. Não sei dizer porque, acho que só simpatia.
Depois disso ficamos pensando em Jesus acabando de lavar os pés de um deles e se posicionando para lavar o nosso! Que sentimentos isso nos inspiraria? Vergonha por ver o Senhor fazendo o que “eu” deveria fazer, desconforto, vergonha e constrangimento por ter o Filho de Deus nos servindo, foram esses os sentimentos apontados por nós.
Tá. Mas que reação teríamos diante disso. O que concluí de mim é que, conhecendo Jesus como conheço hoje, eu choraria.
Você não?

2 comentários:

  1. Em seu livro espetacular "O corpo e seus símbolos" (Vozes), Jean-Yves Leloup, filósofo, psicólogo, teólogo e padre ortodoxo francês, chama a atenção para a simbologia dos pés na nossa linguagem corporal: simboliza a origem, o que se tem de estruturante. Muitos são os personagens que têm nos pés sinais de sua fragilidade original: Édipo, Hefesto e Aquiles na tradição grega, Esaú (que nasce com Jacó "no seu pé"), o ídolo dos pés de barro de Daniel (Dan 2, 31ss), Mifiboset, o filho manco de Jonatas (II Sam 4, 4ss) na tradição bíblica, entre outros. Dessa forma, sendo que João escreve para cristãos e faz questão de fazer distinção com o judaísmo, podemos interpretar também a passagem como Jesus "cuidando", refrescando os pés, a origem judaica dos discípulos, mas deixando bem claro que de agora em diante são novos os caminhos a serem trilhados... Jesus aceita mas se diferencia na narração de João. Já com relação à reação de estar no lugar dos discípulos e ter o pé lavado por Jesus acho que me sentiria estonteantemente honrado e feliz, pois acredito que Jesus estaria demonstrando que aceita, cuida, trata minha natureza humana imperfeita, me aceita como eu sou... dá para ficar meio doido só em pensar.

    Paz, caríssimo Xyko, nos encontramos no casamento na quarta, mas não deu para nos encontrarmos no HC na última sexta...

    Até o café da Célia,

    Venâncio

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  2. Caro Venâncio, seu comentário saiu melhor do que o meu texto. Obrigado.
    E não é "o" café da Célia mas sim "O" café da Célia.
    Um abraço, Xyko.

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