quinta-feira, 4 de junho de 2009

PONHA-SE NO LUGAR DESSA MULHER


O que vou contar aqui é um caso real, do qual fiquei sabendo quando essa mulher acompanhou o marido que teve que ser internado ali no HC-UNICAMP. Essa senhora, cujo nome é Eimi, vivia muitíssimo bem com o marido, os dois filhos e a caçula.
A vida não era fácil. Ela se desdobrava para fazer com que o pouco dinheiro que o marido deixava para as despesas fosse bem aproveitado, e o primeiro critério usado era primeiro as crianças e depois o marido. Na maior parte das vezes a Dona Eimi ficava, por exemplo, sem comer a mistura nas refeições para que o marido e os filhos pudessem repetir.
Os filhos andavam vestidos com simplicidade, mas não lhes faltava nada. Ela não sabia o que era uma roupa nova há dez anos, e se vestia com o que lhe dava sua irmã, do que não usava mais. Ou então remendava, roupas e até sapatos! Já o marido fazia uma coisa que só mais tarde ela veio a entender: ele fazia questão de sempre estar bem arrumado, com roupas e calçados modernos e muito perfume. Ele dizia que era o único luxo e prazer que ele se permitia, então ela se calava.
Quando os filhos estavam próximos da adolescência, o marido trouxe um dia uma moça de 16 anos para almoçar. Falou que ela era colega de trabalho na loja em que ele trabalhava. Naquele dia a Dona Eimi ficou sem comer a mistura. Na realidade ela até perdeu o apetite ao ver como o marido olhava e sorria para a “colega”. Naquela época ele começou a chegar mais tarde em casa, e quando chegava, afirmava que estava tão cansado de trabalhar que não queria nem jantar, só dormir.
Não demorou muito e ele, em uma sexta-feira no fim da tarde, entrou em casa, foi para o quarto, começou a pegar suas coisas e disse que ia morar com a tal da menina. E foi.
Além da dor da traição e do abandono, a Dona Eimi teve que começar a trabalhar como doméstica para sustentar os filhos, pois o marido sumiu e não dava notícias. Com muitíssima luta ela criou os três filhos, que se formaram na faculdade e se casaram. Nesse meio tempo ela se converteu e se tornou membro de uma igreja evangélica.
Um dia ela foi procurada pelo mais filho velho que lhe veio falar em nome dos três. O pai lhes enviara uma carta na qual contava que estava muito doente, de cama, já não podia mais andar, e que a companheira dele o abandonara por causa disso e fugira com outro mais jovem.
Os filhos queriam trazê-lo para a casa dela para ela cuidar dele. A princípio a Dona Eimi disse não, mas quando os filhos a ameaçaram de não mais falarem com ela, aceitou. Perdoou-o, recebeu-o em casa, e como os filhos não a ajudavam de forma alguma, ela é que dava banho no ex-marido, e com sua exígua pensão lhe comprava os remédios (e não comprava nem roupas nem sapatos para si), dava-lhe comida (ficava sem a mistura, que era dele) e assim fez até ele ser internado e morrer.
No dia em que isso aconteceu, eu falei com ela. A Dona Eimi disse que estava em paz com ela mesma e com Deus.
“Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas.” (Mateus 6:14-15)

2 comentários:

  1. Nussa deve ter sido bastante complicado para dona Eimi cuidar de quem um dia a abandonou, Mas com certeza ela foi uma bem aventuradaa.Me fez lembrar de uma passagem na biblia que diz: Que bem fariamos se amar quem nós ama? quem nos faz bem? Devemos ser diferente amar quem nos faz sofrer, ajudar aquele q nao nos ajuda...

    Linda historia...um Bom exemplo para nós seguirmos.

    Abraços Débora

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  2. Um mestre passava sobre uma ponte com seus discípulos quando viu um escorpião na água se afogando. Imediatamente entrou na água e tentou tirar o animal de lá. Ao fazer isso o escorpião lhe deu uma dolorida ferroada, mas o mestre continuou e o tirou da água mesmo assim. Ao ser perguntado porque teria feito isso com um animal tão traiçoeiro, o mestre respondeu: "A natureza do escorpião é dar ferroadas, minha natureza é outra e não depende daquilo que os outros fazem..."
    Acredito que somos tentados à vingança, ao "bateu, levou", mas somos desafiados a superar tudo isso, não é fácil... fiquemos com o exemplo da D. Eimi.

    Paz,

    Venâncio

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