segunda-feira, 13 de julho de 2009

DEUS ODEIA O DIVÓRCIO


Eu estava brincando com algumas crianças no pátio da Pediatria do HC-UNICAMP quando me avisaram que uma paciente lá do quinto andar queria que eu fosse vê-la. É claro que fui.
Quando a vi não a reconheci. Emagrecida, pálida, fraca e falando meio atrapalhado devido a um AVC que teve, só depois que ela se identificou é que me lembrei dela. Há cinco anos eu não a via.
Nosso último contato foi quando, ali mesmo no hospital, ela me pediu uns conselhos sobre o seu casamento. Essa senhora, que deve ter uns 40 e poucos anos, me disse o seguinte: “Me lembro direitinho o seu empenho em manter meu casamento, mas eu resolvi não seguir seus conselhos. Hoje estou divorciada”.
Não sei lhes dizer se essa foi a melhor opção para sua vida, mas estou contando esse episódio para mostrar algumas coisas.
Primeira: em caso de grave crise conjugal, devemos sempre procurar acertar os relacionamentos para impedir o divórcio. Essa deve ser nossa primeira providência. Por que? Veja esse versículo a seguir: “Pois o SENHOR Todo-Poderoso de Israel diz: —Eu odeio o divórcio; eu odeio o homem que faz uma coisa tão cruel assim. Portanto, tenham cuidado, e que ninguém seja infiel à sua mulher.” (Malaquias 2:16 NTLH)
Eu acredito firmemente que se os dois quiserem fazer a vontade de Deus, por pior que seja a situação, sempre é possível salvar um casamento.
Mas há casos em que um dos cônjuges não quer. Então ...
Segunda coisa: eu creio na possibilidade de uma pessoa, que quis fazer a vontade de Deus e contra a sua vontade é divorciada, eu creio que é possível ela ser feliz e, dependendo do caso, até ter um segundo casamento (se é que consideraríamos o primeiro como um casamento).
Essa e a primeira de uma série de reflexões sobre esse assunto.
A propósito: muitas das crianças com as quais eu estava brincando no pátio da pediatria, além da doença física que as levou à internação, sofrem de um mal talvez maior: seus pais são divorciados.

4 comentários:

  1. Uma antropologia mais moderna tem mudado a visão tradicional de que o casamento é encontrar a "cara-metade", a outra "metade da laranja" ou a "tampa da panela". Essa mentalidade complementar tem sido superada, hoje se acredita que no casamento são duas "pessoas completas", duas "identidades maduras e formadas" que se comprometem (compromisso - viver uma missão juntos) a viver em "conjugalidade" (con - junto e jugo - canga, aquilo que une a junta de bois), em companheirismo (companheiro, literalmente comer o pão juntos). Esse é o grande desafio, viver na mesma conjugalidade duas individualidades diferentes, dois desejos, duas percepções de mundo, duas histórias de vida... é um desafio tão grande que acredito que somente com a espiritualidade e a fé o ser humano pode superá-lo parcialmente. Parcialmente, pois é a "tensão" da diferença que acaba nos mantendo unidos e o sentido comum de duas vidas é que vai construindo a história do casal...

    Paz,

    Venâncio

    PS - o seu blog já tem 24 seguidores, parabéns!!!

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  2. Chico,

    A escolha que fazemos antes do casamento (amar a Deus de todo o teu coração ) é mais importantante que o casamento em si . Depois fazer a segunda escolha, é uma questão de tempo.

    Em paz

    Romulo.

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  3. Caro Venâncio. Esse negócio da individualidade no casamento dá o que pensar (e em alguns casamentos, dá o que falar!). Vi uma cerimônia em que os noivos se encaminhavam cada um para um lado do altar, apanhavam cada um uma vela que ali estavam acesas, e juntos acendiam uma terceira, maior, que estava apagada no centro, e CADA UM APAGAVA A SUA!!! Isso obviamente simbolizava que eles deixavam de ser dois para ser um. Só que ninguém se anula ao casar. Quando casamos levamos TODA a nossa "bagagem".
    Concorda?
    Abração, Xyko.

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  4. Caro Xyko, concordo plenamente.
    Creio que nisso está o enorme desafio do casamento: a "tensão" entre manter cada um sua individualidade (sem cair no individualismo egoísta) e construir uma unidade (sem cair numa "fusão", ou pior, numa "confusão" de identidades). A metáfora do equilíbrio entre as forças centrífugas e centrípetas da natureza, que mantem a integridade desde os átomos até o sistema solar, serve bem para ilustrar a idéia. Esses sistemas não devem ser "egocêntricos", ou "filhocêntricos", ou ainda "patrimoniocêntricos", com vemos com muita frequência, eles devem ser "Cristocêntricos", vale dizer, centrados em Cristo que é o Amor.
    E por falar em bagagem, talvez um bom exercício para os recém-casados seja brincar de fazer a mala juntos. Cada um abre a sua mala que traz de casa (seus valores) e separa aquilo que vai levar na mala única que fará com o seu cônjuge. É parecido com fazer a lista dos convidados para o casamento, sempre dá briga, mas acaba sendo um bom exercício de boa vontade...

    Paz,

    Venâncio

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