Li um livro muitíssimo interessante. Chama-se “DEPOIS DAQUELA VIAGEM”, de Valéria Piassa Polizzi (editora Ática). É o relato do drama da autora desde que ficou sabendo que contraiu o vírus da AIDS durante uma relação sexual feita sem a camisinha. Antes de comentar alguns aspectos desse livro, quero compartilhar algumas idéias a respeito do assunto que me vieram à mente durante a leitura (diga-se de passagem, fácil e gostosa) das aventuras e desventuras da autora.
Há algum tempo atrás um amigo meu, que na época trabalhava em uma firma que é grande fabricante de preservativos, me contou que quando o governo divulga alguma campanha para combater e prevenir a AIDS, as vendas de camisinhas sobem e muito. Se o governo deixa de vincular a tal campanha, as vendas diminuem consideravelmente.
Com certeza você já teve a oportunidade de ver uma dessas propagandas ou na televisão ou mesmo nos jornais, nas quais a ênfase é sempre no uso da camisinha. É, por exemplo, um pai perguntando ao filho antes de o rapaz sair, se ele está levando o preservativo. Note que nada é falado sobre relações sexuais ilícitas e fora do casamento. Tem uma até que alerta as mulheres a terem uma conversa séria sobre o assunto com o próprio marido. Podemos dizer com certeza que as campanhas do governo não são imorais, elas são amorais. Essas propagandas não objetivam ensinar o que é certo e aceitável em termos de relacionamento sexual e muito menos o que é imoral. Elas visam somente orientar as pessoas a não contraírem o vírus da AIDS. Só que tem um detalhe: A camisinha não é 100% garantida! A abstinência sexual para os solteiros e a fidelidade conjugal (para quem é casado) é totalmente garantida na prevenção à AIDS. Note que até a informação amoral do governo não contém toda a verdade! Ela também não é confiável!!
Algumas perguntas: é obrigação do governo ensinar moral para o povo? É obrigação do governo zelar pelos bons costumes?
O povo não votaria em um candidato ao governo se soubesse que o mesmo é imoral (note como nas campanhas eleitorais os candidatos procuram explorar os “podres” dos adversários), mas não acataria a orientação moral de um governo já eleito.
A responsabilidade de ensinar a moral é nossa, isto é, dos cristãos.
Por que? Porque não podemos ficar esperando o governo fazer uma coisa que nós mesmos podemos fazer! As pessoas precisam saber o que sabemos (e que é tão precioso!), se não, ficam como a Valéria do livro que eu li. Para tanto, nós precisamos ter autoridade para falarmos, ensinarmos e sermos respeitados, isto é, precisamos primeiramente vivermos aquilo que pregamos, precisamos provar com a nossa própria vida que os princípios morais contidos na BÍBLIA são válidos e 100% garantidos!
Deixe-me compartilhar uma idéia de um dos capítulos que mais gostei. O capítulo tem como título “Todo mundo devia subir no Empire State Building” e ali há o relato do dia em que ela foi visitar esse que já foi o maior edifício do mundo, com mais de cem andares. Olhando para baixo ela pôde constatar que lá de cima não era possível se enxergar as pessoas que transitavam pela rua. Ao olhar para cima e ver o céu ela questionou se DEUS, “lá de cima”, estaria vendo o que se passa aqui na terra. Indo direto ao “xis” da questão, será que DEUS é sensível ao que acontece de ruim a cada um de nós? A Bíblia diz que sim: “O que fez o ouvido, acaso, não ouvirá? E o que formou os olhos será que não enxerga?” Claro que sim!! E além de a Bíblia afirmar isso, eu o tenho experimentado todos os dias, desde que me converti!
O trabalho de Capelania que realizamos lá no hospital, já me proporcionou a oportunidade de acompanhar alguns portadores do HIV até a sua morte. Algumas dessas pessoas me deixaram tranqüilo quanto ao seu destino eterno (foram direto para o céu, pois entenderam a obra de CRISTO por eles e se entregaram aos cuidados divinos), enquanto que outros negaram-se até o último instante a ter um relacionamento pessoal com DEUS. Precisamos trabalhar mais para orientarmos as pessoas espiritual e moralmente antes que elas se contaminem.
Caro Xyko,
ResponderExcluirSem querer polemizar, gostaria de fazer uma diferenciação entre os conceitos moral e ética (nem todos aceitam essa diferenciação, mas acredito ser a mais razoável). Moral são os costumes aceitos por uma sociedade em determinado tempo e espaço. Quer queiramos ou não, a moral é variável histórica e geograficamente. Ética é mais a atitude, a vontade de fazer aquilo que se acredita que seja certo. Ética não muda com o tempo e lugar... moral sim, basta ver as regras morais do Levítico, por exemplo, e mesmo algumas orientações consideradas machistas de Paulo, só como alguns exemplos.
Jesus, por outro lado, deu a referência fundamental para a resolução desse problema: Ele ensinou a ÉTICA do AMOR... era assim que Ele resolvia as questões morais do seu tempo, tirando o sono do "moralistas" da época e até dos dias de hoje.
O que é certo ou errado deve passar por uma contextualização pessoal e coletiva, com referências familiares, religiosas, políticas e até interesses econômicos, como você mesmo apontou. É um "relativismo responsável", eu diria.
O que dá "autoridade" a Jesus e aos cristãos é viver o Amor. A própria palavra autoridade vem de autor, aquele que faz.
Já para o governo, são tantos os interesses, que talvez seja melhor mesmo ele não interferir tanto nas questões morais do povo. Ele deve ficar nas questões legais, e lei é apenas o limite aceitável de atitudes para a convivência.
Partir para a moralização seria aceitar e impor referências de um grupo sobre outros... talvez seja até mais fácil, mas não acredito que esteja de acordo com uma verdadeira proposta cristã.
Paz,