Não acredito em respostas prontas, estereotipadas e definitivas, mas em ser apenas um aprendiz, aprendendo sempre, num processo sem fim de aprender, desaprender e reaprender.
Não acredito em estratégias, modelos ou planos religiosos definidos e reproduzíveis, mas nas surpresas do dia a dia vivido na presença de Deus, no convívio familiar e comunitário.
Não acredito em projetos ministeriais importados e apostilados, mas no serviço simples, contínuo e discreto em favor dos pobres.
Não acredito em técnicas de evangelização, mas sim em pregar o Evangelho com a vida, e, quando necessário, usar palavras.
Não acredito no barulho e na agitação, mas sim no recolhimento e no silêncio.
Não acredito na busca de poder religioso para alimentar ambições pessoais, mas sim no poder que se aperfeiçoa na fraqueza.
Não acredito no que acontece sob os holofotes e é propagandeado, mas no imperceptível, no pequeno, no gesto simples do cotidiano.
Não acredito em lideranças personalistas, mas em servos anônimos que refletem a vida e o caráter de Cristo.
Não acredito num Evangelho explicativo, argumentativo, teórico, mas no Evangelho que me coloca em uma relação afetiva com Deus, comigo mesmo e com meu próximo.
Não acredito na linguagem da motivação e da autoajuda, mas na linguagem da intimidade que encontra espaço para afetividade e confidências.
Não acredito na teologia da prosperidade, mas numa teologia que gere quebrantamento, humildade, simplicidade e serviço desinteressado.
Não acredito em crentes bonzinhos e certinhos, mas em gente real que erra e se arrepende e não tem vergonha de se apresentar como pecador remido pelo sangue do Cordeiro.
Não acredito em oração que busca conforto pessoal, mas em oração que clama por santidade pessoal e luta por um mundo mais justo.
Não acredito em oração gritada em público com o intuito de chamar atenção sobre si, mas na oração no secreto onde ninguém vê e ninguém sabe.
Não acredito em testemunhos, livros e conversas de pessoas que se consideram vitoriosas em tudo e que nunca erram, mas em pessoas reais que se alegram e se entristecem, têm virtudes e defeitos.
Não acredito em práticas religiosas produzidas pela mente humana, mas naquelas que são fruto de uma intimidade com Deus.
Não acredito em igrejas de classe média voltadas para si mesmas e sem visão social, mas naquelas cujos recursos humanos e financeiros são disponibilizados para missões e para os pobres.
Não acredito que o marketing nos trará o Reino de Deus entre nós, mas em ações concretas na busca da justiça e da paz nas nossas cidades.
Não acredito em profecia que gera crentes infantilizados dependentes do profeta, mas em profecia que anuncia o juízo, gera quebrantamento e dependência de Deus.
Não acredito nos abraços e nos “eu te amo, meu irmão” instantâneos induzidos por pregadores, mas em abraços e amizades pessoais vividas no cotidiano, ao longo da vida.
Não acredito em adoração que se resume ao “louvorzão” do domingo dirigido por levitas, mas que glorificar a Deus é um estilo de vida de doação e santidade.
Não acredito em alguém que diz que ama a Deus e não tem amigos, mas naqueles cujos vínculos, afetos e amizades evidenciam que de fato são discípulos de Cristo.
Não acredito em discipulado que é mera doutrinação de conceitos e informações corretas, mas no discipulado que gera metanóia, arrependimento, mudança interior que se reflete nos gestos e atitudes do dia a dia.
Não acredito em um crescimento espiritual linear e progressivo, mas em um processo contínuo de aprender, desaprender e reaprender, sujeito a recaídas, crises e dúvidas.
Assim, não acredito que cheguei lá, que já tenho todas as respostas. Deus tem me dado graça e coragem para continuar nesta jornada sem volta, distanciando-me cada vez mais da minha natureza caída em direção à perfeita estatura da varonilidade de Cristo. Quanto mais avanço, mais distante fico do meu ponto de partida – meu “eu” caído, e mais me aproximo de onde quero chegar: tornar-me à semelhança de Cristo.
Caríssimo,
ResponderExcluirFrente a um texto como este... somente o silêncio contemplativo!
Acabei de ver um filme que retrata algumas das verdades contidas nestas palavras, "Homens e Deuses". O filme conta a história verídica de 9 padres franceses na Argélia, perseguidos pelos fundamentalistas muçulmanos. Mas o que mais me impressionou foi a maneira como esses padres viviam. Eles pregavam o evangelho através de suas vidas, servindo às pessoas, sofrendo com elas,identificando-se com elas. Creio que é isso que podemos chamar de missão integral. Mesmo tendo suas vidas ameaçadas eles rejeitam combater a violência pela violência. "Somos a comunidade do Príncipe da paz e não queremos armas para nos defender", diz um deles. Outras coisas chamam a atenção no filme, por isso, quem ainda nao viu procure assistir porque vale a pena!
ResponderExcluirHeloisa
Chico,
ResponderExcluirUm texto que nos inspira a viver mais e falar menos, em dirigir nosso olhar mais para Deus e menos para o que querem nos mostrar como imagem de Deus.
Muito obrigada por esta oportunidade.
Célia