Conheço alguns pais que se sentem orgulhosos quando percebem que sua mulher e seus filhos teem medo deles, dos próprios pais.
Estou escrevendo isso porque passei o último fim de semana meditando no trecho seguinte:
“No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor.” (1 João 4:18)
Acredito que o inverso verdadeiro disso é: “No amor existe respeito; o respeito produz paz; logo, o que respeita o outro é aperfeiçoado no amor”.
Ainda outro dia a Denise me perguntou como fazer para convenser os pré-adolescentes (juniores) da nossa Igreja, que estão estudando o Apocalipse, de que todas as tragédias descritas ali e que hão de vir para os rebeldes, não devem ser a motivação maior para querermos ir para o céu. Respondi que eles precisam saber, primeiro, do infinito amor que Deus tem por nós, e posteriormente, amá-Lo acima de tudo. (Ela observou então que, ao envelhecer, fiquei mais amoroso. Que bom!).
Observe:
“Nós amamos porque ele nos amou primeiro.” (1 João 4:19)
“Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16)
Quem e como você ama?
Quem e como ama você?
Você tem medo de alguém? Você teme alguém?
Note que ter temor (cuja definição é “confiar reverentemente”) é diferente de ter medo.
PARA REFLETIR:
“Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim; e quem não toma a sua cruz e vem após mim não é digno de mim.” (Mateus 10:37-38)
Caríssimo,
ResponderExcluirQue reflexão profunda...
Eu gosto de pensar que o amor é um sentimento muito complexo, sua definição depende inclusive da idade e desenvolvimento cognitivo da pessoa (por isso mesmo acredito que refletir o Apocalipse com crianças - você sabe que não gosto muio do termo "pré-adolescente" - é muito complicado para a cabeça deles).
Quando crianças, nosso sentimento pelos outros é de carência, necessidade (fome, sede, proteção) e o objeto desse sentimento é simbolizado pela mãe... por isso mesmo quando ele nos falta acarreta privação e sofrimento. Daí o "medo" associado à essa forma infantil de amor.
Conforme crescemos um pouco, passamos a desenvolver nossa autonomia (mais do que simplesmente liberdade), nossa capacidade de viver em sociedade e lidar com suas regras e "leis". Nossa relação com a autoridade (no fundo ainda a figura dos pais), relação afetiva amor-ódio, nos leva a conhcer o "castigo", o que tende a reforçar os sentimentos de medo.
Ao superarmos esses estágios, começamos a entender um pouco o que é realmente o AMOR...
Talvez um sentimento que se torna independente daquilo que vem de fora, um sentimento que vem mais da completude do que da carência...
Enfim: um mistério, um grande mistério...
Muita Paz,
Estou começando a ler um livro escrito por um rabino que fala exatamente sobre isso. O título do livro é bastante sugestivo, "Quando tudo não é o bastante", e foi escrito por Harold Kushner.
ResponderExcluirVeja o que ele diz: "O 'temor a Deus' não significa ter medo de Deus,mas sim admiração e reverência. O medo é uma emoção negativa, constrangedora, que nos faz fugir do que o causa,sentir raiva ou ressentimento do que nos assusta ou de nós mesmos, por nos sentirmos vulneráveis. Obedecer a Deus por medo é servi-lo de má vontade, com apenas uma parte de nós".
"No amor não existe medo, antes, o perfeito amor lança fora o medo" (1 Jo 4.18).
Como bom cristão, não tenho medo de nada.
ResponderExcluirEm compensação, eu oro muito. Não com superstição, como muitos que vivem fazendo o sinal da cruz, mas para me manter em contato com Deus.
A PAZ, EZEQUIEL DA SILVA.
Caro Xyko,
ResponderExcluirÀs vezes aparecem certos comentários aqui no seu blog que eu penso que não deveria levar a sério, mas tem hora que não dá...
Desde Aristóteles, quatro séculos antes de Cristo, entende-se VIRTUDE como o meio termo entre dois vícios. Na sua obra Ética à Nicômaco, o referido filósofo diz que a virtude da coragem é exatamente o meio termo entre os vícios da covardia e da temeridade... e temeridade é exatamente não ter medo de nada...
Já o Sinal da Cruz é uma tradição que remonta o segundo século da era cristã. O cristão fazia o movimento de tocar a testa, depois o peito, o ombro esquerdo e o ombro direito, depois volta a tocar o peito ou a boca. Com os toques relembra-se a unção pós-batismal (testa) e a pré-batismal (peito), ou seja o rito sacramental de iniciação (Batismo) que torna a pessoa um cristão. Os toques nos ombros significam a totalidade, que se é cristão por inteiro, e o quinto toque significa as chagas de Cristo e a vontade e convicção de participar de sua Paixão e Ressurreição.
Na Igreja primitiva fazer o Sinal da Cruz (ou persignar-se) passou a ser um sinal para diferenciar os cristãos dos judeus, principalmente após o ano 100, quando os judeus excomungaram os cristãos no concílio de Jamnia. Nas perseguições aos cristãos nos primeiros séculos, persignar-se era um ato de extrema coragem, que podia representar prisão e martírio. Com algumas variações, as igrejas tanto ocidentais quanto orientais preservaram essa tradição bimilenar, o que não aconteceu com a maioria das igrejas protestantes.
É considerado sinal do batizado e é utilizado em geral em orações, purificações ou bençãos. Conforme o costume, às vezes é usado quando se ouve uma blasfemia, ao entrer ou sair ou passar frente a um templo ou ícone sagrado, ao se empreender algo arriscado, etc.
O movimento em geral é acompanhado da fórmula: "Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, amém."
Portanto, considerar toda a história e tradição que acompanham a persignação como simplesmente superstição é sinal de ignorância, ou talvez desrespeito aos valores e tradições dos outros... devemos ter um mínimo de sensibilidade, principalmente quem se intitula "bom cristão"...
Desculpe o desabafo,
Olá, meninos!
ResponderExcluirAgradeço tanto o texto do Chico como o comentário do Venâncio. Que lindo, como enriquece quem lê!
Sobre o sinal da cruz, que nós católicos fazemos, o sentido do gesto expressa sempre uma realidade maior, que vai além do olhar.
Lembro-me de quando víamos tantos irmãos evangélicos com a Bíblia debaixo do braço e ficávamos sempre em dúvida sobre se ela era lida ou apenas carregada como um sinal.
Ou seja, o desconhecimento gerava e alimentava o preconceito.
Hoje eu carrego minha Bíblia para todos os lados e sei bem como a utilizo.
Sonho com um dia em que as pessoas deixarão o preconceito de lado e poderão olhar uns aos outros com serenidade e respeito.
Beijos
Célia